28/01/10 Vacinação contra a Gripe A começa dia 8 de março
O ministro da Saúde José Gomes Temporão esclareceu como vai funcionar a estratégia do governo federal para enfrentar a pandemia da Gripe A, no programa Bom dia, Ministro. Entre as ações, será realizada a vacinação em quatro etapas de seis grupos prioritários e a compra 83 milhões de doses de vacina, resultado do investimento de R$ 1 bilhão. O ministro da Saúde esclareceu a questionamentos de âncoras de emissoras de rádio de todo o país. A vacinação para públicos prioritários, em quatro etapas, entre 8 de março e 7 de maio, é um dos principais pilares da estratégia. O objetivo é manter os serviços de saúde funcionando e reduzir o número de casos graves e óbitos. A expectativa do governo é imunizar pelo menos 62 milhões de pessoas contra a gripe.
12/12/2016
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APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: O programa tem a coordenação da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República em parceria com a EBC Serviços. Hoje, aqui nos estúdios da EBC Serviços, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Bom dia, ministro! Seja bem vindo! Na pauta do programa de hoje a estratégia do país, para enfrentar a pandemia de gripe A neste ano. O ministro da Saúde José Gomes Temporão, vai explicar pra gente, como vai ser feito a vacinação, quais são os grupos prioritários, para receber as doses da vacina. E também sobre a campanha informativa, sobre a prevenção a doença que será veiculada a partir do mês que vem. O ministro também vai conversar com a gente, sobre um sistema que será lançado hoje para melhorar o atendimento a cardíacos pelo SAMU no 192. Ministro nós estamos aqui prontos para conversar com emissoras de rádio de todo o país. RÁDIO BANDNEWS-RIO DE JANEIRO(RJ)/ MARIANA BRENNER: Com as estratégias do Ministério, para o combate a gripe "A", o senhor acha que ainda assim serão necessários os esforços como separar leitos isolados em hospitais do Brasil para os doentes. E como será feita a vacinação da população ribeirinha, ou onde não há posto de saúde? MINISTRO: Todo o sistema de saúde, ele já está estruturado e organizado, isso é responsabilidade das secretarias estaduais, na definição da estratégia de atendimento. Seja no nível ambulatorial, seja no nível hospitalar. Então, é claro que - vou te dar só um exemplo, as Upas, que nós estamos inaugurando, nós já temos cerca de 30 funcionando no Brasil e cerca de 300, nesse momento em construção, elas tÊm leitos, várias delas leitos de isolamento. E várias unidades ambulatoriais também tem leitos de isolamento para pacientes com suspeita de doenças transmissíveis, incluindo a nova gripe, tem o espaço específico da mesma maneira nos hospitais onde os pacientes serão internados, todos os cuidados referentes ao isolamento desses pacientes e proteção das pessoas, que tem contato com eles, sejam trabalhadores da saúde, sejam outros profissionais. Toda essa estrutura, todo esse protocolo, ele existe e já está sendo tomado. A tua outra pergunta foi sobre? RÁDIO BANDNEWS-RIO DE JANEIRO (RJ)/ MARIANA BRENNER: Foi sobre as regiões ribeirinhas, onde não há posto de saúde e quanto a vacinação? MINISTRO: Ah sim, ai o Brasil tem uma grande experiência acumulada e mais de 30 anos do programa nacional de imunizações. Vocês todos se lembram, por exemplo, o Dia Nacional de Vacinação contra a poliomielite, que acontece todo ano. Em 2008 nós fizemos uma operação, vacinamos quase 70 milhões contra rubéola. Então nós temos uma experiência muito grande de levar a vacina através de várias estratégias da Região Amazônica, por exemplo, com apoio da Marinham, da Aeronáutica, do Exército em outras qualidades com apoio de entidades de organizações não governamentais. As próprias Secretarias Municipais de Saúde já tem experiência e toda uma estratégia para que ninguém deixe de tomar a vacina da maneira como ela está planejada e foi anunciada essa semana por mim. RÁDIO BANDNEWS-RIO DE JANEIRO(RJ)/ MARIANA BRENNER: Agora mudando um pouquinho de assunto ministro, o senhor me desculpe. No final do ano passado, o senhor declarou que o orçamento do ministério para 2010, deveria ser insuficiente. Como está isso ministro Temporão? Há previsão da chegada de aportes extras? MINISTRO: Bom o ministro da Saúde, é sempre um ministro que reclama da falta de dinheiro, porque a saúde é, as demandas são gigantescas e a realidade em atender essas demandas muitas vezes são limitadas. Nós tivemos um orçamento que foi sancionado ontem pelo presidente, que evidentemente não atende as necessidades do Ministério. Por que? Eu quero chamar a atenção pra isso. O orçamento do Ministério, ele é corrigido pela lei atual da seguinte maneira, a soma da inflação com a soma do crescimento econômico, que é a correção nominal do PIB. E nós sabemos que no ano passado, nós tivemos um crescimento econômico, se não der um crescimento zero, vai dar um crescimento ligeiramente negativo. Então isso afetou a correção do orçamento do Ministério. Mas nós já estamos conversando com o ministro Paulo Bernardo, com o presidente Lula, para que nós possamos ter recursos suficientes para manter todos os programas do Ministério, em relação a nova gripe eu chamo a atenção, nós tivemos um crédito extraordinário no ano passado de R$ 2 bilhões e R$ 100 milhões, através do qual nós compramos vacina, medicamentos, equipamentos. Então o ministro da Saúde é um ministro chorão, tem que chorar o tempo todo atrás de dinheiro, mas é claro que eu gostaria que o orçamento fosse maior, mas essa é outra discussão. O problema é da estrutura do financiamento do setor saúde, que precisa de uma solução definitiva. RÁDIO JOVEM PAN AM-SÃO PAULO (SP)/ PATRICK SANTOS: Eu queria fazer algumas perguntas, exatamente pra esclarecer um pouquinho a população sobre como vai ser a própria vacinação ai contra a gripe suína. Primeiramente ministro, tomar a vacina contra gripe suína, ela elimina necessariamente a necessidade de vacinar contra a gripe sazonal. Eu queria uma explicação do senhor nesse sentido. E também quais foram os critérios que foram utilizados pelo Ministério da Saúde, pra estabelecer os grupos prioritários e se de certa forma, no decorrer do processo de vacinação isso pode ser alterado ai ao longo desse período? MINISTRO: Não, a vacina, essa vacina contra a gripe H1N1, ela protege especificamente contra esse vírus, são vírus diferentes, o vírus da gripe sazonal e o vírus da gripe H1N1, eles são geneticamente distintos, por isso foi preciso desenvolver uma nova vacina, essa nova vacina, que estará então sendo oferecida a população brasileira. Tanto que nós vamos manter a estratégia de vacinar todos os idosos, as pessoas com mais de 60 anos no Brasil da gripe comum. Nós vamos nessa campanha ao mesmo tempo, da quarta etapa oferecer a vacina da gripe comum pra todas as pessoas com mais de 60 anos e no mesmo momento, no mesmo período as pessoas com mais de 60 anos, que além disso tenham alguma doença crônica, dentro do protocolo que o Ministério construiu junto com a sociedade de especialista, ele tomará as duas vacinas, porque ainda não existe uma única vacina, que proteja contra o vírus H1N1 e o vírus da gripe sazonal. Em relação aos critérios, nós usamos inúmeros critérios, vários critérios, o critério de prioridade, usamos o critério de vulnerabilidade, ou seja, quais são as faixas etárias, que na onda de 2009 adoeceram mais, morreram mais. Quais são os extratos populacionais mais frágeis, porque são portadores de doenças crônicas, porque tem condições clínicas, que podem facilitar que o contato do vírus, que o organismo dessa pessoa possa evoluir de forma inadequada, por uma forma grave. Além disso ouvimos evidentemente a Organização Mundial da Saúde, observamos o que está acontecendo no hemisfério norte neste momento. E eu queria chamar atenção, de que, esse protocolo, ele foi construído, foi submetido ao crivo de várias sociedades especialistas do Conselho Federal de Medicina e de Enfermagem da Sociedade de Gerontologia de Infectologia de Pediatria, de Cardiologia, de Endocrinologia. Foram várias sociedades. Eu participei pessoalmente da última delas. Então essa estratégia ela expressa um consenso bastante consistente. KÁTIA SARTÓRIO: Ministro, nesse ano foi uma opção também agora, o ministério optou por acrescentar outros dois grupos, não é isso? Crianças com 6 meses a dois anos e adultos de 20 e 29 anos. Não são todos os países que estão imunizando esses grupos saudáveis não né ministro? MINISTRO: É isso é importante esclarecer. Quais são os grupos que o Brasil vai vacinar, o primeiro são os trabalhadores da área da saúde. A rede de atenção a saúde, seja do setor público, seja do setor privado, isso é muito importante. Por que? Porque pra evitar que os médicos, enfermeiros que atende a população adoeçam e não possam trabalhar. Segundo, gestantes, seja gestante que está com a gravidez no primeiro trimestre, no segundo trimestre ou no terceiro trimestre. Em terceiro, a população indígena, toda a população indígena vai ser vacinada, porque essa população tem uma fragilidade estrutural em relação as viroses respiratórias. Quarto, pessoas que tem doenças crônicas, podem ser doenças como asma crônica, como doenças respiratórias, cardiopatas. Pessoas imunodeprimidas que estão em tratamento, por exemplo de câncer, ou que fizeram transplante renal. Doenças metabólicas como diabetes, serão vacinados. E os dois grupos que a maioria dos países não estavam vacinando, mas o Brasil vai vacinar, que são as crianças saudáveis de seis meses à dois anos, e os adultos saudáveis de 20 a 29 anos. Por quê incluímos as crianças de seis meses à dois anos e os adultos de 20 a 29? Porque exatamente estas duas faixas etárias concentraram grande parte dos casos graves e dos óbitos no ano de 2009. RÁDIO 730 AM-GOIÂNIA (GO)/ALTAIR TAVARES: Nós estamos com uma gravíssima preocupação, que juntando a dengue com a gripe suína, tivemos um momento importante no ano passado, com a preocupação, a colaboração da população no controle da chamada gripe suína (H1N1). As pessoas de certa forma colaboraram, se assustaram bastante, diminuíram alguns casos em nossa região em relação ao hábito da higiene, mais apurada. Isso foi uma educação interessante. E, nós estamos preocupados com a seguinte questão: se o Ministério da Saúde está procurando colaborar com o fato de que as pessoas não podem se acomodar diante da preocupação contra esses dois problemas graves, enquanto um acontece, digamos com mais evidência, o outro fica em segundo plano. Como o ministério está pensando em trabalhar continuamente a educação da população para o controle dessas duas doenças? MINISTRO: É uma boa pergunta. São duas doenças com características bastante distintas. Mas, todas duas nos preocupam muito. A dengue é uma doença que tem um vetor, o mosquito responsável pela transmissão de pessoa à pessoa. Isso significa que o combate à doença, a prevenção, como nós não temos uma vacina - ela se centra no controle do vetor, na redução da presença do vetor. Se eu não tenho o mosquito aedes aegypti presente, eu não vou ter transmissão da doença. Nós sabemos que o mosquito ele se desenvolve, ele cresce, considerando uma série de questões, estruturais. Eu chamaria a atenção entre outras: limpeza urbana, lixo, saneamento, oferta de água na residência das pessoas, é muito comum em vários pontos do Brasil. Se você não tem água 24 horas por dia na torneira da sua casa, você faz o quê? Você estoca água, recipientes. E, ao estocar água em recipientes, muitas vezes você não protege adequadamente. E, é nesses locais que o mosquito vai se desenvolver. E também a questão dentro da residência. É o quintal, são recipientes no quintal, são vasos de plantas, é a calha. Enfim. Eu vou te dar um exemplo. No Rio de Janeiro eu estava conversando com o secretário de saúde, na semana passada, e ele está impressionado com a quantidade de lixo que eles estão retirando. Não das ruas, de dentro das casas das pessoas. KÁTIA SARTORIO: Nos quintais. MINISTRO: São toneladas de lixo nos quintais, potenciais reservatórios de proliferação do mosquito. Então, a dengue tem toda essa estratégia que nós estamos trabalhando. Desde outubro nós estamos trabalhando nisso, levando informação, orientação, cobrando dos prefeitos que mantenham a cidade limpa, que mobilizem a população, que realizem mutirões, que eduque, que informe para que a gente mantenha o grau de infestação do mosquito baixo para evitar a transmissão da doença. É um grande desafio. Já na nova gripe, eu quero chamar a atenção, e é uma doença completamente diferente. A transmissão é de pessoa para pessoa através de secreções respiratórias. Então, os hábitos de higiene como lavar com frequência as mãos; evitar compartilhar objetos de uso pessoal como copos, talheres, pratos; ao tossir ou espirrar proteger com lenço, são medidas muito importantes, eficazes e que reduzem a probabilidade de você se contaminar. E, tem uma novidade que nós não tínhamos ano passado, agora nós temos uma vacina. Ano passado a doença surgiu, assustou o mundo inteiro. Ninguém sabia exatamente o que ia acontecer e, além disso nós não tínhamos uma vacina. Mas, agora nós temos uma vacina e essa vacina estará sendo disponibilizada a população brasileira à partir de março. RÁDIO 730 AM-GOIÂNIA (GO)/ALTAIR TAVARES: No campo, ainda este ano, nós temos a política eleitoral. Como é que o senhor pensa que esses assuntos, esse impacto todo dessas doenças, da estratégia de combate, como é que isso vai repercutir na eleição este ano? Certamente com muitas críticas ao governo, e com defesas do governo das políticas que o senhor conduz no Ministério da Saúde. Como o senhor avalia essa discussão para o campo eleitoral? MINISTRO: Eu sou um professor de saúde pública há 30 anos, e estou ministro da Saúde. Então essa questão, com toda franqueza, acharia muito ruim que se tentasse usar a questão da saúde no sentido de uma politização negativa. Que seria uma politização eleitoreira. Saúde tem tudo a ver com política. Porque quando você muda estruturalmente a sociedade brasileira, muda o padrão de distribuição da riqueza, melhora o acesso das pessoas ao serviços; melhora as condições de viver, de morar, de ter acesso ao trabalho, ao lazer, ao padrão alimentar. Isso tudo impacta positivamente ou negativamente na saúde. Então, saúde sim tem tudo a ver com política. Mas, essas coisas, menores eu diria, do campo da saúde, é tentar transformar problemas que causam sofrimento, dor da população em moeda de troca no campo político partidário, eu me coloco totalmente fora desse contexto. RÁDIO CAPITAL FM-CAMPO GRANDE (MS)/PIERRE ADRI: Essas epidemias, no passado a gripe asiática, recentemente a doença da vaca louca, agora a influenza, a famosa gripe que está tomando conta da situação. Se isso aí é uma epidemia passageira ou tem volta. Porque as outras vieram e passaram? MINISTRO: É uma pergunta bastante interessante. Você veja que o mundo sempre se deparou com problemas importantes no campo das doenças infectocontagiosas. Então, nós tivemos a gripe espanhola, no início do século XX, que matou milhões de pessoas em todo mundo. É o vírus influenza o causador dessa doença. Depois ele desaparece. Você veja que aparece o da gripe asiática no início dos anos 50. Da mesma maneira. Os vírus influenza têm muito essa característica. Eles são vírus com a capacidade mutagênica muito grande, e, na realidade, e Ciência ainda não consegue explicar exatamente esse mecanismo pelo qual eles surgem, refluem, retornam. Esse novo vírus, por exemplo, ele é uma mutação do vírus influenza. Ele tem geneticamente material de ave, de porco e de gente, de ser humano, o que lhe deu características novas. Ele permitiu disseminar rapidamente pelo mundo inteiro. Mas, veja que coisa interessante. O que nós estamos vendo é que o que se imaginava, o que se dizia no início, quando a doença surgiu em abril do ano passado, que ele seria um novo vírus da gripe espanhola, causaria milhões de óbitos. Nós não estamos vendo nada disso. O comportamento desse novo vírus está muito brando em relação ao que se imaginava. Ele tem uma taxa de letalidade, inclusive, menor do que o vírus da gripe comum. Só que ele tem características diferentes. Enquanto o vírus da gripe comum afeta mais as pessoas de mais idade causando complicações do tipo pneumonia e outras complicações, esse vírus pode causar casos graves em pessoas jovens. Diretamente, o próprio vírus causando diretamente. O da gripe comum reduz as resistências do organismo para que uma bactéria, por exemplo, desenvolva uma infecção. Esse não. Em pessoas jovens, raro, mas pode acontecer, pode desenvolver casos graves. O cenário está muito aquém de visões apocalípticas que se desenharam no ano passado. KÁTIA SARTÓRIO: Pierre, você teria outra pergunta? Nós não estamos te escutando. RÁDIO CAPITAL FM-CAMPO GRANDE (MS)/PIERRE ADRI: (Trecho inicial inaudível) não foi tão violenta como na Europa, como em outros locais, inclusive nos Estados Unidos. Ministro, o senhor acha que a vacinação, ela já está comprovada para atacar esse vírus? MINISTRO: Os laboratórios farmacêuticos que produzem vacinas contra a influenza, e o Brasil tem um laboratório que é o Instituto Butantan, eles têm uma grande tradição na produção dessas vacinas, então não há nenhuma diferença técnica entre produzir uma vacina contra o vírus da influenza comum, esse que todos os anos as pessoas com mais de 60 anos tomam no Brasil, através de campanha e produzir uma vacina contra esse novo vírus, a técnica é a mesma, o método é o mesmo, então não há o por quê questionar a qualidade, a capacidade de proteção dessa nova vacina para essa nova doença, com toda certeza funciona assim. RÁDIO GAÚCHA - PORTO ALEGRE(RS)/ LEANDRO STAUDT: Nessa semana na divulgação por parte do Ministério em relação aos públicos, aos grupos de pessoas que receberão a dose da vacina este ano, o Ministério colocou entre 20 e 29 anos a vacinação de um grupo de adultos jovens que vão receber essa dose. Aqui no Rio Grande do Sul, o secretário Estadual da Saúde, Osmar Terra, chamou ontem a imprensa para dizer que vai pedir, ou já pediu ao Ministério da Saúde a ampliação dessa faixa para 30 a 39 anos também no estado, isso porque foi um público muito atingido, com muitas pessoas infectadas pelo vírus no ano passado e existe a possibilidade, o Ministério garante mais doses para o Rio Grande do Sul, pela característica de fronteira ter um grupo maior de pessoas vacinadas no caso de 30 aos 39 anos? MINISTRO: Os critérios que o Ministério usou para construir essa estratégia, evidentemente estão baseados numa disponibilidade de vacinas, nós compramos 82 milhões de vacinas contra essa nova gripe de três fornecedores principais, incluindo o Instituto Butantan de São Paulo. E evidentemente nós usamos critérios, como eu já havia dito, consensos internacionais, o perfil de distribuição da doença no Brasil no ano passado, incidência, morbidade, mortalidade. Claro que o Ministério tem que ter uma visão nacional, essa estratégia, ela vai estar disponibilizada ao mesmo tempo para toda a população brasileira. Na coletiva onde eu lancei essa estratégia, deixei bastante claro que ela é uma estratégia aberta, nós vamos inclusive manter um número de doses de reserva, uma reserva estratégica para enfrentar determinadas mudanças que nós vamos perceber, nós possamos perceber no desenvolvimento dessa segunda onda aqui no Brasil. Da mesma maneira, os secretários estaduais de saúde participaram da construção desse consenso e estiveram presentes inclusive no dia em que eu estava lançando esta estratégia. Eu reconheço que o secretário está preocupado com a realidade local, que tem seus argumentos e é claro que o Ministério da Saúde vai estar aberto para ouvir esses argumentos e demandas e junto com o secretário de Saúde estruturar o que for mais adequado para cada realidade. Essa estratégia como eu digo, repito, não está fechada, ela está aberta, não só à opinião de sociedades médicas, de enfermagem, de especialistas, mas também o que nós estamos observando no Hemisfério Norte. Nós não podemos ser surpreendidos nos próximos meses com alguma mutação desse vírus, alguma mudança do padrão de circulação, então nós temos que estar preparados pra tudo. RÁDIO GAÚCHA - PORTO ALEGRE (RS)/LEANDRO STAUDT: Nessa possibilidade, ministro, de abrir o público que vai receber a vacina, o senhor diz que, há essa possibilidade sim, que vai ser estudada no caso a caso. Esse estudo, essa definição deve ocorrer até quando, antes de março ou pode ser apenas depois que já começaram a vacinação dos outros grupos? MINISTRO: Bom, nós estamos agora aguardando, enfim. Nós lançamos pra sociedade essa estratégia, esse protocolo, nós estamos agora recebendo insumos, comentários, sugestões, e eu entendo que a sugestão do secretário Gilmar Terra se insere dentro desse contexto. Nós vamos analisar, vamos ver, existe uma questão também da disponibilização da vacina. É importante chamar atenção que nenhum país do mundo tá propondo vacinar toda a população. Vou te dar alguns números só pra você ter ideia. A China tem 1 bilhão e 400 milhões de habitantes e eu estive lá em dezembro conversando com o ministro da saúde, e eles estão tentando vacinar 1 milhão de pessoas por dia. Ora, nesse ritmo, eles levariam tanto tempo pra vacinar toda a população que o problema da doença já teria desaparecido. A única doença que até hoje a saúde pública mundial tentou vacinar toda a população do planeta foi contra a varíola no sentido de erradicar a varíola e isso demorou mais de seis anos, então, essa estratégia definitivamente não é uma estratégia de vacinação universal. Ela tem que ter foco, visando principalmente proteger os profissionais de saúde pra que o sistema de saúde não sofra nenhum tipo de interrupção e em segundo lugar, os grupos mais vulneráveis, mais frágeis e aqueles onde a incidência e a mortalidade for mais importante. KÁTIA SARTÓRIO: Ministro, aproveitando essa deixa, eu queria saber do senhor o seguinte: quem não faz parte desses grupos priorizados e quiser se vacinar, nas clínicas privadas já existe essa vacina disponível? MINISTRO: As clínicas privadas, desde que consigam comprar a vacina, poderão disponibilizá-la a toda a população. Na reunião que nós fizemos, o presidente da Sociedade Brasileira de Imunização esteve presente e por iniciativa própria dele, nos disse que estava disposto a adotar o mesmo protocolo do Ministério da Saúde, mas nada impede que as clínicas privadas, desde que consigam comprar a vacina, e desde que essa vacina esteja registrada no Brasil, na Anvisa, claro que só será permitida a comercialização da vacina registrada na Anvisa, nada impede que o setor privado possa comercializar. RÁDIO GUARUJÁ -FLORIANÓPOLIS(SC)/CARLOS DAMIÃO: O meu questionamento a respeito da (trecho inaudível) o trabalho preventivo que vai ser realizado é o ano passado (FALHA NO SISTEMA) Ministro, a nossa preocupação, aqui na Região Sul a insatisfação geral da mídia e das próprias autoridades é com relação ao clima de paranoia, que aconteceu no ano passado. O Ministério não teme que se repita, especial na Região Sul este clima de paranoia (trecho inaudível). MINISTRO: Veja, não há nenhum motivo pra que se crie um clima de paranoia, aliás a imprensa brasileira, vem acompanhando pouco o que está acontecendo na Europa nesse momento. Na Europa está acontecendo exatamente o contrário. O impacto dessa doença é tão pequeno no contexto das sociedades europeias, que está sobrando vacina. Então eu com toda franqueza, eu acho que seria muito negativo que se criasse esse clima, que no ano passado era compreensível, porque era uma doença nova, desconhecida, não se tinha nenhuma arma objetiva contra ela a não ser um medicamento específico, mas não tínhamos uma vacina, agora mudou tudo, nós temos uma vacina. Então, quero chamar também a atenção, que com essa estratégia, o governo pretende vacinar 30% da população brasileira, isso significa, que quando eu vacino 30% da população, eu reduzo a circulação do vírus, eu reduzo a probabilidade de que a transmissão se dê no mesmo nível. Eu reduzo a taxa de transmissão. Então eu estou protegendo, o que nós chamamos, os epidemiologistas chamam de uma proteção de grupo. Então isso transcende os 30%, então com isso, com campanhas de esclarecimento, de educação da população e principalmente, Carlos, o inestimável e valioso apoio da imprensa em geral, jornal, TV, rádio, orientando a população, e quebrando esse clima que se criou no ano passado, que era compreensível, mas que não ajudou, nenhum clima que leva a dúvida, ao medo, não é? A falta de informação, o caldo de cultura de uma situação de paranoia ou de pavor, é exatamente a falta de informação adequada e a falta de compreensão da população do que que tá acontecendo com clareza e esse papel a imprensa, esse papel inestimável, essa função inestimável nós contamos com o apoio de vocês também. KÁTIA SARTÓRIO: Falar em clima de paranoia, de medo de pegar a gripe, e o Tamiflu, ministro? As farmácias já podem vender esse remédio que é uma prevenção, né, à gripe? MINISTRO: Ele é um medicamento para tratar a gripe, né, isso é muito importante, então, tanto que... KÁTIA SARTÓRIO: Não é de prevenção, então? MINISTRO: Não, não. Não tem nenhum medicamento que ajuda a prevenir. Tem muita gente que acha que "então vou tomar vitamina C em altas doses pra prevenir a gripe", não funciona. "Então vou tomar aquele chá". Pode tomar chá a vontade, não tem problema nenhum, um chazinho até ajuda a relaxar, mas não tem nenhum medicamento que proteja. O que protege é a vacina, a vacina vai proteger. Agora em relação ao medicamento, tem novidades. Primeiro que nós conseguimos montar um estoque estratégico de 21 milhões de tratamentos, que nós avaliamos que é um estoque bastante considerável. Segundo, o Ministério vai manter a distribuição gratuita em todo o Brasil do medicamento, inclusive, nós vamos ampliar o número de pontos de entrega do medicamento. Terceiro, houve uma mudança no seguinte sentido: a partir de agora esse medicamento é um medicamento que só é entregue com receita médica, formulário branco, aquele que é retido na farmácia, então, pra evitar o quê? Pra evitar o autoconsumo, a automedicação e o uso indiscriminado. Quarto, o governo também vai disponibilizar no programa "Aqui tem farmácia Popular", onde nós temos mais de nove mil farmácias conveniadas em todo o Brasil, é aquele programa que o Ministério da Saúde paga 90% do custo e a pessoa paga 10%. Então o medicamento vai estar disponível também no "Aqui tem farmácia Popular" subsidiado. E se o laboratório produtor tiver condições de colocar o medicamento em todas as farmácias do Brasil pra venda livre, não há nenhuma dificuldade, isso poderá acontecer, lembrando sempre uma receita, um formulário controlado pra evitar o autoconsumo e o mau uso do medicamento. RÁDIO CATEDRAL - JUIZ DE FORA (MG)/PAULO RIBEIRO: Bom dia, Kátia. Bom dia, ministro Temporão. Ministro, segundo os dados divulgados, os trabalhos de prevenção estão sendo feitos, né? Mas uma nova onda da gripe A pode aparecer nos próximos meses. Por isso eu gostaria de saber primeiro, quais as ações que estão sendo feitas pra organização do sistema de saúde pra receber as pessoas com suspeita da doença e também a confirmação mais rápida dos casos. Além disso, também se já tem alguma previsão, já se trabalha com alguma previsão do número de pessoas que poderão ser infectadas com a gripe A no país nesse ano. MINISTRO: Bom dia, Paulo. Bom dia, população aí de Juiz de Fora. Eu estive aí há pouco tempo atrás com o presidente Lula inaugurando uma unidade de pronto-atendimento. Bom, nós estamos sim ampliando a capacidade de realizar o diagnóstico. O protocolo não mudou, nós vamos fazer o diagnóstico de certeza apenas nas pessoas internadas ou em situações de surtos, em situações como asilos, escolas, creches. Hoje nós temos sete laboratórios credenciados para fazer o exame, são os laboratórios nacionais de referência, que é o Adolfo Lutz de São Paulo, o Evandro Chagas no Pará e a Fundação Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro. Nós já temos credenciados nesse momento em Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, são sete portanto, e agora vamos ampliar para o Amazonas, o Amapá, a Bahia, o Ceará, Distrito Federal, Goiás e Pernambuco, mais sete. Então, nós estamos saindo de sete laboratórios em condições de fazer o diagnóstico de certeza pra 14. Em relação à outra pergunta e foi muito importante, nós estamos também investindo pesadamente na compra de equipamentos para ampliar o número de leitos de UTI em todo o Brasil. Estamos investindo cerca de R$ 300 milhões, já compramos isso, são respiradores, monitores, carros de ressuscitação, respiradores, pra todo o país vai começar a ser distribuído agora em março pra que cada estado vai nos apresentar uma planilha, uma proposta. Nós vamos ampliar então o número de leitos de UTI, pra quê que serve esses leitos? Pra atender pacientes graves, e importante: esses leitos não serão desativados depois da onda ou do surto da gripe, serão mantidos depois no futuro como leitos permanentes do Sistema Único de Saúde que vai ser muito importante também. Por fim, a sua última pergunta. Eu vou te dar um dado, o último balanço que nós temos até o dia 31 de dezembro. O Brasil teve cerca de 30 mil casos de doença respiratória grave no ano passado. Ou seja, 30 mil pessoas que adoeceram pela nova gripe, 39 mil casos, na realidade, de pessoas que adoeceram pela nova gripe e que precisaram ser internadas, CTI, respirador, cuidados intensivos. Dessas 39 mil pessoas, 1.700 morreram. Então, esses foram os números de abril de 2009 a 31 de dezembro de 2009. O que nós estamos estimando, Paulo, é que com a vacina, nós vamos reduzir muito isso. Ou seja, nós não tínhamos a vacina no ano passado, o vírus circulou rapidamente pelo país, como circulou rapidamente pelo mundo, mas agora nós temos a vacina. Então, com essa vacinação que começa no dia 08 de março, a nossa expectativa é que nós possamos reduzir o número de casos, o número de casos graves e o número de óbitos. KÁTIA SARTÓRIO: Paulo, você tem outra pergunta? RÁDIO CATEDRAL - JUIZ DE FORA (MG)/PAULO RIBEIRO: Não, a princípio seria isso mesmo e reforçando realmente a presença do ministro aqui em Juiz de Fora na última semana com o presidente Lula para a inauguração da unidade de pronto-atendimento no Bairro Santa Luzia. RÁDIO RIO MAR - MANAUS (AM)/AMARILDO SILVA: Muito bom dia, Kátia. Bom dia ao ministro. Aqui do Amazonas, ministro, da rádio Rio Mar de Manaus, a nossa pergunta é a seguinte: por que a campanha, ministro, ela está dividida em quatro etapas para este ano de 2010? MINISTRO: Bom dia, Amarildo. Bom dia, população aí de Manaus. Pergunta muito boa. O Brasil está tão acostumado a fazer grandes campanhas de vacinação que às vezes a gente nem, como é que eu vou dizer, a gente nem se atem com cuidado aos números. Olha só, nós vamos vacinar, quando a gente soma o número de pessoas que vão ser vacinadas contra a nova gripe, e ao mesmo tempo nós também vamos vacinar as pessoas com mais de 60 anos contra a gripe comum, são mais de 80 milhões de pessoas. Vai ser o maior desafio que o sistema de saúde brasileiro já enfrentou em toda a sua história. E vai ser com certeza o maior desafio que o programa nacional de imunizações já enfrentou, num período muito curto, veja que nós vamos vacinar do dia 08 de março, quando começa a campanha, a primeira etapa começa no dia 08 de março, a segunda etapa, a primeira etapa é de 08 a 19, a segunda de 22 de março a 02 de abril, depois a terceira de 05 de abril a 23 de abril e a última etapa de 24 de abril a 07 de maio. Então eu vou ter na realidade dois meses praticamente pra vacinar 80 milhões de pessoas, então, seria impossível organizar uma vacinação a nível nacional com toda a infraestrutura necessária. Vão ser quase 100 milhões de seringas e agulhas, vão ser milhares de profissionais de saúde, são mais de 34 mil salas de vacinação em todo o Brasil além da estratégia da Região Amazônica que é totalmente diferente. Nós temos que levar a vacina de avião, de helicóptero, de barco, pra populações mais distantes e exatamente por isso se organizou a campanha em etapas tentando racionalizar e usando um critério. Por exemplo, primeira etapa: pra que todos os ouvintes possam saber, a primeira etapa começa em março, quem vai ser vacinado, profissionais de saúde que trabalham em hospitais, postos, policlínicas, UPAs em todo o Brasil, do setor público e do setor privado. Pra quê? Pra garantir que nenhum médico adoeça, os enfermeiros não adoeçam e a gente não tenha uma situação de interrupção do atendimento. KÁTIA SARTÓRIO: E até pra não ter contado com outros pacientes saudáveis, tá com o vírus, não é isso? MINISTRO: Exatamente, isso. E na primeira etapa também a população indígena de todo o Brasil. Na segunda etapa: população com doenças crônicas. Por exemplo, a obesidade grau 3, antigamente chamada de obesidade mórbida, tá dentro. Doenças respiratórias, cardíacas, pacientes imunodeprimidos, em uso de medicação, por exemplo, paciente que fez um transplante, que tá em tratamento de câncer, diabete, doenças do fígado, do rim, doenças do sangue, todas as pessoas tomarão a vacina. E também nessa segunda etapa, as crianças saudáveis entre 6 meses e 2 anos de idade. E aí, uma coisa importante. As grávidas poderão ser vacinadas ao longo de toda a campanha, tanto na segunda, na terceira como na quarta etapa. Então as mulheres grávidas, não importa se ... KÁTIA SARTÓRIO: Em qualquer período? MINISTRO: Em qualquer período da gestação ela poderá ser vacinada. A terceira etapa, quem vai ser vacinado? São os adultos entre 20 e 29 anos saudáveis. Além das grávidas, como eu já falei. E na última, as pessoas com mais de 60 anos e aí tem uma especificidade. Eles também tomarão no mesmo momento a vacina da gripe comum. Aquelas pessoas com mais de 60, que têm um problema crônico, como os outros, ele vai tomar as duas ao mesmo tempo: uma em cada braço. Pessoas com mais de 60 anos e saudável, que não tenha nenhum doença crônica, vai tomar apenas o da gripe comum. KÁTIA SARTÓRIO: Ministro, perguntando sobre doentes crônicos, como é que eles comprovam? Eles precisam comprovar que são doentes crônicos, para poder receber a vacina? Como é que isso vai ser feito? MINISTRO: Essa decisão nós já tomamos. Não vamos exigir nenhum tipo de documento, nem atestado médico, porque seria uma coisa completamente caótica. Nós teríamos milhões de pessoas tendo que procurar os médicos e esses médicos, ao invés de atender as pessoas, estariam despachando burocraticamente o papel. O Programa Nacional de Imunizações do Brasil é um dos mais respeitados do mundo. Nós exportamos essa tecnologia. O Brasil é um país de sucesso no controle de doenças transmissíveis através das políticas de vacinação. Então, a população brasileira já tem uma consciência do valor da vacina, da importância da vacina e nós confiamos no discernimento e na capacidade de colaboração da população brasileira e não vamos pedir nenhum documento. Apenas no caso da vacinação de 20 a 29, nós vamos pedir um documento de identidade que comprove a idade. RÁDIO RIO MAR (MANAUS-AM)/AMARILDO SILVA: Ministro, sabendo das dimensões da própria iniciativa do governo em, logo cedo, tomar uma iniciativa de controlar a situação, de que maneira a população ribeirinha e os indígenas podem auxiliar essa campanha? Nós sabemos do alto número de investimentos, de verba e também da gama de profissionais. De que maneira a população de áreas de fronteira com o Acre, que tem fronteira com a Bolívia; Roraima que tem com a Venezuela; o Amazonas que também é uma espécie de corredor, e temos a cidade de Tabatinga, no extremo Amazonas, com o Peru. De que maneira a população pode contribuir e somar forças com o próprio governo? MINISTRO: Bom, nessas regiões no Brasil, nós temos vários municípios que são municípios de fronteira, principalmente de fronteiras secas, onde as populações circulam livremente entre os dois lados. Evidentemente que o sistema de saúde vai acabar vacinando pessoas do Brasil e do país fronteiriço, onde o Brasil faz fronteira. Segundo, eu acho que a contribuição mais importante que essas populações, mas não apenas essas, toda a população brasileira pode dar são de dois tipos: o primeiro é observar os hábitos de higiene, porque eles têm um impacto muito grande na redução da infecção que é, repito, lavar com muita frequência as mãos. No ano de 2009, quando fizemos um balanço das doenças transmissíveis, doenças infecciosas como Diarreia e Hepatite A, nós vamos ter uma redução, por quê? Porque o pessoal começou a lavar com muito mais frequência as mãos... KÁTIA SARTÓRIO: Usar o álcool em gel... MINISTRO: Álcool em gel, água e sabão.. isso é muito importante. Segundo: não compartilhar objetos de uso pessoal, proteger o nariz e boca ao espirrar ou tossir, colaborar com as autoridades em relação a obedecer essas etapas e critérios de vacinação, acho que são as medidas mais importantes que todos os brasileiros devem estar atentos e colaborar com as autoridades. KÁTIA SARTÓRIO: Este é o programa Bom dia, Ministro. Eu sou Kátia Sartório e estamos ao vivo, no rádio e na televisão, com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que conversa com âncoras de emissoras de rádio de todo o país. Ministro, vamos agora para a rádio Excelsior de Salvador, na Bahia. Edson Santarini, bom dia. Vocês estão ao vivo com a gente, não é isso... Edson Santarini, já estamos na sua escuta. RÁDIO EXCELSIOR - SALVADOR (BA)/EDSON SANTARINI: Bom dia Kátia. Bom dia ministro José Gomes Temporão. Estamos ao vivo pela rádio Excelsior da Bahia. Ministro, uma preocupação de todos nós do Nordeste, principalmente em Salvador, na Bahia, vem aí o Carnaval, se existe alguma orientação do Ministério no que diz respeito a orientar essas pessoas para esse momento, onde há uma grande aglomeração, com pessoas de várias partes do mundo, Salvador está inserida nesse contexto, essa seria a primeira pergunta. A segunda, como será a logística para a distribuição dessas vacinas aqui no Nordeste, já que nós temos aqui lugares distantes e com muitas dificuldades de distribuição de materiais, inclusive das próprias vacinas ministro. Bom dia. MINISTRO: Bom dia Edson, bom dia à população de Salvador, ouvintes. Essa é uma preocupação. Todo grande evento, todo mega evento, Carnaval é um mega evento, é um super, hiper, mega evento, porque é um evento que dura quatro, aliás, aí na Bahia as pessoas dizem que o Carnaval dura alguns meses, mas enfim, ele dura vários dias continuamente e as pessoas brincando e se divertindo e, é claro, que a probabilidade de doenças possam se transmitir nessa fase são importantes. Nós temos aí, e já vamos começar a colocar no ar, filmetes em redes de todo o Brasil sobre prevenção. Essa questão de lavar com muita frequência as mãos é muito importante e os serviços de saúde têm que estar atentos para que eventuais pessoas com sinais,sintomas da nova gripe sejam adequadamente acolhidos e tratados. Eu quero chamar a atenção também para o medicamento específico para tratar essa doença ele existe em toda a rede de serviços do Brasil, em todos os estados. Nós não recolhemos porque a onda, o número de casos caiu muito no fim de julho, agosto e setembro para dezembro. Praticamente nós não estamos tendo casos agora porque o aumento das temperaturas também reduz a circulação desse vírus, mas os medicamentos estão lá, eles estão disponíveis se a população assim necessitar. Com relação a que a vacina chegue a todo e qualquer lugar, eu já havia feito um comentário sobre isso, essa talvez seja uma das coisas mais importantes do Programa Nacional de Imunizações. Eu chamo atenção para a campanha de 2008, da Rubéola, que nós vacinamos 70 milhões de pessoas. O Dia Nacional de Vacinação do Idoso, que todo o ano acontece, o Dia Nacional de Vacinação contra a Poliomielite, são dias que as próprias Secretarias municipais já dispõem de uma estratégia já pronta e estruturada e com muita experiência para que ninguém deixe de tomar a vacina. Nós vamos ao encontro das pessoas em muitas localidades do Brasil com o valioso e inestimável apoio das Forças Armadas, seja a Marinha, seja o Exército ou seja a própria Aeronáutica que nos disponibiliza aviões e helicópteros, navios na região amazônica e onde o Exército está presente, ele participa ativamente desses esforços também. KÁTIA SARTÓRIO: Ministro, vamos agora à rádio Verdes Mares, de Fortaleza, no Ceará. Nilton Sales, bom dia. RÁDIO VERDES MARES - FORTALEZA (CE)/NILTON SALES: Bom dia ministro. O nosso companheiro baiano levantou bem essa questão do Carnaval. Eu indago ao senhor, não seria interessante fazer uma fiscalização maior nos aeroportos e nos portos para que evitasse a entrada de pessoas contaminadas e se evitasse a propagação do vírus? MINISTRO: Bom dia. Olha a pergunta é boa. No começo, quando a doença surgiu em abril e assustou o mundo inteiro, essa medida que você citou ai, ela fez parte da nossa estratégia. Foi por isso que o Brasil conseguiu retardar em oito semanas a circulação do vírus, que era um forte esquema de vigilância nos aeroportos, para que? Para que pessoas com sintomas ou com histórico da doença pudessem entrar. Elas eram na realidade levadas imediatamente para um hospital de referência, eram internadas e ficavam em isolamento para impedir que o vírus circulasse no país. Mas nesse momento, o vírus já está circulando no Brasil, então não faz nenhum sentido de você ter um esquema nos aeroportos para impedir que as pessoas contaminadas ou com sinais e sintomas possam entrar. O que nós temos que fazer, e já está sendo feito e vai continuar sendo feito, é informar adequadamente todas as pessoas que desembarcam das medidas de prevenção, dos sinais e sintomas para que todos eles saibam se tiveram algum desses sinais procurarem assistência médica, e os servições de saúde estarem preparados para receberem essas pessoas. Nesse segundo momento da doença, onde o vírus já circula livremente no território nacional, deixa de fazer sentido aquela estratégia que no início sim foi correta de isolamento e de internação das pessoas que chegam. KÁTIA SARTÓRIO: Nilton, você tem outra pergunta? RÁDIO VERDES MARES -FORTALEZA (CE)/NILTON SALES: Eu queria indagar ao ministro se o vírus é resistente tanto ao inverno quanto ao verão, porque estamos começando a receber as primeiras chuvas da temporada. MINISTRO: Essa doença sim. As doenças respiratórias, elas têm um certo padrão. Temperaturas mais baixas, elas favorecem a disseminação desse tipo de doença. É um pouco diferente de áreas que faz muito frio, como a região Sul e ai no Nordeste onde as temperaturas médias são bem mais altas. Mas de todo o modo, o que vocês chamam de inverno ai sim, ele favorece a circulação do vírus. E por isso agora, no iniciozinho de março nós vamos estar então vacinando a população brasileira contra essa nova gripe para que a gente crie essa proteção coletiva e nós possamos passar por essa esperada segunda onda em condições muito mais seguras do que enfrentamos no ano passado quando nós não tínhamos a vacina. KÁTIA SARTORIO: Daqui a pouco o senhor vai estar lá no Ministério da Saúde lançando um sistema que pode melhorar o atendimento a cardíacos que são atendidos pelo SAMU - 192. Como vai funcionar isso, ministro? MINISTRO: Mais uma boa pergunta. Bom, você sabe que o SAMU, hoje, ele cobre 100 milhões de pessoas no Brasil, mais ou menos a metade da população brasileira, é um serviço muito bem avaliado pela população brasileira. O presidente Lula determinou que até o final deste ano de 2010, toda a população brasileira estará coberta pelo SAMU, nós vamos universalizar o SAMU e nós estamos trabalhando no sentido de dar mais qualidade a esse trabalho. Então o que vai acontecer, para que as pessoas entendam. O hospital do Coração, que é o hospital filantrópico de São Paulo, é que vai estar nos ajudando, treinando, capacitando e introduzindo essa tecnologia nas ambulâncias. Então, você liga para 192 e tem alguém passando mal em casa, a ambulância vai até a residência, o médico suspeita, pode ser um infarto agudo do miocárdio, ele faz um eletro, na beira no leito, ali na própria residência, e ele transmite esse eletrocardiograma pelo telefone celular, através de uma tecnologia sem fio para uma central onde um grupo de especialistas vai analisar aquele eletro e ele responde, isso dura cinco minutos no máximo, responde e diz: "olha, não é um caso, realmente não é, pode ficar tranquilo" a conduta é essa, é sim, ai você tem um caso grave, faça tal medicação e leve imediatamente para o hospital. Você sabe que o infarto agudo do miocárdio, 50% dos óbitos acontecem nas duas primeiras horas e você pode reduzir em até 20% a mortalidade com estratégias como essa. E a ideia é que gradativamente todas as ambulâncias do SAMU, em todo o Brasil, incorporem essa tecnologia. KATIA SARTORIO: E qual vai ser o investimento, ministro para dotar essas ambulâncias desses equipamentos? MINISTRO: Essa é uma parceria do HCor com o Ministério dentro da política dos hospitais de excelência, onde a renúncia fiscal que esses hospitais têm para manter essa condição de filantropia, eles investem em programas de educação, treinamento, pesquisa, aperfeiçoamento... KATIA SARTORIO: É uma troca? MINISTRO: Exatamente. Eu não saberia te dizer quanto é que se envolve financeiramente, mas são volumes expressivos. Se não me engano são cerca de R$ 6 milhões aproximadamente nessa primeira etapa que esse hospital está investindo nessa tecnologia. Muito interessante o desenvolvimento da comunicação nos ajuda muito, você veja que através do celular em cinco minutos eu mando um exame, recebo de volta a resposta e posso então ter uma conduta mais adequada tecnicamente. KATIA SARTORIO: Ministro vamos agora á rádio Globo de Natal, no Rio Grande do Norte. Marcílio Dantas, bom dia. RÁDIO GLOBO - (NATAL/RN) MARCÍLIO DANTAS: Por que a vacinação não começa antes, nos estados Norte e Nordeste, justamente onde registra-se aumento de casos de gripe nessa época do ano? MINISTRO: Marcílio, a pergunta é simples, a resposta é simples, porque a quantidade de vacinas que o governo brasileiros comprou, são mais de 80 milhões de vacinas, essa vacina, preciso que vocês entendam, ela demora entre seis a oito meses para ser produzida. Ela não é uma vacina que se produz como um comprimido, medicamento que você produz milhares em horas, ela demora muito tempo. E o contrato que o Ministério da Saúde fez com os três laboratórios produtores, tem um cronograma de entrega de vacinas e esse cronograma tem que ser respeitado, então nós só não antecipamos a vacinação porque as vacinas não começaram a chegar, elas começam a chegar exatamente agora entre final de janeiro e fevereiro, elas começam a chegar, é o que vai nos permitir fazer esse cronograma. Nós também não vamos ter as 80 milhões ao mesmo tempo aqui, elas vão ser entregues gradativamente, exatamente por isso, o cronograma. KATIA SARTORIO: Ministro vamos agora à rádio Clube, de Belém do Pará. Nonato Cavalcante, bom dia. RÁDIO CLUBE - (BELÉM/PA)/ NONATO CAVALCANTE: Explique como será realizado, principalmente para a nossa região, que nós entramos em cadeia agora, como será realizado efetivamente a campanha de vacinação contra a gripe A? Quem pode e quem precisa se vacinar? MINISTRO: Primeiro nós vamos começar a colocar em todas as tvs e rádios do Brasil um filme educativo, principalmente chamando a atenção para as medidas de prevenção. Lavar com muita frequência as mãos, não compartilhar. Você sabe aquela cena tradicional, você está tomando um chopinho com a sua namorada e ai você toma um pouco e oferece "tá ótimo, prova um pouquinho", você levou para a sua namorada, o copo, o chopp e o vírus, tudo junto. Então não compartilhar copos, talheres, pratos, objetos de uso pessoal e ao espirrar e tossir proteger bem a boca e o nariz para evitar que a dispersão das gotículas, onde está o vírus, se espalhe pelo ambiente. Segundo, nós vamos começar a convocar, depois com filmes mais específicos, a população. Na primeira etapa, que começa dia oito de março, quem vai ser vacinado? Todos os profissionais de saúde que trabalham em postos, centros de saúde, saúde da família, hospitais, policlínicas, prontos socorros do setor público e privado e também a população indígena de todo o Brasil. Na segunda etapa, todo mundo que tenha doença crônica, de qualquer idade, pode ser obesidade, doença respiratória, doença cardíaca, pessoas que fizeram transplante, pessoas que tenham diabete, doenças hepáticas, renais e doenças do sangue e também nessa segunda etapa, crianças saudáveis de seis meses a dois anos de idade. As gestantes, poderão se vacinar em qualquer etapa, a partir da segunda etapa, ela pode estar no primeiro mês de gravidez, no primeiro trimestre, no segundo, no terceiro, sem problema nenhum. Na terceira etapa, quem vai ser vacinado? Adultos saudáveis de 20 a 29 anos. E na última etapa, quem tem mais de 60 anos e ai nós vamos oferecer também aquela vacina que todo ano a gente oferece da gripe comum, então essa pessoa com mais de 60 anos tem também uma doença crônica, ela vai tomar as duas vacinas, se ela é saudável,ela vai tomar só o da gripe comum, se ela além de ter 60 anos ou mais, tem diabete, ela vai tomar as duas no mesmo momento, não vai precisar voltar no mesmo dia, isso vai facilitar muito. KÁTIA SARTORIO: Agora ajuda ao Haiti, o país que foi devastado por um terremoto esse mês, o Ministério da Saúde soltou uma Medida Provisória, o governo, R$ 135 mi para a construção de UPA's, que são aquelas Unidades de Pronto Atendimento, lá neste país. A pergunta é a seguinte, o presidente anunciou a construção de uma UPA, mas a previsão é de que mais unidades sejam construídas no país? MINISTRO: Então, vamos esclarecer a coisa do Haiti. Como vocês sabem a situação lá foi tão grave que o sistema de saúde foi totalmente desestruturado, os hospitais ruíram e está havendo um grande esforço, a própria Força de Paz do Brasil lá, está atendendo as pessoas, médicos, enfermeiros, militares. Os Estados Unidos, a França, vários países estão ajudando. Agora o que nós temos que fazer são duas coisas: o primeiro momento, como é que eu ajudo agora, no momento crítico que ainda vai durar alguns meses? Então nós vamos construir e instalar uma Unidade de Pronto Atendimento para que ela possa se integrar a esse esforço emergencial. Depois vem uma segunda etapa que é reconstruir o sistema de saúde do Haiti, ai o Brasil está propondo ajudar no que ele sabe fazer de melhor, que é ajudar na restruturação da atenção básica, através da nossa experiência do Programa de Saúde da Família, hoje que cobre 100 milhões de pessoas. Segundo, nós vamos também doar ambulâncias do SAMU para o atendimento e resgate, as UPA's, e ai poderão ser até 10 UPA's, porque ai a gente vai cobrir toda a população da capital, três milhões de pessoas e também estamos nos dispondo a apoiar a Pastoral da Criança, em homenagem a doutora Zilda, ao belo trabalho que ela fez e que tinha ido ao Haiti exatamente para fortalecer a Pastoral lá, então nós incluímos também o recurso para que a Pastoral da Criança possa apoiar a implementação dessa estratégia, no Haiti. KÁTIA SARTORIO: Ministro, mais uma vez muito obrigada por sua participação no Bom dia, ministro. MINISTRO: Eu que agradeço, voltarei. KÁTIA SARTÓRIO: Volte mesmo. E a todos que participaram conosco dessa rede, meu muito obrigada e até o próximo programa.