Belém mostra ao mundo a força da cultura popular
No último episódio da série, conheça as tradições que fazem de Belém um polo cultural: Círio de Nazaré, carimbó, tecnobrega, museus e muito mais
01/10/2025
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Reportagem: Maiva D'auria | COP30 Brasil
Locução: Bárbara Bezerra | COP30 Brasil

Repórter: Com uma identidade marcada por tradições populares, músicas e danças, Belém pulsa em ritmo próprio. No 3º e último episódio da série Belém para o Mundo, vamos apresentar algumas das expressões culturais mais marcantes da cidade.

O Círio de Nazaré é um dos eventos mais famosos. É a maior festa religiosa do Brasil e considerada o Natal dos Paraenses. Realizado em outubro, o Círio reúne milhões de pessoas pelas ruas da cidade. No ano passado, o público ultrapassou 2 milhões de fiéis. A festa já foi até declarada   Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco.

Manoel Campos é devoto de nossa senhora e fotografa o evento há 15 anos. Para ele, o Círio vai além de uma procissão tradicional. É a renovação de sua fé.

Manoel Campos: Eu vivo o Círio desde criança. Ver o Círio ser exposto ao mundo me traz a sensação de imensa alegria de ver que outras pessoas terão a possibilidade de conhecer o que ele proporciona: é a fé viva!

Repórter: Mas a fé não é a única força que move Belém. A música e a dança também ocupam um lugar central na cultura local. Dois ritmos  carregam a alma de Belém e animam a cidade e o mundo: o tecnobrega e a guitarrada. O tecnobrega mistura a música romântica com batidas eletrônicas. Já a guitarrada é marcada pelos solos de guitarra, combinando ritmos como carimbó, merengue, choro e até  rock.

E quando o assunto é dança o carimbó ocupa lugar de destaque. Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, mistura influências indígenas, africanas e europeias. Mulheres rodopiam em saias coloridas. É um cortejo alegre aos parceiros.

Mano Piu, artista popular e fundador do grupo Carimbó Parásileiros, já levou a cultura paraense à França e ao Chile, e segue firme na missão de fortalecer as raízes do carimbó e celebrar a identidade cultural do Norte.

Mano Pio: Mostrar a cultura de Belém para o mundo é uma oportunidade incrível de compartilhar a riqueza e a diversidade da nossa cidade. Belém é uma cidade que respira cultura. Tem uma culinária amazônica reconhecida internacionalmente, um artesanato único, festas tradicionais como o carimbó, a lambada e o brega, além de um povo acolhedor.

Repórter: Ele faz questão de destacar que a cultura do Pará é uma mensagem de alegria.

Mano Pio: Somos um povo acolhedor e hospitaleiro. Temos muito orgulho de quem somos: um povo que valoriza a nossa herança cultural e a conexão com a natureza. Acredito que a nossa cultura pode transmitir uma mensagem de esperança e amor aos turistas, mostrando que é possível viver em harmonia com o meio ambiente. Além disso, ela é uma celebração da diversidade e da inclusão.

Repórter: Ah, e ainda tem os museus e teatros  de Belém! O Theatro da Paz, por exemplo, foi a primeira casa de espetáculos construída na Amazônia. O edifício impressiona pela sua exuberância: acústica perfeita, lustres de cristal, piso em mosaico de madeiras nobres,  dezenas de obras de arte e elementos decorativos revestidos com folhas de ouro. 

O Forte do Presépio guarda  a história da fundação da cidade. O Museu da Gema revela a beleza das pedras preciosas e joias inspiradas nas tradições da Amazônia. O Memorial Amazônico da Navegação é um espaço que traduz características do ambiente amazônico e as atividades realizadas nos rios. Exposições de embarcações, algumas em tamanho real e outras em miniatura, objetos e fotografia  registram a relação da população local com a navegação, presente até os dias de hoje na cultura e na economia da região. 

Esse Memorial fica no Parque Zoobotânico Mangal das Garças, às margens do Rio Guamá.

Um espaço com 40 mil metros quadrados de natureza e cultura, que abriga o Farol de Belém, mirantes, borboletário e lagos repletos de aves e quelônios.

Quando o mundo inteiro voltar os olhos para a Amazônia, Belém estará pronta — com suas vozes, seus sabores, seus rios, suas lutas e sua gente — para mostrar que o futuro sustentável também tem sotaque do Norte.