Dentro da sala de aula, um aluno perguntou:
– Professor, por que devo estudar matemática?
O adolescente já esperava uma resposta protocolar, do tipo: “pra passar de ano e, depois, entrar na faculdade”.
Aquele orientador, no entanto, o surpreendeu com uma afirmação incomum:
– Você deve estudá-la porque é bela. E, com ênfase, acentuou: – Muito bela!
Esse diálogo ficcional ilustra perfeitamente o espírito pedagógico do personagem que abre o 5º episódio do Brasil Cultural.
Desde 2013, o país comemora, a cada 6 de maio, o Dia Nacional da Matemática. A data escolhida é uma referência ao aniversário do professor Júlio César de Mello e Souza, nascido em 1895, no Rio de Janeiro.
Utilizando-se de um heterônimo árabe – Malba Tahan –, o mestre escreveu as aventuras de um sábio geômetra que apresentou a gerações de brasileiros a ciência das formas, dos números e das grandezas. O “Homem que Calculava” chegou à 100ª edição com a mesma elegância, para transmitir, em termos literários, a arte de gênios como Pitágoras, Galileu e Newton.
A matemática pura abre caminhos para realizações no mundo concreto. Neil Armstrong só pôde tocar o solo da Lua porque, um dia, babilônios, egípcios, indianos e árabes deram início à investigação das estrelas. A história das civilizações demonstra que o conhecimento se acumula, em constante intercâmbio entre os povos, até atingir o seu zênite.
No século XXI, o mundo, atônito, acompanha a evolução tecnológica da China. De onde vêm microchips, drones, trens-bala e carros elétricos, que põem a cultura milenar na dianteira do progresso?
Uma lista da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) ajuda a clarear a questão. De acordo com o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), realizado em 2022, as províncias de Macau, Taiwan e Hong Kong, no país asiático, estão entre as quatro melhores do mundo – à frente de todas as nações do planeta, com exceção de Singapura – quando o assunto é o conhecimento matemático.
Passado e presente se unem para comprovar o que, um dia, disse o ex-ministro da Educação da França, Victor Duruy: “a matemática é a chave de ouro que abre todas as ciências.”
E, com a devida permissão, o Brasil Cultural acrescenta: abre também as portas do desenvolvimento econômico, industrial e intelectivo, além de conferir autonomia política às nações.