29/07/10 Brasil cumpre exigências internacionais para combate à febre aftosa, destaca Ministro da Agricultura
O Brasil vem cumprindo as exigências internacionais para o combate à febre aftosa e pode auxiliar outros países da América Latina. A informação foi dada nesta quinta-feira, pelo Ministro da Agricultura, em entrevista ao programa Bom dia, Ministro.O ministro da Agricultura Wagner Rossi destacou que o Brasil recebeu o aval da Organização Internacional de Epizotias, OIE. O Ministro da Agricultura também falou sobre a liderança do país no comércio mundial, o financiamento para a próxima safra e as políticas agrícolas com foco na preservação do meio ambiente.
12/12/2016
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APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: Olá, você em todo Brasil, eu sou Luciano Seixas, e começa agora mais uma edição do programa Bom Dia, Ministro. O programa tem a coordenação e a produção da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, em parceria com a EBC serviços. Hoje, no programa, o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi, bom-dia, ministro, seja bem vindo.

MINISTRO WAGNER ROSSI: Bom-dia, Luciano, é um prazer estar com vocês.

APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: O prazer é nosso em recebê-lo aqui. No programa de hoje o ministro vai falar sobre a liderança do país no comércio mundial. O Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de exportação de açúcar, café em grãos, carne bovina, carde de frango, suco de laranja, tabaco e etanol. É vice-líder global na venda de soja, está na terceira posição, no ranking mundial, nos embarques de milho, e em quarto lugar nas exportações de carne suína. Um dos aspectos do sucesso é o aumento da produtividade. Outro assunto de hoje é o financiamento de 100 bilhões de reais em julho de 2010 e junho de 2011. E as políticas agrícolas com foco na preservação do meio ambiente.O ministro também vai falar sobre os 150 anos do Ministério da Agricultura. Ministro Wagner Rossi, começa agora a conversar com ancoras de emissoras de rádio de todo país. E vamos ao Rio de Janeiro, da Rádio Tupi, fala Ana Rodrigues, bom-dia, Ana.

REPÓRTER ANA RODRIGUES (Rádio Tupi / Rio de Janeiro - RJ): Bom-dia, Luciano. Bom-dia, amigos de todo país. Bom-dia, ministro. Nós estamos celebrando aí os 150 anos do Ministério da Agricultura, e um dos momentos mais importantes dessa fase, desses 150 anos, é justamente o Programa de Agricultura de Baixo Carbono, incluída no plano agrícola e pecuário do atual governo.

Nós gostaríamos de saber, Ministro Wagner Rossi, como será conduzido esse programa, para recuperar hectares de pastos degradados com manejo e garantindo, assim, uma adequação de adubação e preservação ambiental.

MINISTRO WAGNER ROSSI: Muito obrigado, Ana pela pergunta. Ela me enseja a dizer algumas coisas que as pessoas nem sempre sabem. Por exemplo, o Brasil é o país com a maior cobertura vegetal natural preservada do mundo. Entre os países grandes, nenhum país tem, como nós, 55% de sua cobertura vegetal original mantida, e preservada, graças aos esforços dos brasileiros. O governo do Presidente Lula tem dado grande ênfase a essa preservação desses recursos extraordinários que são a Amazônia, e as matas que ainda persistem nos outros biomas. Além disso, o Brasil hoje não é só líder em produção, ele tem batido recordes seguidos de produção, neste ano vamos produzir 147 milhões de toneladas de grão, acabamos de produzir, estamos acabando de colher. A última parte da safra, a safrinha de milho, está no final. Destes 147 milhões, nos produzimos 68 milhões de toneladas de soja, um alimento riquíssimo em proteína, e muito importante na pauta alimentar de muitos países, no mundo inteiro. Por isso nós somos um grande exportador de soja. Nós também tivemos recorde na safra que terminou, que está começando, nós ainda estamos avaliando, mas a safra que terminou, de cana de açúcar, nós tivemos 660 milhões de toneladas de cana, posta à disposição da indústria. De qualquer maneira, isso foi obtido em condições muito especiais. Por quê? Porque não houve aumento na área de produção. Nós conseguimos avançar muito na área de produtividade. E, por isso o Presidente Lula tem enfatizado muito a capacidade do Brasil, e quer estimular, cada vez mais, a capacidade do Brasil de produzir alimentos, mas preservar o ambiente, isso que deu ensejo a esse programa que você se referiu, que é o Programa de Agricultura de Baixo Carbono. São práticas agronômicas já conhecidas, algumas já praticadas, até um certo ponto, já utilizadas no Brasil, mas que nunca tiveram estímulo. Portanto, o produtor que as utilizava, utilizava porque achavam que era positiva para ele. Mas agora não, ele vai ter estímulos para produzir, respeitando o meio ambiente, e incorporando práticas agronômicas que consorciam o aumento da produção e a preservação do meio ambiente. São práticas simples, por exemplo, você se referiu à recuperação de terras degradadas. No passado, no Brasil, nós temos tanta terra, nós ocupamos uma pequena parte das terras brasileiras com produção, não é? Algo em torno de 27% do território brasileiro apenas destinado à produção agrícola e pecuária. De qualquer maneira, no passado as pessoas utilizavam a terra até que ela se exaurisse, tiravam tudo dela, e não repunham, não faziam o manejo adequado. O que acontecia? A terra se exauria e deixava de ser produtiva, ficava sem condições de contribuir para o processo produtivo. Agora, nós estamos apoiando a recuperação dessas terras, através de financiamentos a longo prazo, com juros menores, com carências maiores, que permitam ao proprietário reintegrá-las ao processo produtivo, e, ao mesmo tempo em que há um ganho econômico muito forte, há um ganho ambiental também muito forte, porque essas terras voltarão a gerar pontos positivos para a manutenção da qualidade do meio ambiente. E aí há outros processos também fundamentais, como a integração entre lavoura, pecuária e floresta, em que você, utilizando a mesma área, as mesmas pessoas, o mesmo fertilizante, você faz com que vários ciclos produtivos tenham o mesmo tempo. Quando você planta a plantinha da árvore, pequenininha, você está usando o espaço que é grande entre as árvores, porque elas vão se tornar árvores grandes, está utilizando para produzir soja, para produzir arroz, para produzir alimentos. Quando chega no segundo, terceiro ano, a planta está um pouquinho maior, você começa a semear o pasto, dali a algum tempo você coloca o gado para comer o pasto, e as árvores estão crescendo. Daqui a pouco elas farão sombra para o gado, e aí você continua o ciclo com o corte das árvores, quando elas estiverem na idade madura, normalmente sete anos, em algumas espécies, e começa todo o ciclo produtivo. Enfim, são muitas, o plantio direto da palha, que preserva a matéria orgânica, não revolve a terra e, portanto, não libera os gases do efeito estufa, mas, ao contrário, captura o CO2. Enfim, nós estamos trabalhando na linha de que o aumento de produção pode e deve ser acompanhado por uma preservação ambiental cada vez maior. E a agricultura brasileira quer dar sua contribuição para que o país cumpra as metas a que o Presidente Lula se comprometeu em Copenhague.

APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: Alguma outra pergunta, Ana?

REPÓRTER ANA RODRIGUES (Rádio Tupi / Rio de Janeiro - RJ): Só complementando, um detalhe, esse Programa de Agricultura de Baixo Carbono, ele vai contemplar grandes, médios e pequenos agricultores, ou criadores?

MINISTRO WAGNER ROSSI: Sim, Ana, a dimensão não é um diferencial para nós. Nós consideramos que tanto o produtor pequeno, como o médio, como o grande, podem praticar boas práticas agronômicas e também veterinárias. Tanto na pecuária, como na lavoura, você pode atuar de uma maneira organizada, de uma maneira que se compatibilize o aumento de produção e a preservação ambiental. Portanto, o acesso a essas linhas de financiamento, ele é indistinto, ele pode ser acessado por qualquer produtor, desde que ele se proponha fazer o que nós chamamos de boas práticas de manejo e de utilização adequada dos recursos naturais, práticas agronômicas que já são consolidadas.

APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: Você está ouvindo o programa Bom Dia, Ministro, hoje com o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Wagner Rossi, que conversa agora, ao vivo, com âncoras de emissoras de rádio de todo o país. Vamos a São Paulo, da Rádio Capital AM, fala Cid Barboza. Bom-dia, Cid.

REPÓRTER CID BARBOZA (Rádio Capital AM / São Paulo – SP): Bom-dia Luciano Seixas. Bom-dia, Ministro Wagner Rossi.

MINISTRO WAGNER ROSSI: Bom-dia.

REPÓRTER: Ministro, especialistas dizem que a infraestrutura necessária para o escoamento da produção deixa a desejar. Quais são os pontos que mais comprometem o escoamento da produção agrícola, e também da pecuária no Brasil?

MINISTRO WAGNER ROSSI: Olha, Cid, é verdade, você colocou um ponto que é muito reiterado por analistas da nossa produção agrícola, e do escoamento da produção, sobretudo, sua comercialização. Acontece o seguinte, duas questões aí: a primeira questão é uma deficiênca logística, vamos dizer, de armazenagem, modais de transporte, por quê? Porque nós estamos concentrados num modal de transporte rodoviário, quase toda a safra é transportada por caminhões, e, qualquer pessoa que tenha mínimos conhecimentos sobre a área, sabe que mercadorias com densidade grande, valor pequeno e que tem que se transportadas à longa distância, têm que usar transporte mais barato, ferroviário, aquaviário. Isso é verdadeiro, e há um esforço muito grande do governo do Presidente Lula, sobretudo através do PAC, e do PAC 2, agora, em conseguir fazer uma expansão real da área do transporte ferroviário, e também aquaviário.

Mas, a questão da armazenagem, neste plano safra, nós tivemos um grande implemento. E foi muito importante, por quê? Porque nos países mais desenvolvidos na área agrícolas, e mais antigos, com uma consolidação agrícola mais antiga, na matriz de armazenagem deles, eles têm uma preponderância do armazém na fazenda, o que quer dizer isso? Que o próprio produtor constrói seu armazém, hoje são silos, na verdade, porque quase tudo se faz a granel. E o silo, na fazenda, permite ao agricultor, quando termina a safa, recolher o seu produto e esperar o bom momento para vendê-lo. Ele passa a ter o mercado a seu favor, e não contra, por quê? Porque quando termina a safra, todo mundo está pronto para vender. Muitos agricultores têm dívidas a paga, têm compromissos assumidos, que tem que cumprir, e ele então é obrigado a vender no pico da safra, quando os preços são mais baixos. Claro que as grandes “traders” do setor sabem disso, e compram na baixa, é uma questão de mercado. Se, todavia, for construído o armazém na fazenda, para você ter uma ideia, nos Estados Unidos mais de 50% da produção agrícola é depositada na fazenda, em armazéns da fazenda, do próprio produtor, no Canadá mais de 70%, no Brasil nós temos apenas 15% de armazenagem na fazenda. Por isso nós fizemos, neste plano safra, um programa especial para apoiar a armazenagem na fazenda. O produtor que quiser, ele vai ter um programa com doze anos de prazo, com carência de três anos, e poderá pagar com juros muito baixos, 5.5%, ao ano. Ele terá condições de fazer o seu próprio silo, e, a partir daí, ser um “player” no mercado, ele vai esperar o preço subir. Vai ajudar que o preço suba, porque a oferta será menor. Isso tudo significará para ele uma nova realidade, uma nova garantia de renda, e renda maior. Então, o que é preciso para isso? Bom, primeiro, nós conseguimos esse Programa, e nós destinamos um bilhão de reais, já este ano, para financiamentos desse tipo. Segundo lugar, o volume necessário para uma fazenda pequena, média ou grande, está contemplado. Os limites são limites que dão acesso a armazéns desde cinco mil sacas até 50 mil sacas. E os custos que o nosso Ministério avaliou são de tal ordem que você paga o armazém, ou melhor, o silo, no máximo em seis anos, mas você tem doze para pagar. Há casos, quando os armazéns são maiores, é claro que a escala beneficia, e o pagamento pode se dar até em três anos e seis meses. Ou seja, você paga o armazém antes de começar a ter que pagar. Você já tem recursos acumulados para pagá-lo. Portanto, é um programa novo, que vai melhorar, se Deus permitir, e, sobretudo, se os produtores aceitarem este desafio de construir os silos nas suas fazendas, isso vai melhorar grandemente esse gargalo.

APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: Alguma outra pergunta, Cid?

REPÓRTER CID BARBOZA (Rádio Capital AM / São Paulo – SP): Para encerrar, ministro. O Ministério da Agricultura foi inaugurado, foi fundado, em 1860, e, segundo o próprio material aí disponibilizado pelo ministério, na época o governo empresarial criou institutos de pesquisa agrícola que atendiam os interesses dos senhores de engenho do Nordeste e da aristocracia do café na região Centro/Sul. Atualmente, esses 100 bilhões de financiamento do plano agrícola e pecuário, ele está beneficiando, ele tem um foco em qual setor da esfera agropecuária?

MINISTRO WAGNER ROSSI: Muito bom, Cid. Deixa eu te explicar uma coisa, além dos 100 bilhões para a agricultura empresarial, que é exatamente a agricultura mais avançada no país, agricultura tradicional, que incorpora tecnologia, que tem escala, é verdade, e que é capital intensiva, além desses 100 bilhões o Governo disponibilizou mais 16 bilhões apenas para o Pronaf apoiar a agricultura familiar. O pequeno também é apoiado pelo governo, é muito, aliás, o desenvolvimento da agricultura familiar no país é muito grande. Mas você lembrou uma coisa muito interessante que nós permite dizer o seguinte, pouco mais de 100 anos nós saímos de uma agricultura monocultora, escravagista, que tinha no latifúndio, era latifundiária. Então latifundária, escravagista e monocultura. Para uma agricultura diversificada, democrática, de milhares e milhares e milhares de produtores de todos os tamanhos e escala, dos produtos mais variados. Portanto não é mais monocultura, nós produzimos quase tudo, aliás, o Brasil produz todo o alimento que o seu povo consome, 100%, aliás, com a única exceção do trigo, em que só nós produzimos 50%. Mas além de alimentar o nosso povo, hoje nós exportamos para 200 países, nós somos um dos grandes “players” do mercado mundial de alimentos. E a tendência é que o Brasil se torne o maior fornecedor mundial de proteína, tanto animal como vegetal. Isso nos dá uma posição de absoluto privilégio no mundo, porque nada será mais importante nos próximos anos do que o alimento. A população do globo terrestre é imensa, ela cresce a níveis bastante intensos, e há uma parte dessa população que ainda não está bem alimentada, portanto há uma demanda permanente por alimentos, e nós somos o único país do mundo que tem terras, nós temos mais de 100 milhões de hectares de terras, só de terras degradadas, não precisa, para aumentar a produção, para dobrar a produção no Brasil, não precisa derrubar uma árvore, não só da Amazônia, claro, que nós temos que preservá-la, mas os outros biomas, nós podemos usar com a recuperação dessas áreas degradadas anteriormente, nós temos condições de dobrar a produção brasileira, e isso nós somos o único país do mundo que tem. Os Estados Unidos já exauriram suas terras, não há como expandira fronteira agrícola, na Austrália isto já está claro que não tem como aumentar a produção, não vou dizer Europa, porque todo mundo sabe que a Europa não tem mais onde plantar, o Oriente não tem mais onde plantar. Uma parte enorme do globo terrestre é ocupado por terras que não tem qualidade para agricultura, desertos e regiões de grande dificuldade, por exemplo, regiões montanhosa, regiões áridas. Enfim, nós não, nós temos terra, temos insolação, temos água, que é uma riqueza extraordinária, e será, no próximo século, então, uma matéria de um valor extraordinário. Duas vezes eu falei. E o que eu quero dizer? Quero dizer com isso que o Brasil está numa posição de privilégio. Essa benção especial que nós temos nessa terra admirável nos dá essa condição de alimentarmos o mundo, hoje, e mais ainda no futuro.

APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: Você está ouvindo o programa Bom dia, Ministro, que tem a coordenação e a produção da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República em parceria com a EBC Serviços. A EBC Serviços está disponibilizando o sinal dessa entrevista para todas as emissoras de rádio do país via satélite, no mesmo canal da Voz do Brasil. O áudio da entrevista também vai ser disponibilizado hoje, ainda pela manhã, na página da Secretaria de Imprensa da Presidência da República na internet, o endereço é: www.imprensa.planalto.gov.br.

Vamos agora a Manaus, no Amazonas, da Rádio Amazonas FM, Patrick Motta, boa-dia, Patrick.

REPÓRTER PATRICK MOTTA (Rádio Amazonas FM / Manaus – AM): Bom-dia, Luciano Seixas. Sras. e Srs. ouvintes, e bom-dia, ministro.

MINISTRO WAGNER ROSSI: Bom-dia, querido.

REPÓRTER PATRICK MOTTA (Rádio Amazonas FM / Manaus – AM): Ministro, a fronteira agrícola tem se expandido aqui na Amazônia, e com isso acaba acendendo a luz amarela da preocupação ambiental. De que forma o governo pretende conciliar a política agrícola na Amazônia sem comprometer o meio ambiente, ministro?

MINISTRO WAGNER ROSSI: Muito importante sua pergunta, Patrick. Eu quero te responder de uma maneira muito objetiva. Primeiro, num futuro breve é preciso que o mundo reconheça o valor da floresta preservada, e que isso seja objeto de pagamentos, daqueles que não souberam preservar o seu meio ambiente, e hoje vivem do pulmão que é a Amazônia, esta riqueza maravilhosa que o Brasil possui. Segundo, nós estamos fazendo no Brasil algo que é quase único no mundo. Você sabe que nós temos 6 milhões de hectares, 6 milhões 200 mil de hectares de florestas que são exploradas com sustentabilidade, sem que a floresta seja agredida, apenas colhendo aquilo que a floresta oferece, utilizando seus frutos, produtos florestais que fazem uma riqueza tão especial no Brasil, e além disso, utilizando a madeira de maneira racional, de maneira que ela se recomponha permanentemente. Terceiro, isso é único no mundo, 6 milhões e 200 mil hectares. Terceiro lugar, nós estamos incentivando no plano agrícola deste ano, o plantio de florestas com essências exóticas, o mais conhecido é o eucalipto, mas há outras. Nós lançamos um programa muito importante para palma de óleo, que aí a região, sobretudo, mais no estado do Pará, algumas áreas do Tocantins, e do Nordeste, poderá haver um implemento grande da palma de óleo. Mas nós vamos incentivar que se produza a floresta plantada, para quê? Para que ninguém mais tenha que agredir a floresta natural, para utilizá-la ou como carvão vegetal ou mesmo como matéria-prima, madeira. Então hoje o Governo está fazendo um programa importante, claro que a pessoa que agredir a floresta está cometendo uma ilegalidade. Claro que hoje nós temos programas específicos, por exemplo, hoje ninguém compra boi. Os grandes frigoríficos não compram bois que saem de áreas desmatadas recentemente, portanto, áreas que agridam a natureza. Além disso, não se compra, nem se comercializa soja plantada em áreas recentemente devastadas de florestas anteriormente mantidas. E nós temos todos esses mecanismos exatamente para proteger essa riqueza que todos os brasileiros têm orgulho de ter e nenhum outro país do mundo tem, que é esse pulmão do mundo que é hoje a Amazônia.

APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: Alguma outra pergunta, Patrick?

REPÓRTER PATRICK MOTTA (Rádio Amazonas FM / Manaus – AM): Sim.

Ministro, dentro do programa ABC, Agricultora de Baixo Carbono, há muitas metas a serem alcançadas como recuperar pastagens degradadas entre outras. O senhor acredita, acredita mesmo que poderá haver ampliação de áreas com florestas plantadas, ministro?

MINISTRO WAGNER ROSSI: A floresta plantada é um excelente negócio, Patrick. Você em certas áreas de baixa fertilidade, o eucalipto dá um rendimento maior do que qualquer outra atividade, muitas vezes maior do que a pecuária extensiva que não tinha uma rentabilidade adequada. Então eu acredito sim. E mais, agora com esses financiamentos específicos, nós temos um programa só para financiar floresta plantada. Haverá um interesse econômico muito grande. Aliás, já existe isso, e em muitas áreas as florestas plantadas estão vicejando. Além disso, a floresta plantada tem um ganho adicional, ambiental muito rico, muito forte, e certamente ela vai ter um incremento grande num futuro breve.

APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: Você está ouvindo o programa Bom dia, Ministro, a NBR, a TV do Governo Federal, está transmitindo ao vivo esse programa, e reapresenta a gravação desta entrevista hoje à tarde e em horários alternativas. No sábado pela manhã e no domingo à tarde. Vamos agora à Goiânia, Goiás, da Rádio 730 AM. Natália Lima. Bom-dia, Natália.

REPÓRTER NATÁLIA LIMA (Rádio 730 AM / Goiânia – GO): Bom-dia, Luciano, bom-dia ministro. Ministro, eu queria uma análise do senhor com relação às mudanças no Código Florestal se elas são benéficas para a agricultura.

MINISTRO WAGNER ROSSI: São sim, eu vou ser muito honesto, porque nessa questão nós temos que ter opinião. Você viu até agora, na minha entrevista como nós na agricultura estamos procurando ajudar a manter nossas riquezas naturais. Nós estamos estimulando práticas que preservam a natureza, ajudam a natureza, e nós estamos fazendo isso porque nós acreditamos que preservar a natureza é uma obrigação de todos, e é uma questão que envolve o sentimento da sociedade brasileira. Mas é preciso que a gente também tenha os pés no chão. O Brasil hoje alimenta não só o seu povo, como eu disse, como milhões e milhões de pessoas ao redor do mundo. Você pensar que você pode conter a expansão da produção de alimentos ninguém no mundo aceita essa tese. Então o que havia? Havia uma certa visão radical que tentava contrapor e opor produção e manutenção da natureza, produção e preservação ambiental. Nós recusamos essa tese, nós achamos que é preciso compatibilizar o aumento de produção de alimentos e a preservação ambiental. E o trabalho que foi feito pelo Congresso Nacional, que é quem deve decidir sobre as grandes questões nacionais, e essa é uma grande questão nacional, o trabalho que foi feito foi admirável. O deputado Micheletto, que é o presidente da comissão, convocou muitas e muitas audiências públicas em todo Brasil, e lá as pessoas, tanto pessoas com preocupação ambiental mais focada, os ambientalistas, como pessoas voltadas para a produção agrícola expuseram seus pontos de vista, houve uma discussão intensa. E o deputado Aldo Rebelo, quero aqui reconhecer o trabalho extraordinário que ele fez. Ele se preparou, foi buscar o que é mais importante nesse campo, é a informação científica. A Embrapa mesmo, do nosso ministério, prestou assessoria ao Aldo Rebelo, que elaborou um relatório que, claro, o relatório não pode nunca agradar a todos 100%, porque como se trata de uma questão polêmica, é preciso haver compreensão dos dois lados. Nós não defendemos, e fazemos questão dessa diferença, o especulador da terra, o destruidor da natureza, para ele a lei dura que protege nossos recursos naturais, agora, a produção de alimentos nós defendemos sim. Você não pode começar a fazer regras, especialmente as pessoas que estão fora da vida na natureza, porque as pessoas que as vezes defendem a natureza, tem uma vontade de acertar, tem uma boa intenção enorme, só que elas não conhecem o processo produtivo rural. Nunca viram uma enxada pessoalmente, viram uma vaca através da televisão. Então elas não são capazes de entender que é perfeitamente possível que você compatibilize produção e preservação. E vou dizer mais, quem conhece e sabe preservar a natureza é o produtor rural, pequeno, médio e grande. Por quê? Porque ninguém quer que na sua propriedade haja erosão, e a terra se torne imprópria para ser cultivada. Destrói. Ninguém quer que os seus córregos hajam assoreamento, então você protege as matas ciliares. Ninguém deixa de proteger um manancial que está na sua propriedade, porque aquele manancial, aquela nascente é muito rica, ela vai trazer benefícios imensos. Então, quem mais preserva no Brasil é o produtor rural, agora é claro que há necessidade de normas, e eu acho que o Aldo Rebelo teve um grande equilíbrio ao fazer normas que ao mesmo tempo que preservam, não houve nenhum atraso na preservação. Todos os índices de preservação foram mantidos, mas há um pouco de entendimento de como o processo produtivo se dá, e, portanto, se defendeu a produção. Os dois valores são importantes para o Brasil, produzir alimentos e preservar o meio ambiente não são incompatíveis, o que há é que há radicais dos dois lados, e o radical ele quer sempre tudo sem pensar no seu vizinho, e isso não é possível. Nós temos que compatibilizar que todos tenham espaço, tanto a preservação como produção de alimentos.

APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: E agora, de Curitiba, no Paraná, Denise Mello fala da Rádio Banda B. Bom-dia, Denise.

REPÓRTER DENISE MELLO (Rádio Banda B / Curitiba – PR): Bom-dia, bom-dia, ministro.

MINISTRO WAGNER ROSSI: Bom-dia, querida.

REPÓRTER DENISE MELLO (Rádio Banda B / Curitiba – PR): Ministro, o Paraná sofreu muito com a questão da febre aftosa, milhares de animais foram sacrificados, esse assunto virou um assunto internacional e que penaliza até hoje muitos produtores de gado aqui no Paraná. Eu gostaria de saber qual é o papel hoje, o Ministério da Agricultura reconhece o esforço do Paraná que pretende até o fim do ano suspender, até ser reconhecido como área livre de febre aftosa sem vacinação? Como é que o Ministério da Agricultura vê o esforço do Paraná nesse sentido?

MINISTRO WAGNER ROSSI: Bom, em primeiro lugar é importante dizer que o Brasil não tem nenhum caso da febre aftosa desde então, aquele foi o último surto que aconteceu, e foi combatido com muita eficiência pelos técnicos do Ministério da Agricultura, do governo do Paraná, das entidades privadas, e graças a Deus nós não tivemos mais. Nós temos tido a precaução de manter sempre a vacinação muito intensa do nosso gado, por quê? Para que não haja outros percalços, porque hoje nós estamos praticamente livres de aftosa, embora com vacinação, só o estado de Santa Catarina que tem o status de livre sem vacinação. Eu não tenho dúvida que o Paraná e o Rio Grande do Sul são os estados que tem melhores condições para secundarem Santa Catarina nessa questão. Agora, eu sou muito pé no chão, acho que nós não devemos abrir mão de vacinação enquanto nós não tivermos absoluta segurança. Ontem estivemos aqui com o diretor-geral da OIE (Organização Internacional de Epizotias), que é a entidade internacional que cuida da sanidade animal. Tem sede em Paris, é um órgão de controle da sanidade no mundo inteiro, e eles me disseram uma coisa muito verdadeira. Ele disse: o progresso que o Brasil fez nesse campo é admirável . Nós conseguimos cumprir todas as exigências e fomos além. Hoje nós prestamos assistência à Bolívia, e entramos 80 quilômetros dentro do território boliviano, em toda extensão da nossa fronteira, ajudando os bolivianos a combater a febre aftosa. E o que me disse o diretor-geral da OIE? Vocês estão de parabéns, esse trabalho é um trabalho fantástico, é um trabalho que vai além do que vocês eram obrigados a fazer . Só que vocês tem, para se tornar livre de aftosa, definitivamente, vocês tem o problema da grande fronteira, vocês tem que nos ajudar a combater a aftosa lá, onde estão os nossos vizinhos, porque, infelizmente, não adianta resolvermos o problema aqui, a Argentina resolve o dela, o Uruguai pode resolver o dele, mas nós temos fronteiras imensas com a Bolívia, Paraguai, Venezuela, com o Peru. Esses países, especialmente esses últimos que eu citei, a pecuária não é importante economicamente, mas há bovinos. Exatamente porque não é importante economicamente que eles não tiveram o mesmo interesse em combater as doenças. E nós estamos dispostos, eu disse isso ontem ao diretor-geral da OIE, o senhor vai lá, que nós, do Brasil, estamos dispostos a ajudar, como já estamos ajudando a Bolívia, a OIE, a fazer programas nestes países. Inclusive no Equador, com quem nós não temos divisa, você sabe, que só não temos divisa com dois países da América do Sul, que é o Chile e Equador. Então, o Equador também é motivo de apreensão para a OIE. Nós estamos dispostos a ajudar, a levar expertise, tecnologia, nós temos os melhores técnicos na área, e alguns dos melhores estão aí no Paraná, eu tenho certeza que nós vamos fazer um bom serviço, não só fazendo a nossa lição de casa, como ajudando os nossos vizinhos.

APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: E agora no programa Bom dia, Ministro a participação da Rádio Guaíba de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Marjulie Martine. Alô Marjulie, bom-dia?

REPÓRTER MARJULIE MARTINE (Rádio Guaíba / Porto Alegre – RS): Eu tenho três tópicos na verdade para conversar com o senhor. O primeiro deles é com relação ao problema que enfrenta os arrozeiros aqui do Rio Grande do Sul, que o custo da saca, o preço de cada saca é inferior ao custo de produção.

MINISTRO WAGNER ROSSI: É verdade.

REPÓRTER MARJULIE MARTINI (Rádio Guaíba / Porto Alegre RS): E tem provocado inclusive diversos protestos aqui no Estado. Segundo tópico eu gostaria de ver com o senhor é com relação às perdas que foram ocasionadas nas lavouras de trigo em função da redução do preço mínimo do grão. Até os nossos agricultores aqui estimam um prejuízo de 50 milhões de reais, e a redução de 7% da área cultivada aqui do Estado.

E a terceira questão é com relação ao preço do leite, foi estimado em 78 centavos por litro, pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura, e eles condenam a importação de leito da Argentina e Uruguai. Nessas três situações, o que o Ministério da Agricultura está tentando fazer para reverter esses prejuízos todos?

MINISTRO WAGNER ROSSI: Bom, vamos por partes. Arroz, nós tínhamos autorizado a compra de arroz se o preço caísse abaixo do preço mínimo. Acontece que o preço do arroz não foi ainda, o preço do arroz do Rio Grande ainda não foi abaixo do preço mínimo. Eu hoje, antes de vir ao programa, peguei as cotações do dia, 27,50 é o menor preço que está sendo comercializado hoje no Rio Grande, está acima do preço mínimo. Nós só podemos ajudar, com programas de apoio do governo, se os preços caírem abaixo do preço mínimo. O preço mínimo não inclui o custo total, eu entendo a posição dos arrozeiros, aliás, muito bem organizados, como uma entidade que está sempre ativa, eu entendo a posição deles, eles dizem: Bom, mas o meu custo é maior do que o do preço mínimo . O preço mínimo é uma garantia para que se houver uma depressão de preços o produtor não perca tudo. Ele possa pelo menos recuperar o que nós utilizamos a designação dos custos variáveis, que é o que ele aplica naquele ciclo produtivo daquele ano. Ele recupera apenas aquilo para quê? Para poder plantar no ano seguinte. Nós gostaríamos que hoje já houvesse no Brasil um programa de seguro rural que abrangesse inclusive os lucros cessantes, mas isso ainda não ocorre. Infelizmente, nós estamos ampliando o seguro rural, mas ele não atende essas condições. Portanto, nós temos grande apreço pelos rizicultores do Rio Grande, são trabalhadores extraordinários, produtores com grande tradição, que alimentam o Brasil neste produto muito importante para a nossa alimentação diária, o arroz, mas nós só podemos atuar na medida em que os preços se deprimirem. E a minha expectativa é que os preços estarão subindo, e é o que nós esperamos em benefício do produtor.Segundo, trigo, o que você falou, não tem muito sentido. As pessoas às vezes confundem. O preço mínimo que foi diminuído, depois de discussão técnica no governo, havia opiniões diferentes, mas houve decisão do governo de baixar. Por que o governo baixou o preço mínimo? Porque o preço mínimo fixado estava 50% acima da paridade de importação. Isso quer dizer o seguinte, se você fosse pegar o mesmo produto da mesma qualidade da Argentina, ou do Uruguai, ou do Paraguai, e trazer para cá, ele custaria, 50%..Não, 1/3 menos do que o preço mínimo que o governo estava pagando para os nossos produtores. Ora, vocês sabem que os recursos aplicados, são recursos do povo brasileiro, nós não podemos dar o preço que nós queremos para quem nós quisermos. Nós temos que equilibrar o direito legítimo do produtor ter de garantias de preço mínimo, como o direito que o povo brasileiro tem de comer a um custo razoável, são dois valores importantes a serem preservados. O que aconteceu? Não se diminuiu abaixo do custo, por exemplo, do trigo importado, não, o preço mínimo ainda está superior ao preço que se pagaria para importar o trigo. Mas, ele já é um preço um pouco mais adequado. E não é verdade que houve perda de 50 milhões, nem pode ser, porque o preço mínimo entrou em vigor agora para a safra futura. O que já foi feito, já foi feito. Agora, o que existia aí é que algumas pessoas não venderam na hora que deveriam, porque esperavam um aumento de preço. Então sobrou um pouco, porque o governo apoiou a triticultura durante o ano inteiro. O governo comprou trigo, nós estamos com o estoque elevado para quê? Para ajudar o produtor. Tanto do Paraná como do Rio Grande. Agora, o governo não pode é submeter alguns produtores que não quiseram vender na hora que podiam, e agora querem entregar por um preço absurdo para o governo, o governo não vai fazer isso, nem pode fazer isso. Respeito os produtores, sei que é uma luta dura a produção de trigo, nós mesmos temos todo o interesse, tanto que eu fiz uma reunião com todos os elos da área produtiva e disse para os industriais dos moinhos de trigo: vocês precisam comprar primeiro o trigo do produtor brasileiro, aí vocês têm todo o apoio do governo para importar o restante, mas primeiro compre o trigo do produtor brasileiro”. Agora, não pode especular. O produtor tem que saber que a hora que o governo oferece o apoio, ele tem que usar o apoio. Agora, se ele achar que vai aumentar o preço e quiser segurar, depois ele não venha vender para o governo depois que o prazo acabou, por quê? Porque aí eu não posso fazer, porque a lei não me permite. Só isso, a situação do Rio Grande é só essa.

APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: E agora vamos a participação da Rádio Grande FM, de Dourados no Mato Grosso do Sul com Eduardo Palomita. Alô Eduardo, bom-dia.

REPÓRTER EDUARDO PALOMITA (Rádio Grande FM / Dourados – RS): Bom-dia Wagner, bom-dia, ministro. Olha ministro, nós temos uma questão muito peculiar aqui no meu Estado, é o Pantanal. Na questão de financiamento da agropecuária, aqui no meu estado, principalmente nessa região, vai ter algum tipo de restrição em uma ação diferenciada para manter o controle e a preservação do meio ambiente? E como será tratado pelo seu ministério as pretensões de instalação de usinas de açúcar e álcool nessa localidade? Esses dois pontos, como serão tratados aí pelo seu ministério a partir de agora, ministro?

MINISTRO WAGNER ROSSI: Olha, em primeiro lugar, Eduardo, eu sou um extraordinário admirador do Pantanal. Pantanal é uma área do Brasil que todo brasileiro deveria conhecer. Deus permitisse que todos pudessem conhecer. Por quê? Porque lá a beleza admirável do nosso país se revela numa plenitude exuberante, as suas aves, sua fauna, sua flora, enfim, o Pantanal precisa ser preservado. Mas vem cá, você que conhece bem o Pantanal, há quanto tempo se cria gado no Pantanal? Há centenas, há mais de 100 anos. Então, a pecuária no Pantanal foi um elemento de preservação, não foi de destruição, ao contrário. Exatamente a presença daquela pecuária que é muito peculiar, é muito especial, é diferente da pecuária de outras regiões do país, ela ajudou o manter o Pantanal intacto. Eu acho que nós não podemos permitir nenhuma agressão ao Pantanal. Tudo que ameaçar o Pantanal, nós temos que conter, mas nós devemos sim respeitar as formas de produções tradicionais, sobretudo na área da pecuária, que não afetam o Pantanal negativamente em nada. Quanto à instalação com usinas de açúcar, Dourados tem uma das melhores terras do Brasil, ela continua a faixa de terra de alta, de qualidade, que passa lá pela minha terra, que é Ribeirão Preto, lá em São Paulo, que vai pelo Mato Grosso do Sul, e que lá em Dourados, Paraná, o norte do Paraná, enfim, e vai, chega lá em Dourados, na divisa já do nosso país, com uma qualidade maravilhosa. Claro que essas terras vão ser sempre objeto de interesse de produtores de vários produtos. Agora, se afetar, não pode. Mas se área estiver totalmente isolada de contato, porque ali já é uma área que tem uma especificidade bem característica, não é? Terras de alta qualidade, alta produtividade etc, não é exatamente a situação do Pantanal, é diferente, aí é uma coisa a se analisar caso a caso. Nós não estimulamos nada que destrua a natureza, claro que sabemos que os produtores querem resultado econômico, é muito legítimo, no nosso país cada um tem o direito de procurar o que é melhor para si, então nós temos que compatibilizar isso com muita cautela, porque o Pantanal é uma riqueza que nós não podemos ver ameaçada, aliás, nenhum dos biomas. A preservação é um dos focos principais do governo do Presidente Lula, mas é claro, produzir, preservando.

APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: O programa Bom Dia, Ministro recebe Marcelo Damasceno, falando da Emissora Rural de Petrolina, Pernambuco. Alô Marcelo, bom-dia?

REPÓRTER MARCELO DAMASCENO (Rádio Emissora Rural / Petrolina – PE): Bom-dia Luciano, bom-dia ministro Wagner Rossi. Ministro, nós estamos, inclusive, aqui no estúdio, também para a entrevista logo mais do Secretário de Agricultura de Pernambuco, Ranilson Ramos, Petrolina está hospedando a 21ª Feira Nacional de Agricultura Irrigada. Estamos recebendo aqui várias missões de várias partes do mundo, dos Estados Unidos, da China, entre outros. Essa feira reflete o agronegócio, que é quem move a economia de Petrolina, Pernambuco e Juazeiro, limítrofe aqui com a nossa cidade, Juazeiro na Bahia. Eu pergunto, diante dessa flagrante desigualdade, ou dessas flagrantes desigualdades regionais, o que o ministro imagina para o Nordeste, e para iniciativas, e para empreendimentos desse porte, como a FENAGRI aqui em Petrolina. Além, claro, de a gente carecer de uma política, eu diria, assim, da Embrapa, no que diz respeito ao extensionismo rural, para pequena agricultura.

MINISTRO WAGNER ROSSI: Perfeito, Marcelo. Eu quero saudá-lo, saudar também o seu secretário que tem feito também um trabalho importante aí, aí em Pernambuco. Aliás, estamos em permanente contato com as lideranças da área agrícola em Pernambuco, até porque o governo acaba de fazer, está preparando para efetivar o apoio aos canavieiros de Pernambuco e de Alagoas, que precisam ter um suporte em razão dos preços que tiveram que se defrontar e as condições que vocês têm enfrentado aí com muita competência e uma galhardia. O que existe é o seguinte, veja como é importante quando um centro produtor se desenvolve e se percebe o grande interesse não só público de apoiar, mas privado de ter iniciativa, Petrolina, Juazeiro e toda região tem aí um foco muito voltado para atividades específicas. E o mundo inteiro olha para a agricultura irrigada como uma tábua de salvação para muitas regiões muito mais áridas do que o nosso Nordeste, não é? Vocês aí têm o privilégio, São Francisco, tem essa fruticultura que vocês conseguiram desenvolver, que é uma coisa admirável, e o Brasil todo olha para a região com admiração. Mas, claro, a agricultura irrigada foi o principal objeto de conversação nossa com os países africanos, por exemplo. Eles estão altamente interessados em ver como é que aí no semiárido nordestino muitas experiências, eu tenho visitado várias, conseguiram resultados muito positivos enfrentando condições de dificuldade bastante acentuada. De modo que eu quero cumprimentar, quero dizer que esse congresso é de grande importância, e desejar todo ao sucesso ao congresso e a essa troca de experiências com países mais desenvolvidos e também com os países que tem carências maiores que a nossa, onde o Brasil está dando assistências, exatamente através da Embrapa. É claro que a Embrapa ainda pode avançar muito, mas a Embrapa é uma instituição reconhecida hoje internacional, como modelo de instituição de pesquisa agropecuária. E no mundo todo, nós temos recebido, olha, do Oriente Médio, da África inteira, da África subsaariana e da África do Norte, países interessados em obter convênios com a Embrapa, para que a Embrapa faça um apoio a eles no sentido que a Embrapa realizou no Brasil. A adaptação de sementes às mais diversas condições agronômicas, de solo, de fertilidade, de regime de águas, que a Embrapa fez no Brasil todo, em várias culturas, é um trabalho que não há paralelo. Nós devemos muito à Embrapa, aliás, ontem, na festa de 150 anos do Ministério da Agricultura a Embrapa foi uma das entidades homenageadas. Mas eu quero dizer a vocês que em Pernambuco vocês têm a riqueza da Universidade Federal da Pernambuco, que também foi homenageada pela contribuição de grande valor da agropecuária em todo o nosso Brasil.

APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: E de Pernambuco, a Piauí, Teresina. A Rádio Pioneira, de onde fala James Almeida, bom-dia.

REPÓRTER JAMES ALMEIDA (Rádio Pioneira / Teresina – PI): Bom-dia, Luciano, bom-dia ao ministro Wagner Rossi.

MINISTRO WAGNER ROSSI: Bom-dia.

REPÓRTER JAMES ALMEIDA (Rádio Pioneira / Teresina – PI): Ministro, nós temos a grande área dos cerrados aqui no Piauí, onde há uma grande plantação de soja, enfim, o desenvolvimento para a região sul do estado do Piauí. Então a gente queria saber o que o Ministério da Agricultura está pensando com relação a dar mais apoio a essa infraestrutura no cerrado, e também com relação a proteção do meio ambiente, já que é uma questão ambiental, muitos ambientalistas reclamam muito dessa área.

MINISTRO WAGNER ROSSI: Olha, primeiro lugar eu vejo o Piauí como nossa fronteira agrícola do nosso país. Você sabe a riqueza que é o Mato Grosso. O Mato Grosso está superando cada ano os recordes de produção, e já ameaça a liderança do Paraná. Pois bem, eu acho que vocês aí no Piauí, também no Maranhão, em algumas áreas do Tocantins, estão fazendo aí um desenvolvimento extraordinário, que já foi feito também na Bahia. Com Luiz Eduardo Magalhães, é o grande exemplo, eu vejo vocês como a nova etapa do desenvolvimento agrícola brasileiro. Olha, essa discussão com ambientalistas tem que ser relativizada, porque os ambientalistas tem todo o direito as suas ideias, opiniões, que são valiosas, porque elas nos chamam a atenção para a questão ambiental. Agora, eles não podem parar o país, eles não podem, o Piauí está dando um exemplo de como sair de um estado que tradicionalmente tinha dificuldades econômicas e está se transformando em um grande produtor. Isso vai gerar riqueza para o povo, alimento para o povo, emprego para o povo, os ambientalistas que me desculpem, não pode fazer regras contra o povo, porque o povo quer trabalhar, quer produzir. Não pode fazer regras contra aqueles que estão levando o estado para frente. Agora, tem que ter cautela? Claro, tem que ter normas, já existem essas normas, e serão ainda normas mais aperfeiçoadas com no novo código florestal, e elas serão respeitadas. Agora, se você encontrar algum tipo de pessoa que não quer que o país produza alimentos, cuidado com ela, porque, provavelmente, ela não é ambientalista, ela é linha de vanguarda de interesses contrários ao interesse do país.

APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: Você está ouvindo o programa Bom dia, Ministro, e hoje estamos entrevistando o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi, nosso convidado de hoje. E agora vamos a Salvador, Rádio Excelsior, com Edson Santarini, Edson, bom-dia. Edson Santarini, bom-dia. Vamos ter que refazer o contato com Salvador, Rádio Excelsior, de lá vai falar com Edson Santarini. Ministro, o Brasil é líder na exportação de vários produtos, e mais de 200 países compram dessa nossa produção, como o senhor colocou, alimentamos milhões de pessoas mundo afora. Apesar de tantos avanços, quais os desafios que ainda se apresentam ao produtor brasileiro para que amplie mais o seu espaço nesse mercado internacional?

MINISTRO WAGNER ROSSI: Há vários desafios. Desafios de difícil enfrentamento, mas que o governo do Presidente Lula ajudou demais, por quê? Eu vou dar um exemplo. Quando o governo do presidente Lula começou, último ano do governo anterior tinha oferecido algo em torno de 20 bilhões para fazer o financiamento da produção agrícola. O presidente Lula multiplicou esse valor por cinco, quase por seis, se você contar o apoio que ele dá específico também para o agricultor familiar. São 116 bilhões de reais dispostos para o apoio à agricultura. Se você pegar só apoio à comercialização, porque um dos gargalos era a comercialização, vamos produzir, vamos produzir, na hora de vender o preço cai, como é que nós fazemos? O governo multiplicou por 10, o governo do presidente Lula multiplicou por 10 os recursos destinados ao apoio à comercialização. Eram 500 milhões e hoje 5 bilhões e 200 no orçamento deste ano. Então, há desafios grandes, muito agricultores se endividaram de problemas que vieram de outras épocas, foram se acumulando, perderam o incentivo, perderam a vontade, às vezes até a esperança. Claro, o presidente Lula conseguiu no ano passado recompor um pouco isso, mas ainda não é uma solução definitiva para alguns setores. Eu acho que esse é um desafio que o aproximo governo vai ter que enfrentar. Encontrar uma forma de que este passivo antigo, vindo de planos econômicos, vindo de juros abusivos que a economia brasileira tinha no passado, e que não havia produção agrícola que aguentasse pagar. Então tudo isso tem que ser recomposto, tem que se fazer uma avaliação do que realmente o agricultor deve pagar. Pode se dar um prazo maior a ele, mas daí em adianto ele vai entender que em todas outras atividades do homem se você não pagar, você perde. Se você não pagar a prestação do teu carro, eles tomam o teu carro, se não pagar a prestação da casa, você perde a casa. O comerciante se não pagar suas contas, perde o seu comércio, o industrial se não pagar, quebra a empresa. O agricultor, quando ficar saneado esse passado, esse passivo que nós acumulamos erradamente, como eu disse, por erros, às vezes do governo, às vezes por questões da manipulação de preços feitas pelos países ricos contra o produtor brasileiro, aí ele vai ter que entender que daí em diante as regras serão iguais para todos e ele também vai ter que entrar na economia de mercado, se amanhã não cumprir seus compromissos, ele vai ter que sair do processo produtivo. Mas antes vamos ter nós precisamos corrigir. Isso é um desafio para um governo novo, não para um final de governo, em que nós precisamos é terminar bem o que está sendo feito.

APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: Você está ouvindo o programa Bom Dia, Ministro. Agora a participação de Davi de Paula, da Rádio Gazeta CBN de Cuiabá, Mato Grosso.

REPÓRTER DAVI DE PAULA (Rádio Gazeta / CBN / Cuiabá - MT: Bom-dia, Luciano, bom-dia, ministro.

MINISTRO WAGNER ROSSI: Bom-dia.

REPÓRTER DAVI DE PAULA (Rádio Gazeta / CBN / Cuiabá - MT: Bom-dia Luciano, bom-dia Ministro. Ministro, nessa política agrícola sabemos que quem coloca comida na mesa do brasileiro é a agricultura familiar. Eu gostaria de saber como é que vem ocorrendo aí a questão dessa política agrícola, de apoio à agricultura familiar, em especial aqui para o Estado de Mato Grosso. É claro, nesse momento em que se discute também as questões ambientais aqui no nosso Estado.

MINISTRO WAGNER ROSSI: Olha! A agricultura familiar é um dos grandes sucessos do governo do Presidente Lula. Antigamente se falava da agricultura de subsistência, mas na verdade não subsistia nem o pai, nem a mãe, nem os filhos. Porque o sujeito produzia, lutava, não tinha apoio. Quando ele tinha o produto, passava o atravessador e comprava por preço vil, a gente falava preço de banana, hoje a gente não pode mais falar mais essa expressão porque banana não é mais tão barato. Então enfim, ia lá e comprava por qualquer preço, levava o trabalho, o suor, o sangue do trabalhador rural e, às vezes, me contavam aqui algumas lideranças que me visitavam, naquela época eu era presidente da Conab, diziam: “presidente nós recebíamos o primeiro caminhão que vinha, como eram produtos perecíveis, a gente entregava pelo preço que fosse”. Acontece que às vezes eles paravam pela primeira vez para pegar, esquecia de passar a segunda vez para pagar. Quer dizer, o agricultor, o pequeno agricultor estava na mão de atravessador, não tinha apoio. O presidente Lula organizou esse setor. Na verdade ele criou um ministério para isso, que é o MDA, Ministério do Desenvolvimento Agrário. Algumas pessoas diziam: Mas isso não tirou da agricultura? Não, para nós a atenção especial que o presidente Lula dá ao pequeno agricultor é um ganho também para a agricultura. Por quê? Porque como você disse, o agricultor familiar se dedica a produzir alimentos, então ele fica fornecendo alimentos não só para os programas do governo, porque o governo também apoia, através do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos). A Conab vai lá e compra. Hoje ele diz assim para o atravessador: “Se você não comprar pelo preço certo, eu vou vender pra Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) . E aí, o que acontece? A produção dele é consumida na própria região. Por exemplo: para a merenda escolar, para as creches, para os asilos porque o governo tem trabalho de fornecer alimentos para aqueles que mais precisam dele. Mas, além disso, a Conab compra para colocar nos estoques públicos. E ao mesmo tempo isso permitiu que a agricultura empresarial, que no Mato Grosso é admirável, ontem, entre os homenageados pelos 150 anos do Ministério da Agricultura estava um grande produtor, que é um símbolo da produção brasileira, que é o Eraí Maggi no Mato Grosso que é um grande produtor de grandes volumes de alimentos, e aí há muitos como ele no Mato Grosso, mas o que aconteceu? Se você tem um pequeno produtor fornecendo alimentos que dá para o povo comer, o grande produtor pode se dedicar às commodities, a produzir soja, produzir milho, a produzir algodão, a produzir bens que podem ser exportados, têm ajudado muito o país a ter uma situação econômica forte como tem hoje. Então, há uma complementação. Muita gente quer fazer um conflito entre agricultura familiar e agricultura empresarial. Eu sou, desde que eu entrei nessa área, há muitos anos, eu sempre achei que era importante tem o pequeno bem, você não pode querer ter o privilégio. O pequeno agricultor tem um valor extraordinário. Então, o que eu quero dizer? Há uma complementaridade. O pequeno está produzindo alimentos, e o grande produzindo commodities e energia, através das energias renováveis que o Brasil é riquíssimo, tanto em etanol de cana de açúcar, como em biodiesel.

APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: No programa Bom dia, Ministro, vamos agora à Belo Horizonte, da Rádio Inconfidência fala Aline Louise. Alô Aline, bom-dia.

REPÓRTER ALINE LOUISE (Rádio Inconfidência / Belo Horizonte – MG: Bom-dia, Luciano. Bom-dia, ministro. Ministro, o Brasil é uma liderança na produção de alimentos, mas tem a questão das mudanças climáticas que devem afetar fortemente diversas culturas. Eu queria saber como é que o país tem trabalhado para mitigar e compensar as emissões nesse setor, já que ele contribuiu de maneira importante com os desmatamentos, uso de defensivos químicos, pensando tanto nos grandes produtores e também na agricultura familiar que muitas vezes carece de mais assistência, informações e ferramentas de produzir de forma sustentável.

MINISTRO WAGNER ROSSI: Olha, você sabe que a agricultura familiar melhorou muito no governo do Presidente Lula, só para ter uma ideia, 14 mil tratores foram vendidos para agricultores familiares, nunca houve nada parecido na história do país. E realmente nós estamos preocupados com o nosso Programa Agricultura de Baixo Carbono, estamos tentando enfrentar o desafio que é compatibilizar a produção de alimentos e preservação do meio ambiente. Que como eu disse são valores nacionais igualmente importantes. Então, o que nós estamos fazendo? Estamos estimulando práticas, que ao contrário de degradar o meio ambiente, recupera o meio ambiente, faz com que o meio ambiente tenha uma contribuição efetiva da agricultura. E nós estamos fazendo isso através dessas práticas que eu chamei de Programa ABC, que é a Agricultura de Baixo Carbono, que exatamente captura o CO2 e evita a emissão dos gases de efeito estufa. Eu acho que nós vamos indo muito bem nesse objetivo.

APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: Muito obrigado Ministro Wagner Rossi pela sua presença aqui hoje no programa Bom Dia, Ministro.

MINISTRO WAGNER ROSSI: Obrigado a todos.

APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: Até uma próxima oportunidade. Nós estamos encerrando, nesse momento, o programa Bom Dia, Ministro, que teve a coordenação e a produção da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, em parceria com a EBC Serviços. Hoje recebemos o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi. Eu sou Luciano Seixas, e nós voltamos numa próxima oportunidade, até lá.