Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Ipea, mostra que o Bolsa Família não desestimula o trabalho. Pelo contrário: ao garantir uma renda mínima de R$ 600 por domicílio, o programa permite que beneficiários recusem empregos precários, marcados pela informalidade e pelos baixos salários — especialmente entre mulheres com filhos pequenos.
O estudo analisou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE, entre 2020 e 2023, e constatou que o aumento do valor do benefício não provocou migração para o trabalho informal. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, a saída do mercado se concentrou em ocupações precárias e informais, como serviços domésticos sem carteira ou trabalho familiar auxiliar.
Segundo os pesquisadores, mulheres, especialmente aquelas com crianças de até dez anos, da região Nordeste, do meio rural, e com baixa escolaridade são as que mais deixaram o mercado para cuidar de filhos e parentes.
A análise dos estudiosos do Ipea revela ainda que o desenho do Bolsa Família, que considera o número de pessoas que vivem no domicílio para a distribuição dos recursos, com prioridade para crianças e adolescentes, representa um avanço, “pois a concessão de benefícios variáveis por composição familiar após o piso corrige distorções e melhora a focalização em famílias maiores”.
Da Agência Rádio Gov, em Brasília, Lucilly Araújo