Semente prodigiosa, nascida em meio ao povo, no reino dos césares. Latim vulgar sob o crivo dos eruditos.
As missões conquistadoras de Roma levaram-na à Península Ibérica. Em novo território, o idioma rústico foi envolvido nas experiências de iberos, celtas, romanos, judeus, árabes e germânicos. O ritual do encontro acresceu-lhe novas palavras. O grão diminuto se fez árvore, sustentada por raízes diversas.
No século XVI, Portugal singrou as águas do Atlântico à procura de riquezas, nos domínios de além-mar. Após 44 dias, a língua de Camões chegou à Bahia maternal. A face lusa do vernáculo se transfigurou. A ela, foram acrescidas as riquezas tropicais do tupi-guarani e a musicalidade das expressões africanas.
Com inteira justiça, ainda hoje, é chamada de “portuguesa”. Impossível seria lhe negar as origens e o DNA da latinidade. Mas, sem dúvidas, essa viajante do tempo foi abrasileirada.
Pedimos, aqui, licença ao acordo ortográfico que lhe facultou iniciais minúsculas. Por questão de reverência e estilo, o Brasil Cultural deseja grafá-la assim: Língua Portuguesa.
Crédito
Trecho da entrevista com o cantor e compositor Jorge Mautner:
"Expedição Sul: a Língua Portuguesa e a música – Oncotô", TV Brasil (Youtube).