Cartola: as flores do menestrel
Na juventude, o filho mais velho de Sebastião de Oliveira e Dona Aída Gomes exerceu a profissão de pedreiro. Para proteger os cabelos das gotas de cimento, o rapaz usava um chapéu de copa arredondada e aba curva. O adorno lhe rendeu o apelido que traduz, com singeleza, a classe de um menestrel: Cartola! O Brasil ganhava um poeta lírico que trazia, acima da cabeça, a lâmpada invisível dos gênios.
13/06/2025
|
08:20
compartilhar notícia
Ouça na íntegra:
Download
transcrição

“Nas favelas, não há portos nem aeroportos” – reza um antigo aforismo popular –, mesmo assim, armas sofisticadas chegam à localidade. A indústria bélica precisa escoar a produção e, estrategicamente, aponta seus interesses para os países mais pobres. A munição e o lenço são vendidos pelos mesmos interesses. O lucro está nas duas pontas: a que provoca o sofrimento e a das falsas indignações. Em meio ao caos, encontram-se os que se lamentam e choram.

O som da artilharia é estridente, desarmônico — assim como também o são os barulhos de certos espetáculos oferecidos ao povo. O mundo que assiste as explosões seguidas de incêndio, na Europa e no Oriente Médio, clama por uma sonoplastia que o pacifique. Quando as guerras nas nações subdesenvolvidas se tornam insuficientes, os consórcios internacionais espalham o terror em solo pátrio.

A vida frenética e o desejo exacerbado de consumo vão minando a sensibilidade das pessoas, e a dor humana ganha o estranho adereço das estatísticas.

Em seu livro A República, Platão escreveu que “a música é o principal instrumento da educação, porque o ritmo e a harmonia penetram profundamente na alma”.

Em acordo com esse pensamento, o Brasil Cultural apresenta Cartola: as flores do menestrel.

Ricardo Walter

Créditos

Entrevista:

1) Crítico musical

Tárik de Souza, “De Lá Pra Cá” – TV Brasil (Youtube).
Cartola, "Cortes MpB" (Youtube).