APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Olá, amigos em todo o Brasil. Começa agora mais uma edição do programa Bom Dia, Ministro. O programa é coordenado e produzido pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, em parceria com a EBC Serviços. Hoje, aqui nos estúdios da EBC Serviços, o Ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante. Bom dia, Ministro, seja bem-vindo.
MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Bom dia Kátia, bom dia a todos os ouvintes. É um prazer muito grande retornar ao seu programa.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: O prazer é todo nosso, Ministro. E na pauta do programa de hoje, a concessão de bolsas de estudo e a redução de tributos, de impostos, para a compra de tablets, que são aqueles computadores de mão sem teclado, com tela sensível ao toque. O Ministro da Ciência e Tecnologia já está aqui, no estúdio da EBC Serviços, pronto para conversar com âncoras de emissoras de rádio de todo o país, nessa rede de emissoras que participam conosco desse programa que é multimídia; estamos ao vivo, no rádio e na televisão. Ministro, já está na linha a Rádio Guaíba, de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde está a Marjulie Martini. Bom dia, Marjulie.
REPÓRTER MARJULIE MARTINI (RÁDIO GUAÍBA - PORTO ALEGRE-RS): Bom dia, Kátia. Bom dia, Ministro. Bem, a primeira pergunta é com relação, justamente, a esse programa de liberação de mais bolsas, 100 mil bolsas para estudantes brasileiros no exterior. Claro que todo mundo comemora essa possibilidade, de que haja mais bolsas de estudo para ensino superior e para pós-graduação, mestrado e doutorado, enfim, mas a pergunta também - eu acho que todos os estudantes se fazem nesse momento - é de quando bolsas serão liberadas para a melhoria da pesquisa e do ensino superior aqui no Brasil, para que a gente talvez perca um pouco essa mentalidade ainda de colonizados, de que só o estudo fora do país é melhor.
MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Olha, Marjulie, eu agradeço a sua pergunta. E as duas coisas são importantes. Nós tivemos, ao longo dos últimos anos, no governo Lula e agora, no início do governo da presidenta Dilma, um salto extraordinário na rede pública de ensino. Nós tínhamos 43 campis universitários e hoje temos 230 campis. Isso é um avanço, especialmente para as regiões menos desenvolvidas do Brasil. Você veja, por exemplo, a região Nordeste: ela tinha apenas 1,4% do sistema de pós-graduação do Brasil. Hoje tem 10%; nove anos depois tem 10% da estrutura. Na região Norte, nós só tínhamos 19 cursos de doutorado, formávamos 340 doutores por ano. Hoje, nós temos 40 cursos de doutorado e estamos formando 1.430 doutores. Então houve uma expansão em todo o Brasil, uma interiorização, uma desconcentração da região Sudeste, que reunia mais de 80% do sistema de pós-graduação. Ao mesmo tempo, a rede de universidades federais ampliou de forma extraordinária os cursos de graduação. Então nós tínhamos em torno de 320 mil alunos concluintes, em 2002, e hoje temos um milhão de alunos. Nós triplicamos o volume de acesso ao ensino superior em apenas nove anos. Este esforço, ele tem que ser complementado, agora, pelo investimento em estrutura, laboratórios, equipamentos... O Ministério de Ciência e Tecnologia vem trabalhando bastante nessa direção, para poder melhorar cada vez mais a qualidade, especialmente das pesquisas e da pós-graduação, que são fundamentais para a gente ter bons cursos; se você não pesquisa, você não ensina com qualidade. Agora, o programa Ciência sem Fronteira, ele busca dar condições para que o Brasil participe nas principais universidades do mundo, para que a gente acelere a condição de termos universidades de classe mundial, porque a produção científica, em muitas áreas, ela é internacional. Na medicina, cada descoberta, em qualquer país, serve para melhorar a vida de paciente em qualquer lugar do mundo. Por isso, os congressos internacionais, por isso a pesquisa é internacionalizada. Na matemática, a mesma coisa; na física, na química, na biologia... Na área de ciências humanas é menos, porque as especificidades são nacionais. Então, quanto mais a gente articula redes de pesquisa e o Brasil participa de forma mais ativa, melhor a resposta que nós podemos ter ao desenvolvimento da ciência e ao desenvolvimento econômico, social, do Brasil. Nós tínhamos em torno de 5.300 bolsas para o exterior, da Capes e do CNPq; são as duas agências prioritárias no fornecimento de bolsas. Nós, agora, estamos indo para 75 mil bolsas nos próximos três anos e meio. É um salto extraordinário que o governo da presidenta Dilma está fazendo. E qual é o critério? Os melhores alunos do Brasil nas melhores universidades do mundo. As 50 melhores universidades nas áreas das ciências básicas, que são matemática, química, física, biologia, nas áreas das engenharias e nas áreas tecnológicas, serão o destino dos nossos alunos. E quem são os alunos que podem ter acesso a esse programa? Os que tiveram nota acima de 600 pontos no Enem. Portanto, nós temos aí em torno de 53 mil alunos, no último Enem, que estão em condições de acessar esse programa, são alunos do Prouni, e mais 71 mil alunos que também tiveram mais de 600 pontos no Sisu. Então, nós temos aí um público alvo, o primeiro público alvo que tem condições de ir para esse programa, em torno de 130, 120... 130 mil alunos. Além disso, os alunos que foram medalhistas nas olimpíadas da matemática, das ciências, também terão acesso direto ao programa. E aí as universidades vão, internamente, estabelecer critérios sempre públicos, sempre através de editais, sempre com critérios objetivos, para que esses alunos possam acessar. O esforço que nós vamos fazer agora é no curso de línguas. Muito esforço não só no inglês, que é uma condição importante para muitas universidades, mas o espanhol, o alemão, o mandarim... Enfim, para a gente ter mais opções. Estamos buscando parcerias com o Instituto Goethe, na área do alemão, com a Fundação Confúcio, na área do mandarim, que é fundamental para os estudantes que querem ir para a China. Então nós queremos... Esses cursos serão cursos para graduação de um ano no exterior: nove meses fazendo o curso e três meses trabalhando numa indústria, para ter uma experiência profissional, ajudando, inclusive, que esses estudantes, no futuro, possam ser contratados por essas empresas. E nós teremos, também, bolsas semelhantes para o doutorado e para o pós-doutorado. Só para concluir, também estamos fazendo neste programa... Atrair de volta ao Brasil, ou atrair para o Brasil, especialmente brasileiros, mas não só, jovens talentos científicos. Então 1.200 jovens talentos serão atraídos por esse programa. Nós queremos que eles venham fazer... pesquisar no Brasil. É um programa de três anos para que eles se insiram no país e depois permaneçam no Brasil. E também teremos um programa para pesquisadores de altíssimo nível internacional, para que façam acompanhamento e pesquisas no país. Então é uma forma do Brasil se colocar no que tem de melhor na ciência internacional e é assim que a gente produz conhecimento, é em parceria, trabalhando junto e o Brasil disputando seu lugar. Nós já somos a sétima economia do mundo e precisamos avançar na produção científica e na inovação.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Marjulie, você tem outra pergunta?
REPÓRTER MARJULIE MARTINI (RÁDIO GUAÍBA - PORTO ALEGRE-RS): Tenho, sim. É com relação aos alertas de desastres no sistema que deve iniciar agora, em novembro. Bom, aqui em Porto Alegre, está chovendo agora, a gente teve uma semana inteira de problemas, não só aqui, no Rio Grande do Sul, mas também em Santa Catarina, e, conforme informação, vocês têm 25 pontos já com cartas geográficas já pré-prontas, que seriam os primeiros a ser analisados. E aí eu puxo a brasa para o assado, aqui, do Rio Grande do Sul. Quais são as áreas, aqui, do Rio Grande do Sul, que devem ser monitoradas já no início desse sistema de alerta de desastres?
MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Olha, Marjulie, o sistema de alerta, uma parte dele é responsabilidade... É o Sistema de Alerta e Monitoramento Contra Desastres Naturais. Nós estamos vendo que o aquecimento global, os extremos climáticos estão se agravando; 58% dos desastres naturais no Brasil são inundações, 11% são desmoronamentos, mas morre muito mais gente em desmoronamento do que em inundações. Nós temos, depois, outros, como, por exemplo, ventanias, seca, enfim. Mas o mais importante, o que mais atinge a população são as enchentes e os desmoronamentos. E os desmoronamentos são os que mais matam pessoas no Brasil. Nós esperamos ter o sistema... já há alguns projetos-piloto implantados, para o próximo verão, no final do ano. O sistema vai ficar localizado, a parte que compete ao Ministério de Ciência e Tecnologia, em Cachoeira Paulista, onde está a sede do CPTEC/Inpe, que faz as previsões de clima. Por quê? Porque nós precisamos das informações do satélite, de previsão meteorológica, dos radares... Nós estamos integrando todos os radares disponíveis no Brasil, não só os do Inpe, mas também o do INMET, que é do Ministério da Agricultura, e da própria Aeronáutica; ela vai disponibilizar os seus radares para nós termos mais informações meteorológicas, melhor capacidade de previsão. Nós estamos implantando pluviômetros, que são, exatamente, a coleta de chuva para você avaliar quanto choveu, que é fundamental para você analisar a possibilidade de desmoronamentos, também... Hidrômetros, que fazem o acompanhamento da elevação do nível dos rios. E todas essas informações vão ser processadas por um supercomputador que nós temos ali, no Inpe, que é um instituto do Ministério de Ciência e Tecnologia, que é o segundo maior computador na área de meteorologia, porque são cálculos matemáticos extremamente complexos para você fazer a previsão. Agora, o que é que falta no Brasil? Falta um segundo passo, que é o levantamento geotécnico. Ou seja, os geólogos precisam ir a campo, identificar quais as cidades em que as áreas de risco estão monitoradas e bem levantadas, ou seja, você tem que saber exatamente qual é a situação, por exemplo, de uma favela que está num morro inclinado, saber que tipo de terreno e quanto de chuva poderá levar ao desmoronamento. Esse trabalho de campo está atrasado no Brasil. Nós estimamos, nós temos... Estamos acompanhando, junto com o CPRM, que é a Comissão de Pesquisa de Recursos Minerais, acelerando esse levantamento. Nós imaginamos ter, até o verão, 25 cidades brasileiras onde o mapeamento das áreas de risco já esteja pronto. Alguns municípios fizeram um belo trabalho. O Rio de Janeiro, por exemplo, fez um levantamento muito bem feito, as áreas estão todas detectadas. Nós podemos aprimorar bastante o sistema de alerta, junto com o Rio de Janeiro, e assim por diante. Quer dizer, algumas grandes cidades já têm esse levantamento. Nós estamos dando prioridade às áreas onde há risco potencial maior. Por último, eu não posso te dizer especificamente, no Rio Grande do Sul, quais os municípios que estarão prontos até o final do ano, mas eu me comprometo a passar depois, para a Kátia, e ela pode informar ou mais tarde a gente fala com a Rádio Guaíba. Mas, em alguns municípios, estão, sim, já prontos, no estado do Rio Grande do Sul, e nós esperamos ter esse sistema pronto para o final do ano. Agora, o que é que ainda falta? Falta uma terceira perna do sistema. O Ministério da Integração também está trabalhando intensamente para que a Defesa Civil desses municípios esteja preparada para o sistema de alerta. No Rio de Janeiro, eu vi uma experiência interessante, que eles mobilizaram o programa Saúde da Família. Os agentes comunitários, que já estão nas comunidades, sempre fazendo prevenção para a saúde, eles estão recebendo um celular e vão trabalhar para ajudar na mobilização, porque a população tem que saber como sai daquela área de risco, para onde vai, aonde é mais seguro e todo esse trabalho preventivo precisa avançar junto com o nosso sistema de monitoramento. O Brasil, felizmente, não precisou disso durante muitos anos, mas é imprescindível que a gente tenha esse sistema. Outros países... A Índia, por exemplo, também está instalando este ano, também não tinha um sistema. Não era sujeita a mudanças tão bruscas do clima, mas nós precisaremos trabalhar muito na prevenção, para salvar vidas e diminuir as tragédias, como nós tivemos recentemente no Rio de Janeiro e onde cerca de mil pessoas faleceram.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Este é o programa Bom Dia, Ministro. Eu sou Kátia Sartório e estamos hoje com o Ministro Aloizio Mercadante, da Ciência e Tecnologia. Ele conversa com âncoras de emissoras de rádio de todo o país. Lembrando que o sinal dessa entrevista está no satélite, no mesmo canal da Voz do Brasil. Ministro, vamos, agora, à Belo Horizonte, Minas Gerais, conversar com a Rádio UFMG Educativa 104,5 FM, onde está Rafael Lopes. Bom dia, Rafael.
REPÓRTER RAFAEL LOPES (RÁDIO UFMG EDUCATIVA 104,5 FM / BELO HORIZONTE - MG): Bom dia, Kátia. Bom dia, Ministro Mercadante. Bom, Ministro, eu queria voltar a falar um pouquinho desse programa Ciência sem Fronteiras. O ex-Ministro da Educação e senador, Cristovam Buarque, afirmou que o Brasil, hoje, tem deficiências na educação de base, o que pode dificultar a seleção desse contingente de 100 mil alunos que estariam aptos a estudar no exterior e que, portanto, essas bolsas podem acabar não sendo preenchidas. O senhor acredita que isso possa, de fato, acontecer?
MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Não, eu dei os dados. Quer dizer, como o critério de acesso são os alunos que tiveram mais de 600 pontos no Enem, nós já temos aí 120 mil alunos aptos a disputarem, por exemplo, na graduação, as 27.100 bolsas que serão destinadas. A bolsa doutorado de um ano, 24.600 alunos, nós temos uma demanda muito forte já, hoje, no plano do doutorado. As 9.790 bolsas de... Desculpe, as 8.900 bolsas de pós-doutorado também. Nós temos mais de 150 mil doutores que tem interesse nessa área. Portanto, nós temos alunos, temos doutores, temos pós-doutores, temos profissionais que querem e já demandam bolsas de estudo. O que nós vamos... O que ele estava dizendo no seu pronunciamento era que faltava qualidade no Ensino Fundamental para nós chegarmos a esse... E realmente, nós temos deficiências no Ensino Fundamental, mas ele também vem evoluindo positivamente. Nós temos... Estamos melhorando nos rankings internacionais, melhorias sensíveis, por exemplo, na matemática, é um dos países que mais melhorou no Pisa, que é o Exame Internacional de Avaliação de Condição de Educação, apesar das deficiências que são sabidas por todos. Este programa também vai motivar os jovens a estudarem cada vez mais. Eles saberão que não só no Enem eles podem entrar na universidade pública, eles podem ter acesso ao Prouni, entrar numa boa universidade particular, como mais do que isso: os alunos se motivarão a poder fazer seu estágio no exterior ou fazer o seu curso de doutorado pleno no exterior, e isto é uma grande motivação profissional. O nosso programa, ao total, são 75 mil bolsas. Uma parte desses profissionais, 860, são jovens talentos para virem do exterior; 390 são pesquisadores, visitantes especiais, são grandes lideranças intelectuais que nós queremos atrair do exterior para o Brasil. Portanto, nós também estamos trazendo gente que estava fora do Brasil, brasileiros que estavam fora do Brasil, de volta ao país. Então é um movimento de ir, mandar mais gente para lá, e esses alunos estarem nas melhores universidades do mundo, isso vai trazer uma grande motivação e um salto na ciência do país. A gente não pode ficar simplesmente identificando as nossas deficiências. Nós temos que ter política pública corajosa, ousada, focada, competente, para dar um salto no nosso sistema educacional.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Você tem outra pergunta, Rafael?
REPÓRTER RAFAEL LOPES (Rádio UFMG Educativa 104,5 FM / Belo Horizonte – MG): Tenho, sim, Kátia.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Pois não.
REPÓRTER RAFAEL LOPES (RÁDIO UFMG EDUCATIVA 104,5 FM / BELO HORIZONTE - MG): Bom, Ministro, a gente acompanhou aí, no início do mês, as discussões da reunião anual da SBPC, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, e uma das grandes questões levantadas foi de que o Brasil não inova, ou inova pouco, ocupando apenas a posição de nº. 47 no ranking mundial de inovação. Ministro, para reverter esse quadro, o Ministério de Ciência e Tecnologia planeja outras medidas, além dessa isenção de tributos para a produção de tablets, visando a criação de novos polos de desenvolvimento tecnológico no país? O senhor tem alguma novidade em relação a isso?
MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Não, temos, sim. Primeiro o programa, esse Ciência sem Fronteira, a Bolsa Brasil, como nós a estamos denominando, ela vai impulsionar a inovação, porque nós estamos focando principalmente nas áreas das engenharias, nas áreas tecnológicas, além das ciências básicas. Então, são profissionais que vão vir mais habilitados, mais motivados, exatamente, a avançarmos na área da inovação. Nós estamos também trabalhando bastante na área de Tecnologia da Informação que você mencionou. O Brasil, hoje, é o sétimo mercado mundial, na área de Tecnologia da Informação. Nós estamos... Temos aí em torno de – Tecnologia de Informação e Comunicação – um faturamento de US$ 162 bilhões, hoje. O Brasil é o quarto mercado de venda de computadores. Nós somos o quinto mercado da venda de televisores. Nós estamos produzindo 80 milhões de celulares por ano. Portanto, esse mercado interno forte do Brasil, nós queremos utilizar para atrair investimentos e para melhorar o conteúdo local, a agregação de valores na cadeia produtiva de Tecnologia da Informação. Então, os tablets foi um primeiro movimento que nós fizemos. Ou seja, quem quiser vender tablet no Brasil, com incentivo fiscal, e o incentivo é grande, é uma redução de 31% dos impostos, só dos impostos federais, que nós vamos ter agora, nesse segundo semestre, um tablet muito mais barato, ele tem que produzir 20% dos componentes no Brasil, no primeiro ano, 80%, em três anos. Então, o que nós pretendemos com isso? Trazer, por exemplo, uma indústria de semicondutores para o Brasil. Só 20 países do mundo produzem semicondutores. Nós queremos, também, trazer a indústria dessa tela de toque, essa tela que é o que constrói o tablet, que é uma tecnologia que está tendo uma grande aceitação mundial. Só quatro países no mundo – estão todos na Ásia – produzem essa tela. O Brasil será o primeiro país do Ocidente a ter essa indústria, se nós concretizarmos os entendimentos, que estão muito avançados nessa direção. Então, isso que nós estamos fazendo com o tablet nós pretendemos fazer com os celulares, com os televisores, com os computadores, laptops, notebooks, PCs, ou seja, com toda a cadeia de Tecnologia da Informação. Isso ajudará a estimular a inovação. Além disso, nós estamos dialogando para impulsionar o software livre. Essa comunidade que produz... Nós temos mais de 320 mil softwares, hoje, livres, que são feitos de forma colaborativa. Além das indústrias, das universidades, nós temos uma comunidade muito talentosa na internet, que produz conhecimento. Nós queremos fortalecer esse trabalho junto com eles. Nós estamos dialogando, já de forma bastante avançada, com a CNI, a Confederação Nacional da Indústria. Nós vamos ter, dia 3, agora, de agosto, o Congresso Brasileiro da Indústria e da Inovação, que é uma parceria da CNI com o Ministério da Ciência e Tecnologia. A presidenta Dilma, inclusive, deverá estar presente nesse Congresso. Nós estamos trazendo para esse Congresso grandes lideranças internacionais, o presidente da Academia Chinesa de Ciências, estamos trazendo o diretor da Fundação Fraunhofer, da Alemanha, e outros assim, para exatamente criar uma cultura de inovação no Brasil. Nós precisamos estimular a indústria brasileira a investir mais em pesquisa e desenvolvimento. Estamos, também, constituindo fundos setoriais, a exemplo do que nós temos no petróleo. Dois porcento da produção de petróleo, hoje, é canalizada para a pesquisa e desenvolvimento. Por isso que nós chegamos no pré-sal, por isso o Cenpes, hoje, é um polo fundamental de pesquisa. Nós temos que fazer isso na mineração, na indústria da construção civil, na indústria automobilística. Por exemplo, o Brasil é o quinto país que mais produz automóveis e consome automóveis no mundo; no entanto, nós não temos uma marca do Brasil, e nós temos pouca pesquisa na área automotiva no Brasil. Só duas empresas têm pistas de testes no Brasil. Nós queremos mudar isso. Os incentivos fiscais na indústria automotiva têm que estar vinculado ao conteúdo local, à pesquisa e desenvolvimento no Brasil. Então, o nosso Ministério está atuando em várias frentes para fomentar a inovação. E com a CNI, nós estamos discutindo a constituição de uma Embrapa da indústria. Criar, a exemplo do que nós temos na agricultura, uma instituição que faça exatamente o apoio à inovação, que atenda à demanda das micro e pequenas empresas, das empresas inovadoras, para que a gente possa avançar o processo de inovação, que é por onde a gente desenvolve tecnologia e lidera a economia mundial.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Este é o programa Bom Dia, Ministro. Eu sou Kátia Sartório, e o nosso convidado de hoje, o Ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, que conversa com âncoras de emissoras de rádio de todo o país. Lembrando que o áudio dessa entrevista vai estar disponível ainda hoje, pela manhã, na internet, na página da Secretaria de Imprensa da Presidência da República. O endereço é: www.imprensa.planalto.gov.br. Ministro, vamos ao Rio de Janeiro, agora, conversar com a Rádio Nacional do Rio AM, onde está Marco Antônio Monteiro. Bom dia, Marco Antônio! Marco Antônio? Daqui a pouco a gente tenta falar com ele. Vamos, então, a Salvador, na Bahia, conversar com a Rádio Excelsior, de Salvador. Edson Santarini, muito bom-dia!
REPÓRTER EDSON SANTARINI (Rádio Excelsior / Salvador – BA): Bom dia a todos. Bom dia! Bom dia a todos... Bom dia, Ministro!
MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Bom dia, Edson.
REPÓRTER EDSON SANTARINI (Rádio Excelsior / Salvador – BA): É um prazer falar com o senhor mais uma vez, Ministro Mercadante. Ministro, o investimento do governo é alto, não é, nesse Programa Ciência sem Fronteira. Agora, a nossa preocupação é de que forma o governo pretende motivar e atrair esses jovens contemplados, após a conclusão dos cursos, para que não corra o risco que eles migrem para as grandes indústrias de outros países, para a gente não investir e, depois, o investimento não valer a pena, e esses profissionais acabem sendo atraídos por salários, por motivação de trabalho, por outros países de outras unidades industriais.
MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Edson, eu acho que é excelente a sua pergunta. Nós tivemos, aí, nesses 20 anos de recessão, de estagnação, de hiperinflação, uma verdadeira diáspora de cérebros no Brasil, talentos brasileiros que foram embora do Brasil por falta de oportunidade, por falta de perspectiva. O que é que nós sentimos hoje? Nós sentimos um movimento inverso. Os Estados Unidos estão cortando fortemente as despesas na área de pesquisa... Há um desemprego crescente na área acadêmica, que é uma coisa inédita na história americana. E eles ainda estão com deficit público de 9,1% do PIB. Você está vendo o conflito entre o governo e o Congresso, eles vão ter que cortar mais recursos. Isso vai liberar pesquisadores e talentos. A União Europeia também vive uma situação fiscal muito delicada. A situação de Portugal... Só para dar um exemplo: o Brasil, quando foi para o FMI, recebeu 4,7% do seu PIB de ajuda externa; Portugal está recebendo 48%. Imagine o custo de pagamento dessa dívida. Então, está com dificuldades grandes Portugal, Espanha, Grécia, Itália, e isso tudo significa um grande potencial de atração do Brasil. O Brasil não só é o segundo país que mais atrai investimento no mundo, hoje, investimento externo, como muitos profissionais querem e estão voltando para o Brasil. Esse nosso programa pretende exatamente abrir uma porta de retorno para os talentos brasileiros que estão no exterior e uma porta para cientistas qualificados e de alto nível que venham para o Brasil, porque, na nossa história, eles contribuíram muito para o desenvolvimento científico e tecnológico. Por exemplo, o Instituto de Tecnologia da Aeronáutica, o ITA, que deu origem à Embraer, como é que nós começamos o ITA, há 60 anos atrás? Nós contratamos o reitor do MIT, que, até hoje, é uma das principais escolas de Engenharia e de Ciência e Tecnologia no mundo. E ele veio montar o ITA, e o ITA é a qualidade que continua sendo até hoje. Então, nós precisamos atrair essas lideranças científicas para dar um salto importante na área de Ciência e Tecnologia. O Brasil, hoje, está atraindo muito, e nós acreditamos que esse é um movimento prioritário. Além disso, nós estamos fazendo alguns projetos, por exemplo, com a Embrapa. Nós estamos lançando um portal, em que o pesquisador continua no país que ele está, mas ele pode participar de pesquisas no Brasil. Ou seja, nós criamos uma rede de pesquisadores, uma rede cibernética, uma rede na internet. Ela fez, agora, um edital na África e 173 pesquisadores se inscreveram para fazer parte, foram selecionados 15. Então, é muito interessante essa modalidade. Portanto, nós acreditamos que o Brasil, hoje, é um país em crescimento, é um dos países com estabilidade macroeconômica, com democracia, e é um país que vai atrair muitos talentos e muito investimento para a pesquisa e para o desenvolvimento.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro Aloizio Mercadante, vamos agora conversar...
Mais uma vez, tentar conversar com o Marco Antônio Monteiro, da Rádio Nacional do Rio, a Rádio Nacional AM do Rio. Bom dia, Marco.
REPÓRTER MARCO ANTÔNIO MONTEIRO (Rádio Nacional do RJ AM / Rio de Janeiro – RJ): Bom dia! Bom dia a todos os ouvintes! Bom dia ao Ministro Aloizio Mercadante. Ministro, aproveitando essa sua última resposta, ainda aprofundando um pouquinho o programa Ciência sem Fronteiras. Quando se fala em um programa desse tipo, se fala claramente em se preparar o Brasil para um desenvolvimento para os próximos 10, 20, 30 anos. Nós tivemos um país que, se a gente lembrar, entre os anos 80 e 90, os clubes de Engenharia, as associações de engenheiros faziam apelos para a criação de empregos no setor, e, hoje, o Brasil precisa de engenheiros, precisa de muito mais profissionais qualificados. Nesse programa, especificamente, se pensa em que setores como investimento prioritário, lembrando que os setores e as demandas mudam, em um prazo de 10, 20 anos? Que setores são prioritários para que a gente forme esses talentos que possam voltar para o Brasil?
MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Olha, Marco Antônio, na realidade, nós queremos preparar o Brasil para que o Brasil seja a quinta economia do mundo até 2020. É nessa direção que nós estamos trabalhando. Nós já estamos consolidando a posição de quinta economia e, se nós quisermos dar esse salto – além de sermos um país que lidera tudo o que diz respeito à economia do conhecimento natural, somos o segundo maior produtor e exportador de alimentos do mundo, hoje, somos um grande exportador de minério, seremos um grande exportador de gás e petróleo, com as riquezas do pré-sal –, nós precisamos desenvolver a economia do conhecimento, a sociedade do conhecimento, a média e a alta tecnologia. E isso se faz investindo em recursos humanos, formando exatamente nas áreas de engenharias, ciências básicas, Física, Química, Matemática, Biologia, e nas áreas de tecnologia, todas as áreas de tecnologia de ponta, biotecnologia, nanotecnologia, novos materiais, tecnologia de transição para a economia verde, biodiversidade e bioprospecção, ciências do mar, indústria criativa, novas tecnologias de engenharia construtiva, engenharias renováveis, tecnologia mineral... Então, todas essas áreas... Fármacos, tecnologia aeroespacial, computação e tecnologia de informação... Todas essas áreas são objeto desse nosso programa. E há uma ênfase especial nas engenharias. Primeiro porque nós tivemos muito poucas bolsas de estudo para as engenharias, nos últimos anos; segundo porque o Brasil forma um engenheiro para cada 50 formandos – a Coreia forma um para cada quatro; mesmo o México forma um para cada 20. Então, nós tivemos um crescimento muito significativo nas Humanas. Isso é muito importante porque essa revolução científica, tecnológica, que está em andamento... Nós temos que discutir também qual é o sentido dessa mudança tecnológica, e quem discute isso são as Humanidades: criar uma sociedade mais tolerante, uma sociedade com valores, uma sociedade que preserve o meio ambiente. Tudo isso faz parte das Humanidades, mas nós precisamos melhorar a nossa base tecnológica e a nossa capacidade de inovação, se nós quisermos liderar a economia mundial, e esse é o esforço desse programa e esse é o esforço do Ministério.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Nós estamos conversando hoje com o Ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante. Estamos ao vivo, no rádio e na televisão, neste programa que é multimídia, o Bom Dia, Ministro, que é produzido e coordenado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, em parceria com a EBC Serviços. Ministro, vamos agora a Salvador... Melhor, a Florianópolis, Santa Catarina, à Rádio Udesc FM, conversar com Salvador dos Santos. Bom dia, Salvador.
REPÓRTER SALVADOR DOS SANTOS (Rádio Udesc FM / Florianópolis – SC): Bom dia, Kátia Sartório! Bom dia, Ministro!
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Salvador, o seu retorno não está bom para a gente. Você pode tentar melhorar, por favor?
REPÓRTER SALVADOR DOS SANTOS (Rádio Udesc FM / Florianópolis – SC): Ministro...
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Salvador? Salvador? Daqui a pouco, a gente tenta falar com Salvador dos Santos, da Rádio Udesc FM, de Florianópolis. Nós não estamos com um bom sinal. Vamos tentar melhorar o sinal para falar com ele. Então, enquanto esperamos, a Rádio BandNews FM, aqui de Brasília, já está na linha também, Ministro. Rodrigo Orengo, bom dia!
REPÓRTER RODRIGO ORENGO (Rádio BandNews FM / Brasília – DF): Bom dia! Bom dia, Ministro! Ministro, eu me recordo que, no início do ano, após uma reunião ministerial, o senhor anunciou um sistema de prevenção de alerta e desastres naturais. Esse sistema estaria completamente implementado em quatro anos. Eu lhe pergunto se, passado esses meses, existe a possibilidade de instalar esse sistema em menos tempo.
MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Rodrigo, a parte que compete ao Ministério de Ciência e Tecnologia, seguramente, nós implantaremos. Nós estamos realizando um concurso público para 75 especialistas, são hidrólogos, geólogos, especialistas em desastres naturais, meteorologistas, e essa equipe vai ficar 24 horas, tempo integral. Nós já estamos com uma equipe trabalhando em Cachoeira Paulista, nós estamos ampliando essa equipe. Nós já temos a estrutura de montagem do centro. Temos os equipamentos, o supercomputador. Como eu disse aqui, os radares todos do Brasil, inclusive da Aeronáutica, que só cuidavam do tráfego aéreo, serão disponibilizados para esse sistema, para melhorar a nossa previsão. Todas as imagens de satélite... Nós estamos fazendo um sistema de alto nível para que a gente possa aprimorar a nossa capacidade de prevenção, porque prevenção em chuvas... Nós vamos ter aí entre duas a seis horas para disparar um alerta, para poder mobilizar uma comunidade. Então, nós vamos ter que ter uma sirene nas áreas de risco. O que é que falta para a gente... Até o final do ano, nós vamos ter em torno de 25 municípios que já têm as áreas de risco mapeadas da parte geológica. Quer dizer, os geólogos têm que identificar as áreas, identificar que tipo de terreno, que nível de chuvas, qual é o volume de chuvas que pode levar, por exemplo, a um desmoronamento. E a identificação das bacias hidrográficas, para ver a inundação... que população vai ser atingida. Então, esse trabalho nós teremos já para 25 cidades. Algumas grandes cidades estão muito avançadas, como é o caso do Rio de Janeiro. Paralelamente, o Ministério da Integração precisa organizar a Defesa Civil nessas cidades, que é muito heterogênea a situação. Tem estados que têm uma boa Defesa Civil, tem municípios que têm uma excelente Defesa Civil, e outros que têm uma estrutura completamente precária e despreparada. Então, o trabalho de treinamento e de formação é um trabalho que precisa ser feito em paralelo com o esforço do Ministério de Ciência e Tecnologia, e o ministro Fernando Bezerra está trabalhando também nesta perspectiva. Agora, o que é que é a maior dificuldade? É o levantamento geotécnico das áreas de risco, porque os geólogos brasileiros, nesses últimos anos, estão sendo muito demandados pela Petrobras. Há muito investimento em petróleo e gás, muito investimento em prospecção, pelas mineradoras, que vivem... Os preços dos minérios de ferro, das commodities são preços extremamente elevados. É um mercado muito atrativo. E nós formamos geólogos que estão sendo direcionados a essas áreas de atividade econômica. Nós, agora, estamos exatamente fazendo concurso, motivando e buscando mobilizar especialmente os geólogos da CPRM, que é a Comissão de Pesquisa e de Recursos Minerais do governo federal, para priorizar o levantamento geotécnico. Uma das opções que nós temos, principalmente para as grandes cidades, é utilizar um sistema a laser. São helicópteros a laser que fazem o levantamento com muita eficiência e colocam isso disponibilizado na internet, com um grau de rigor muito importante para o nosso projeto. Então, com esse sistema de laser, que é um pouco mais caro, nós poderemos acelerar o levantamento geotécnico. Por isso que eu disse que nós não teríamos um sistema pronto em um ano, porque o sistema de alerta vai estar pronto, a previsão meteorológica vai estar pronta, mas o levantamento geotécnico das áreas de risco, morro a morro, encosta a encosta, quantas famílias tem, qual é o nível de chuva que pode desmoronar, isso está atrasado no Brasil. Nós temos poucos profissionais disponíveis e, talvez, a forma de nós acelerarmos esse esforço seja utilizar – a CPRM já está caminhando nessa direção – esse sistema de helicópteros a laser, para que a gente possa acelerar o levantamento. Nós temos 5.500 municípios, uma situação bastante heterogênea, e não é fácil fazer todo este mapeamento.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Quando o senhor fala em falta de geólogos, também, a gente enxerga, assim, uma parceria maior com os governos municipais, não é isso, Ministro?
MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: É, porque esse levantamento, ele sempre foi de responsabilidade dos estados e municípios. O governo federal está entrando agora para reforçar essa área, mas as cidades que são mais precavidas já fizeram o levantamento e vão começar a entrar no sistema em primeiro lugar. Então, eu quero aqui convocar os prefeitos do Brasil para que olhem a necessidade de mapeamento das áreas de risco, um mapeamento tecnicamente competente, e os governadores também, para que a gente possa acelerar a implantação do sistema. Quanto mais rápido nós tivermos esse levantamento, mais eficiente e mais rapidamente nós vamos implantar o sistema de monitoramento de alerta contra os desastres naturais.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Obrigada, Ministro. Então, vamos agora falar novamente com o Salvador dos Santos, da Rádio Udesc FM de Florianópolis, em Santa Catarina. Bom dia, Salvador!
REPÓRTER SALVADOR DOS SANTOS (Rádio Udesc FM / Florianópolis – SC): Bom dia, Kátia!
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Agora sim, né, Salvador?
REPÓRTER SALVADOR DOS SANTOS (Rádio Udesc FM / Florianópolis – SC): Agora deu, né?
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ah-hã.
REPÓRTER SALVADOR DOS SANTOS (Rádio Udesc FM / Florianópolis – SC): Bom dia, Ministro Mercadante.
MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Bom dia, Salvador.
REPÓRTER SALVADOR DOS SANTOS (Rádio Udesc FM / Florianópolis – SC): Bom dia! Além de Florianópolis, também transmitem esse programa as rádios Udesc das cidades de Lages e Joinville. Ministro, a minha pergunta é a seguinte... Já que eu posso fazer só uma. Nós estamos falando aqui de rádios da Universidade do Estado de Santa Catarina, da Udesc. Dessas 100 mil bolsas, milhares delas, com certeza, terão endereço nos Estados Unidos. Como poderia ser resolvido o problema da burocracia para se conseguir visto para aquele país, porque, depois que a universidade de lá libera o cadastro, o bolsista daqui, muitas vezes, encontra inúmeras dificuldades para conseguir o visto, chegando até, às vezes, a perder o prazo para iniciar as atividades. Como poderíamos, então, trabalhar no sentido de resolver essa situação?
MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Salvador, deixa eu só corrigir uma informação, que é a seguinte: o programa do governo são 75 mil bolsas. Nós estamos trabalhando com o setor privado para que ele aporte recursos... E várias empresas estão aportando. Por exemplo, a British Gas já se responsabilizou por 450 bolsas, na área de Engenharia, por ano, para cursos no exterior. Ontem, a Fenabrave, que são as... a federação que organiza as agências de automóveis, já colocou mais 100 mil bolsas para o sistema. A Febraban disse que vai fazer a sua oferta. A Anfavea, da indústria automotiva, vai fazer a sua oferta. Quer dizer, os empresários, agora, estão se mobilizando para apresentar quantas bolsas vão ajudar a conceder. Algumas empresas... Por exemplo, a Portugal Telecom disse que pagará todas as taxas dos alunos, na área de Telecomunicações e Ciências da Computação, dará um estágio remunerado para aqueles que forem para as três universidades de melhor ranking em Portugal e contratará, na volta, esses profissionais, para todos que forem. Então, as empresas estão interessadas, porque sabem que nós estamos mandando os melhores alunos para as melhores universidades, e isso poderá permitir que a gente chegue a essa meta de 100 mil bolsas. O que nós temos agora são 75 mil, incluindo os que vão e os que voltam. Nós tivemos... Na visita do presidente Obama, a presidenta tratou desse programa de bolsa de estudo. Vou dar um exemplo para você. O MIT, que é a melhor escola de Engenharia do mundo, reconhecida em dois rankings internacionais, na área de tecnologia, nós tínhamos 14 doutores brasileiros estudando. O acordo que nós estamos fazendo com o MIT, nós vamos para 200 doutores. É um salto extraordinário. Isso estamos fazendo com cada universidade de excelência no mundo. Estamos trabalhando universidade por universidade para atingirmos essa meta. O Departamento de Estado e o próprio presidente Obama deu muita ênfase ao programa, gostou muito do programa, e eles... Realmente, nós mandamos os nossos técnicos do CNPq e da Capes, fizemos uma reunião com as 400 universidades americanas, apresentando o programa, e iniciamos essa relação bilateral, para poder estabelecer exatamente quantas bolsas nós vamos ter lá, quantas vagas nós vamos ter, para poder implementar o programa. Por tudo isso, eu acho que nós poderemos, sim, trabalhar junto ao Departamento do Estado, para que este programa seja facilitado à concessão de visto. Eu acho que é uma bela lembrança que você faz, e nós vamos entrar em contato agora – porque eles estão acompanhando todo esse esforço – para que a gente possa agilizar a desburocratização. Ao mesmo tempo, o Brasil também precisa agilizar a concessão de visto de trabalho, quando se tratam de pesquisadores de alto nível que vêm e querem vir para o Brasil. Nós não podemos ter a mesma exigência para um doutor que vem para fazer uma pesquisa – portanto, fundamental para os interesses estratégicos do Brasil – e para qualquer outro cidadão que venha trabalhar em qualquer outra área. No mundo inteiro, há uma distinção, e nós precisamos também criar essa distinção no Brasil e agilizar o visto de entrada para pesquisadores de alto nível que venham contribuir para o desenvolvimento do país.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro, vamos agora conversar com a Rádio Boas Novas 1270 AM, de Belém do Pará, onde está Adalberto Aquino. Bom dia, Adalberto. Perdemos o contato com Adalberto Aquino. E eu gostaria de aproveitar... Não, já temos outra emissora, a Rádio Rede Sim SAT, de Vitória, no Espírito Santo. José Roberto, bom dia!
REPÓRTER JOSÉ ROBERTO (Rádio Rede Sim SAT / VITÓRIA – ES): Bom dia.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: O ministro já está te escutando, você pode fazer a sua pergunta, José Roberto.
REPÓRTER JOSÉ ROBERTO (Rádio Rede Sim SAT / VITÓRIA – ES): Ministro Mercadante, é só uma pergunta: o governo vai investir 250 milhões em supercomputadores, no Inpe, em São Paulo, com a finalidade de, entre outras coisas, fazer previsões do tempo mais confiáveis. Isso alertaria com precisão sobre as tempestades que ceifam vidas, aqui no país, sem falar em cuidados de infraestrutura das cidades.
MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: José Roberto, olha, a previsão climática, ela exige um conjunto de informações. Como eu disse, as informações dos satélites são a primeira informação. Os satélites vão mostrando como que está evoluindo, como que as nuvens estão se formando, que nível de precipitação você pode ter. Uma segunda informação são os radares. Os radares, eles conseguem identificar melhor regiões específicas. Eu quero aqui parabenizar o governador Renato Casagrande, que está adquirindo radar para o Espírito Santo e, com isso, ajudando a fortalecer a nossa rede e disponibilizou o radar do estado para fazer parte do sistema de alerta, assim como o Rio de Janeiro, Alagoas, alguns estados estão adquirindo radares para melhorar a capacidade de previsão em áreas críticas. Além disso, nós temos que ter os pluviômetros, que captam a chuva nos locais específicos, naquela encosta de serra, onde pode ter um desmoronamento e pode atingir as pessoas. Depois, nós temos que ter os hidrômetros, que são equipamentos que medem a elevação do nível dos rios. E todas essas informações tem que ser trabalhada em modelos matemáticos, para que a gente possa fazer uma boa previsão. E veja o seguinte: não existe, no mundo, um modelo matemático pronto para desmoronamento, que é o principal problema que nós temos no Brasil. Existe até para desmoronamento em neve, mas não desmoronamento por chuva, em áreas de risco, como nós temos no nosso país. Então, há um esforço teórico, também, muito grande dos pesquisadores do Inpe, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, e do CPTEC, para que a gente possa desenvolver esse software, desenvolver essa tecnologia. E o supercomputador é o que tem permitido melhorar muito a capacidade de previsão de chuva. Hoje, cada vez, ela é mais eficiente e está dentro dos melhores padrões internacionais, já, a previsão do Brasil. E nós vamos melhorar ainda mais, à medida que nós tivermos melhores imagens de satélites, mais radares e podendo desenvolver tecnologia própria para a previsão de desmoronamento.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro Aloizio Mercadante, o nosso convidado de hoje no Bom Dia, Ministro. Vamos agora ao Acre, conversar com a Rádio Difusora Acreana, de Rio Branco, onde está Jorge Braun. Bom dia, Jorge.
REPÓRTER JORGE BRAUN (Rádio Difusora Acreana / Rio Branco – AC): Muito bom-dia, ministro Aloizio Mercadante! É um prazer sempre participar desse programa. E a minha pergunta é a seguinte: esse programa Ciência sem Fronteiras, ele também vai oferecer 100 mil bolsas, e isso é muito bom. Mas eu gostaria de saber de que forma será feita a seleção para que todos os estados possam ter a mesma condição de concorrer a essas áreas. Por exemplo, nós temos aqui, pertinho aqui do Acre, no estado de Rondônia, a construção da Usina Hidrelétrica de Jirau, e ela está requerendo muitos empregos de formação técnica e formação superior especializada. A gente, aqui, do Acre, gostaria de saber de que forma essas 100 mil bolsas serão colocadas de forma equitativa para todo o Brasil.
MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Jorge, primeiro, eu queria dizer que eu tive um prazer
muito grande, na última visita que eu fiz, aí, ao Acre, com o governador Tião Viana, de ver a distribuição de laptops nas escolas e o Acre avançando na inclusão digital. Eu considero isso um salto extraordinário que nós faremos no Brasil. O nosso Ministério está trabalhando fortemente com o MEC, com o Ministério de Telecomunicações, com o Ministério das Comunicações e o Ministério... o MDIC, o Ministério de Indústria e Comércio, para que a gente possa acelerar esse processo de inclusão digital e desenvolver equipamentos para o Brasil: telas inteligentes para... a lousa digital, laptops, tablets. Porque eu vi, já... Por exemplo, em Taiwan, já não existe mais livro didático, só nas bibliotecas. Todo o conteúdo é digital e está na internet. Na Coreia, em dois anos, não haverá mais livro digital. Toda a produção será feita através de material digital, e você acessa o portal e o aluno recebe o livro direto no seu tablet. Então, essa é a tecnologia do futuro, e nós precisamos avançar para ter boa qualidade de ensino. No nosso programa, qual é o critério? O critério prioritário é o aluno ter... Se ganhou alguma medalha nas Olimpíadas de Matemática, Ciência, ele vai ter acesso direto, e se ele teve mais de 600 pontos no Enem. Com mais de 600 pontos no Enem, por exemplo, só no Prouni, são 53 mil alunos. Então, todos os estados do Brasil têm alunos aptos a participar do programa Ciência sem Fronteira. Todos os estados, todas as regiões têm alunos. Só do Prouni são 53 mil, mais do Sisu, que são mais 71 mil. Então, esse é o público que tem direito potencial. E aí cada universidade... A Universidade Federal do Acre e as outras universidades farão lá o seu critério de avaliação, entre os alunos que estão cadastrados nessa condição, a cada ano.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Este é o programa Bom Dia, Ministro...
MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: E, na graduação, tem que ter frequentado mais de 40% do curso e menos de 80%. Então, é o aluno que já fez 40% e menos de 80%. No dia 1º de agosto, nós estaremos colocando o Portal do CNPq e no Ministério de Ciência e Tecnologia, com todos os detalhes, como é que ele se inscreve, como é que ele encaminha, como é que são feitos os editais... Todas as informações estarão esclarecidas no site do CNPq, a partir de segunda-feira, dia 1° de agosto. Então, nós vamos divulgar detalhadamente essas informações, para que qualquer aluno, em qualquer lugar do Brasil, possa acessar e saber quais são as condições que ele tem que preencher.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: www.cnpq.gov.br. Não é isso, Ministro?
MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Exatamente.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro, agora, vamos subir, vamos ao Piauí, Rádio Pioneira, de Teresina. James Almeida. Bom dia!
REPÓRTER JAMES ALMEIDA (Rádio Pioneira / Teresina – PI): Bom dia, amigos! Bom dia, Ministro Aloizio Mercadante. Ministro, o que nós gostaríamos de saber é: nessa sua pasta, o que é que está sendo feito para o estado do Piauí, especificamente para a nossa região do semiárido? Existe algum projeto específico da sua pasta?
MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Existe, sim. Nós criamos um instituto de pesquisa do semiárido, um instituto que só está cuidando de pensar o desenvolvimento do semiárido, porque é um ecossistema muito específico, que tem um grande potencial agrícola e que precisa ser estudado em profundidade. Então, nós estamos trabalhando em parceria com a Embrapa e criamos um instituto só para tratar do semiárido, a biodiversidade, técnicas de produção, manejo da agricultura, da pecuária, a produção de biofarmas, de espécies que possam ser difundidas para o pequeno agricultor, que sejam resistentes às condições locais, e todas essas tecnologias, essa assistência tecnológica, a partir do nosso instituto de pesquisa do semiárido, que é o Insa, que está focado exatamente nessa demanda que você está colocando, que é uma área com grande potencial e que precisa de mais atenção do poder público, e terá. E o Piauí, eu acho que a Transnordestina também vai trazer um impacto muito grande, ampliando a fronteira agrícola e permitindo um salto importante, em termos da capacidade de produção, indústria, agricultura, comércio. Então, as obras de infraestrutura que o PAC traz e o esforço do Ministério é exatamente produzir conhecimento, produzir tecnologia e disponibilizar essa tecnologia para o pequeno agricultor, para que ele possa melhorar a sua renda e o seu desenvolvimento agrícola.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro Mercadante, só vou fazer uma correção. Eu divulguei agora, há pouco, o site do CNPq. Na verdade, todas as informações, a partir do dia 1º de agosto, sobre o programa Ciência sem Fronteiras estará no site: www.cienciasemfronteiras.cnpq.br. Sem o “gov”; “.br”. Vamos agora conversar com o Gabriel Damásio, da Rádio Liberdade 930 AM, de Aracaju, em Sergipe. Bom dia, Gabriel.
REPÓRTER GABRIEL DAMÁSIO (Rádio Liberdade 930 AM / Aracaju – SE): Bom dia! Bom dia a todos da EBC, da NBR e ao Ministro Aloizio Mercadante. Poderia aumentar um pouquinho o retorno?
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Pois não.
REPÓRTER GABRIEL DAMÁSIO (Rádio Liberdade 930 AM / Aracaju – SE): Pronto.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Melhorou?
REPÓRTER GABRIEL DAMÁSIO (Rádio Liberdade 930 AM / Aracaju – SE): Bom, eu perguntaria ao Ministro o seguinte: sobre as... Pois não. Eu queria perguntar ao Ministro sobre as ações do Ministério da Ciência e Tecnologia, aqui, para o estado de Sergipe, quais são as ações que estão previstas dentro desses programas. E eu perguntaria se essas medidas do governo já são suficientes para evitar o problema da fuga de cérebros. E, antes, o que mais se fala, o que se mais se costuma dizer é que o Brasil enfrenta uma chamada fuga de cérebros. O ministro diria que esse problema está definitivamente solucionado ou não?
MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Olha, Gabriel, primeiro, em relação ao estado de Sergipe, nós temos uma parceria muito forte com a universidade, temos participado do parque tecnológico, temos desenvolvido uma biofábrica para produzir espécies que impulsionem a agricultura familiar e temos uma série de parcerias, de pesquisas, em áreas importantes. Para o programa Ciência sem Fronteira, todos os estudantes que estão dentro das condições de terem tirado nota acima de 600 pontos no Enem estão potencialmente cadastrados para acessarem essas bolsas que serão para as melhores universidades do mundo. O programa é um programa de mérito. Em Sergipe, nós temos um número de alunos expressivo em condições de participar do programa. E vejo isso como um potencial muito grande. Agora, o que está acontecendo no mundo, hoje, é o inverso do que as pessoas imaginam. O Brasil foi o terceiro país que mais cresceu o ano passado, é um país que fortaleceu o seu mercado interno, é um país que não tem mais problemas com o FMI. Você veja que o FMI, hoje, está criticando países... a economia americana, está criticando países europeus, ajudando países da União Europeia. O Brasil empresta recursos, na última crise, para o FMI ajudar outros países. Emprestamos US$ 14 bilhões. O país tem estabilidade macroeconômica, tem democracia. Então, o Brasil, hoje, é uma atração muito grande. Nós ainda temos a Copa, a Olimpíada, esses grandes eventos também sempre dão um salto no desenvolvimento, na infraestrutura. E eu vou dar dois exemplos para você. O Impa, o Instituto de Matemática Pura e Aplicada do nosso Ministério, que é o quinto principal centro de matemática no mundo, abriu concursos para pós-doutores e pesquisadores. Nós abrimos algumas vagas e centenas de matemáticos do mundo inteiro, de todos os países importantes do mundo, se inscreveram para participar dessas vagas que nós abrimos. Então, há um grande interesse em vir para o Brasil. A Unicamp lançou um programa para professor titular, ou seja, o mais alto nível da carreira acadêmica. Professores que desejassem vir dar aula na Unicamp, no Brasil. Duzentos pesquisadores de altíssimo nível se inscreveram, nove já foram selecionados. Eles convidam o professor, o professor dá uma aula, apresenta o seu programa de pesquisa, e, se o departamento respectivo da Unicamp tiver interesse no projeto, ele pode vir, por dois anos, para dar aula e ter esse intercâmbio, essa troca de experiência. Então, o que nós estamos vendo... Eu estou citando apenas duas experiências. Em muitas empresas, também, eu tenho visto que os diretores da área de pesquisa são brasileiros que estavam no exterior e estão voltando. Exatamente porque nós estamos identificando esse desejo de retorno de brasileiros, pesquisadores no exterior, e porque nós estamos vendo que pesquisadores de todo o mundo querem vir para o Brasil, que nós estamos abrindo, nesse programa Ciência sem Fronteira, vagas importantes, tanto para pesquisadores seniores de altíssimo nível virem para o Brasil impulsionar a pesquisa quanto jovens talentos brasileiros, no exterior, especialmente, mas não só, que desejam vir, poderão vir, ficar três anos pesquisando, só pelo programa Ciência sem Fronteira. Então, o que nós estamos identificando é o contrário: o Brasil, hoje, atrai, porque cresce, porque é o segundo país que mais atrai investimento, porque é um país que tem uma cultura de paz, que não tem nenhum conflito importante, nem com nenhum vizinho, é um país que tem grandes eventos pela frente, um país que tem um mercado consumidor em ascensão, um país que tem uma cultura alegre. Então, há um grande interesse em pesquisadores vir para o Brasil. Nós estamos abrindo a porta, e, às vezes, tem que preparar o enxoval para poder ter casamento, e nós estamos preparando esse enxoval.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Este é o programa Bom Dia, Ministro. Eu sou Kátia Sartório, e o nosso convidado de hoje é o Ministro Aloizio Mercadante, da Ciência e Tecnologia. Ele conversa com âncoras de emissoras de rádio de todo o país. Lembrando que a NBR, a TV do governo federal, reapresenta, ainda hoje, a gravação dessa entrevista e, também, no final de semana, em horários alternativos. Ministro, vamos agora a São José dos Campos, em São Paulo, conversar com a Rádio Band Vale FM. César Rosati, bom dia!
REPÓRTER CESAR ROSATI (Rádio Band Vale FM / São José dos Campos – SP): Bom dia, Kátia! Bom dia, ouvintes! Ministro, bom dia! Eu gostaria de saber quais os projetos do Ministério para a região do Vale do Paraíba e se o Ministério planeja investir no setor aeronáutico, ao invés de dar sequência para o plano... o projeto F-X2.
MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Olha, eu queria agradecer, Cesar, dar um abraço aí para todos do Vale que nos acompanham. O Vale do Paraíba deu um salto extraordinário, ao longo do governo Lula e do governo Dilma. Você veja que nós... O Vale se transformou em um parque tecnológico de ponta. O Parque Tecnológico de São José dos Campos, o governo federal, através do BNDES e de outros... Finep e outros incentivos, nós colocamos mais de R$ 500 milhões em parceria com grandes empresas. Temos mais de R$ 1 bilhão de investimentos. Só a Vale Soluções em Energia, por exemplo, está desenvolvendo tecnologias de ponta, na área de energia limpa, novos geradores, gerador a etanol, que já está pronto. Nós vamos, inclusive, levar esse equipamento para a nossa base da Antártica, que é um gerador a etanol, portanto, com menor impacto em termos de poluição para o aquecimento da nossa base de pesquisa na Antártica. Então, é um polo tecnológico... O Vant, esse veículo não-tripulado para a área... para a segurança das nossas fronteiras, foi desenvolvido, também, aí, no parque tecnológico. Então, o parque é um exemplo de êxito. A semana passada, nós tivemos aí a implantação de uma indústria automotiva chinesa, em Jacareí, e uma indústria de equipamentos de grande porte. A Nova Jacareí está dando um salto, também, extraordinário na sua economia. E na área de pesquisa, o sistema de monitoramento e alerta contra desastres naturais vai ficar em Cachoeira Paulista, ali no CPTEC. O coordenador, por exemplo, veio, aí, do Vale, que é o Carlos Nobre, um grande cientista, que foi o coordenador do painel de mudanças climáticas do IPCC. Na área aeroespacial, o nosso presidente da Agência Espacial é o Marco Antonio Raupp, que foi presidente da Sociedade Brasileira de Progresso da Ciência, era o presidente, e era o coordenador do Parque Tecnológico de São José dos Campos. Está fazendo um excelente trabalho de impulso à indústria aeronáutica e aeroespacial. Nós estamos, agora, dando mais ênfase à participação da indústria brasileira no programa aeroespacial. Estamos acertando o cronograma de investimentos com a Ucrânia para o nosso veículo lançador de satélites, que é o Cyclone - 4, construído em parceria com a Ucrânia. Estamos acelerando a reforma da Base de Alcântara. Hoje mesmo, o Raupp, junto com o ministro Jobim e o comandante da Aeronáutica, estão indo para a Base de Alcântara, para fazer uma avaliação das obras e de todo o esforço que nós estamos fazendo para que a gente possa – esperamos –, até 2013, fazer o lançamento do nosso veículo lançador em Alcântara, que é a base mais competitiva que nós temos para todo o Programa Aeroespacial Internacional. Cinquenta e três porcento dos foguetes do mundo, hoje, estão sendo lançados da Guiana, e a nossa base é mais competitiva ainda porque ela tem uma economia de combustível maior, pela proximidade com a Linha do Equador. Nós estamos a dois graus da Linha do Equador. Então, é um programa que nós estamos fortalecendo muito. Lançaremos, o ano que vem, o CBERS-3, com a China. Hoje, as imagens que nós temos da Amazônia, para fiscalizar o desmatamento, são imagens de 250m². A partir do ano que vem, nós teremos imagem de 50m². Se, hoje, a gente consegue ver um trator, o ano que vem, nós vamos ver um machado. Nós vamos aumentar muito o rigor para controlar as nossas florestas. E, ao mesmo tempo, estamos trabalhando para impulsionar parques tecnológicos na Amazônia, para gerar valor agregado à biodiversidade, que não adianta simplesmente fiscalizar, o Ibama, a Polícia Federal. Nós precisamos desenvolver outras alternativas para que gere renda para mais de 25 milhões de pessoas que vivem na Amazônia. Então, o Vale do Paraíba tem um papel fundamental. É um grande polo de Ciência e Tecnologia. Muitas empresas de ponta estão se instalando, e o Programa Aeroespacial vai dar um salto importante, ao longo do governo da presidenta Dilma. Tem o apoio da presidenta. Estamos construindo novos satélites, e eu tenho certeza que o Inpe vai viver um momento de muito fortalecimento, ao longo desse próximo período.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro Aloizio Mercadante, infelizmente, acabou o nosso tempo. Nós ainda tínhamos várias perguntas, aqui, para fazer. Queremos que o senhor volte para participar de novo conosco do programa.
MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Eu que agradeço muito. Eu acho que este programa permite um debate de qualidade, a gente aprofundar as políticas públicas, informar com mais eficiência. Então, eu agradeço a oportunidade. Eu estarei sempre à disposição do programa. E queria dizer, por último, a todos os ouvintes, especialmente aos jovens e estudantes, que o Brasil precisa estudar mais. Estudar, estudar, estudar. Quando tiver cansado, em vez de ligar a televisão, estuda um pouco mais, que ainda é pouco. Nós precisamos estar na frente nas áreas da Ciência e da Tecnologia. O governo vai fazer a sua parte, nós vamos oferecer um programa que custa R$ 3,1 bilhões para bolsas de estudo, para que a gente possa investir na inteligência estratégica do Brasil. Compete agora a vocês se prepararem para esse futuro. Você que ainda não está na universidade comece a estudar língua, comece a se preparar para o Enem. Se esforce para ter um bom desempenho, para poder ter uma bolsa de estudo no Prouni ou entrar em uma boa universidade, porque nós vamos fazer um programa que não é o “QI” que vai definir para onde a pessoa vai, não é “Quem Indica”, não; é o desempenho dele. Qualquer um, o filho da faxineira e o filho do senador, do ministro, vão ter o mesmo direito nesse programa. O que interessa é competência, é quem estudou, quem ralou, quem se preparou. Esses vão ter lugar nesse programa e vão poder dar um salto extraordinário na sua carreira. Portanto, bom estudo, estudem muito! Às vezes, a faculdade é que nem remédio ruim: tem que tomar de uma vez só. Mas tem que estudar, estudar muito, se a gente quiser fazer o Brasil ser essa grande potência que será. Um bom estudo para vocês, um bom trabalho para todos que nos acompanham e um bom-dia.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Obrigada, Ministro. E a todos que participaram conosco dessa rede, muito obrigada e até a próxima edição.