Segundo episódio: Dorival Caymmi, o amigo das marés
O Brasil Cultural desta semana apresenta o segundo e último episódio sobre a trajetória artística de Dorival Caymmi. Vamos juntos retornar à década de 1930, mais especificamente ao Rio de Janeiro, para contar a história do encontro entre o cancioneiro da Bahia e Carmen Miranda. O programa traz ainda uma entrevista exclusiva, pra lá de especial, com Danilo Caymmi. Vale a pena conferir.
03/10/2025
|
07:22
compartilhar notícia
Ouça na íntegra:
Download
transcrição

Ninguém conta uma história apenas com o personagem principal. De pequeno ou grande fôlego, as narrativas costumam pedir um contexto. Cenários, diálogos, movimentos e relações são imprescindíveis. Sem eles, não é possível emoldurar o que se quer dizer.

O primeiro episódio de “Dorival Caymmi, o amigo das marés” terminou com o cantor se despedindo da Bahia para, em breve tempo, desembarcar no Rio de Janeiro. O ano era 1938, e a Cidade Maravilhosa gozava do prestígio de ser a capital do país, o centro das convulsões políticas, o sonho dourado dos artistas e a sede da aclamada Rádio Nacional.

Muito antes das telenovelas, a praia de Copacabana e as noites cariocas já faziam a cabeça de músicos, atores, romancistas, pintores e poetas. O mundo da arte sabia que a oportunidade da fama morava ali, onde o mar, a montanha e a cidade se encontram.

Acostumado à vida simples da vila de pescadores em Itapuã, Caymmi chegou sem grandes pretensões. Trazia músicas e um violão, mas não desejava, com fervor, o estrelato. Carregava o talento do cancioneiro livre, do andarilho das ruas, do fazedor de versos bonitos, do melodista original. Ainda assim, queria só o pão de cada dia.

Os encontros, porém, deram-lhe muito mais do que o esperado. Aos 24 anos, o jovem cruzou o caminho de Carmen Miranda. A pequena notável ficou encantada logo que ouviu “O que é que a baiana tem?”. Não deu outra: quis ela mesma interpretar a composição à qual se afeiçoara. Decidida, levou o ritmo para o cinema. A escolha foi perfeita: o público adorou o que viu. Dorival, então, deixava de ser um desconhecido.

O retumbante sucesso poderia ter a duração de um relâmpago no firmamento. Caymmi, no entanto, tinha repertório. Fazia pinturas por meio das harmonias musicais. Com acordes e lirismo, seria capaz de fazer o beduíno nas areias do deserto imaginar as ondas do mar, tamanho era o transporte de imagens contido nas letras conjugadas à sua voz.

O Brasil Cultural poderia levar a crônica adiante, relatar a parceria com João Gilberto nos passos iniciais da Bossa Nova e contar trechos da entrevista exclusiva com Danilo Caymmi. Tudo isso é verdade, mas paramos por aqui.

O público está mais do que convidado a dar o play para ouvir o segundo episódio sobre a vida do homem que cultivou amizade com Jorge Amado e Tom Jobim.

Ricardo Walter