Na pauta do programa de hoje o novo Exame Nacional do Ensino Médio, Enem, e o piso salarial dos professores. O ministro da Educação, Fernando Haddad, vai conversar com a gente também, sobre a expansão do ensino técnico, que hoje tem 215 mil alunos matriculados. E, tem a meta de chegar a 500 mil matrículas até 2010. O ministro da Educação, já está aqui no estúdio, pronto para conversar com a gente, e com âncoras de emissoras de rádio de todo o país. RÁDIO CBN-RIO DE JANEIRO (RJ)/VANESSA MAZZARI: Eu queria saber do ministro, se há possibilidade, ainda, do Enem ser adiado, já que isso foi pedido por algumas escolas do país devido ao adiamento das aulas, por conta da gripe suína? MINISTRO: Na verdade há uma questão técnica de difícil superação. Porque quando você faz uma licitação e contrata uma empresa você veja que é um contrato de mais de R$ 100 milhões para realizar os 4 milhões de provas previstas. A empresa, ela começa a fazer as locações dos locais de prova. E, são alguns milhares de locais de provas pelo país. O Enem vai estar em quase dois mil municípios. E, às vezes, um município tem mais de uma sala. Imagine em São Paulo, o número de salas que estão sendo locadas. Isso vale para os dois mil municípios do país. E nós, na verdade, adiamos o Enem. Se você for lembrar, nas edições anteriores, o Enem era feito, todo ano, no final de agosto. E nós tomamos a decisão este ano, em função de uma série de circunstâncias, de adiar para o começo de outubro. Então, o Enem na verdade, ele já foi adiado cinco semanas, em função das especificidades desse ano. Então, a nossa intenção é manter a data da prova, porque as locações já estão feitas, o número de inscrições definitivo já está emitido, o aluno vai receber na sua casa o local de prova. E, na verdade, a decisão de adiar o Enem já foi tomada no começo do ano, em março ou abril, em virtude das circunstâncias desse ano. Ele saiu da última semana de agosto para a primeira semana de outubro. RÁDIO CBN-RIO DE JANEIRO (RJ)/VANESSA MAZZARI: Muitos alunos podem se sentir prejudicados já que, além do problema da gripe suína, muitas aulas estão fazendo reposição por conta da doença, devido as conseqüências, também em relação as próprias mudanças do Enem. MINISTRO: Na verdade, a pessoa que está preparada para o vestibular, ela está mais do que preparada para o Enem. E, porque que eu digo isso com muita segurança? Em primeiro lugar, porque a matriz de conteúdos do Enem, ele é uma parte do vestibular. Ele não é o vestibular todo. Toda aquela parte referente a memorização, a decoreba, tudo aquilo saiu do exame. na verdade o que vai se exigir no Enem, é muito mais capacidade de raciocínio, demonstrar capacidade analítica. E, isso você não aprende em uma semana a mais, ou duas semanas a mais. Isso você adquiriu ao longo do ensino médio, ou não. Então, o aluno, na verdade, não tem que se preocupar com memorizar fórmulas, memorizar aqueles conteúdos que são exigidos em vestibulares tradicionais. O que tem que estar, é tranquilo, tem que estar em um dia tranquilo para que ele possa fazer uma boa prova. Com a vantagem de que essa nota da prova vai valer por muito tempo. E, ele , no primeiro semestre do ano que vem, vai poder fazer um outro Enem, vai poder usar a melhor nota. Ou seja, vai poder aplicar para um conjunto expressivo de universidades. Ele não vai ter que fazer um vestibular para cada universidade que ele deseja pleitear vaga. Ele faz uma prova e essa prova tem validade nacional. Se ele por ventura for mal nessa prova, ele faz, dali há alguns meses, outra prova que também tem validade nacional. E sempre com foco na capacidade analítica, na capacidade de raciocínio do aluno. Aí, então, aquela preparação tradicional para o vestibular dá lugar a um exame muito mais leve e inteligente do que o tradicional. RÁDIO GUAÍBA-PORTO ALEGRE (RS)/JACKSON LAGOAS: Mesmo estabelecido desde o ano passado, o piso nacional da educação não é pago aqui no Rio Grande do Sul, sendo respeitado, ainda, o piso regional. Este fato está gerando algum descontentamento entre os professores gaúchos. Qual é o seu posicionamento sobre esta situação? MINISTRO: A lei e o acórdão do Supremo Tribunal Federal são claros a respeito. O que que está em vigor hoje no país? O piso entrou em vigor em 1º de janeiro de 2009, e o professor tem direito a dois terços da diferença do seu salário anterior, para o piso atual, de R$ 950 por uma jornada de 40 horas. Então, a título de exemplo, se o professor ganhava R$ 650 e entrou em vigor o piso de R$ 950, como a diferença é de R$ 300, ele tem direito a dois terços. Ou seja, R$ 200. E, em 1º de janeiro de 2010 ele tem direito ao piso integral corrigido pela inflação. Ou seja, provavelmente superará, em 1º de janeiro de 2010, R$ 1 mil. Então, o que está acontecendo em todo o país, é a valorização do professor. Nenhum professor brasileiro, a partir de 2010 vai poder ganhar menos de R$ 1 mil, talvez até um pouco mais. E, a carreira vai fazer com que o salário vá de R$ 1 mil, a quatro, cinco, R$ 6 mil, dependendo do estado. Há estados que vão chegar a pagar R$ 7 mil para o professor. O que nós queremos é a valorização do magistério que, no início do nosso governo, ganhava praticamente a metade do que ganhava o profissional de outras áreas, com o mesmo nível de escolaridade. Esse número vem caindo progressivamente, o profissional ganhava a metade e agora ganha 70%. O nosso objetivo é fazer com que o professor ganhe em média, o mesmo salário que os profissionais de outras áreas, para que a carreira do magistério não esteja em desvantagem em relação as demais profissões. Além do fato de que nós estamos assumindo a formação dos professores, integralmente. O jovem brasileiro que quiser ser professor, não vai pagar pela sua formação. Porque, ou ele vai fazer uma universidade pública, e nós estamos ampliando, como nunca, as licenciaturas pelo Reuni, pelo Universidade Aberta do Brasil, pelos institutos federais. Ou ele vai fazer uma universidade particular com financiamento. Só que com um detalhe, se ele for atuar em escola pública depois de formado, ele não vai ter que pagar o financiamento. O financiamento vai ficar de graça. Ele não vai ter que retornar ao fundo aquilo que ele recebeu para pagar a sua mensalidade. Então, nós estamos assumindo a formação de professores no Brasil. Quem quiser dar aula em escola pública, se tiver boa nota no Enem, pode ficar tranquilo. vai poder atuar com sua formação integralmente financiada pelo Estado brasileiro. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ontem o Conselho Monetário reduziu os juros para novos financiamentos do Fies. O que significa, os alunos agora vão pagar menos? MINISTRO: Essa era uma demanda histórica da União Nacional dos Estudantes. Você sabe que a UNE pleiteava por anos a fio, a redução dos juros do Fies. O presidente Lula tomou, na minha opinião, uma decisão muito acertada. Ele determinou que o Fies tivesse uma taxa de juros, veja bem, inferior à inflação. Ou seja, uma taxa de juros real negativa. Como a inflação é de cerca de 4,5% ao ano, uma taxa de juros de 3,5% ao ano significa um juro negativo de 1% ao ano. É como se o aluno fosse pagar menos do que pagaria se tivesse sem o financiamento. Isso é histórico no Brasil, nunca houve, é uma política pública adotada por alguns países desenvolvidos, não todos, e o Brasil que está na rota do desenvolvimento sustentável agora pode oferecer a seus estudantes muitas opções de acesso a educação superior. Em primeiro lugar o acesso a Universidade Pública. Nós dobramos o número de vagas nas universidades federais, dobramos, fizemos em oito anos o que foi feito em 200 no país. Desde 1808 quando Dom João VI chegou aqui no Brasil, foi instalado o primeiro curso superior, nós tínhamos 113 mil vagas de ingresso, vamos oferecer 227 mil vagas de ingresso, dobrando as vagas nas federais. Temos o ProUni. O ProUni oferece mais de 150 mil bolsas por ano, você somando ai dá quase 400 mil bolsas por ano, seja na universidade pública seja na universidade particular. E agora nós vamos ter o financiamento estudantil com juro negativo. Então a democratização veio para ficar. Hoje a juventude se anima a estudar sabe que estuda com perspectivas de futuro, ou seja, não é como no passado, a pessoa estudava, estudava, estudava e não entrava numa universidade pública porque tinha pouca vaga, ou entrava numa universidade particular e não tinha o dinheiro para pagar. Essa era a realidade do jovem brasileiro em 2003. O que acontece hoje? Ele entra numa universidade pública que tem o dobro de vagas ou entra numa universidade particular pelo ProUni ou pagando juro negativo pelo Fies. Então a vida da juventude mudou. Fora o que está sendo feito do ponto de vista da ampliação da expansão da educação profissional que é tão importante quanto a educação superior. Há técnicos no Brasil que ganham mais do que universitários, por quê? Porque a educação profissional também está sendo valorizado pelo comércio, pela indústria, o que significa dizer que hoje um técnico bem formado ele não deve nada para um bacharel, um técnico bem formado tem oportunidades de trabalho tão relevantes quanto um recém formado num bacharelado tradicional. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Nesse caso do Fies, a gente sabia que essa taxa que se reduziu para 3,5% já era cobrada para cursos de licenciatura, pedagogia e de superior de tecnologia, agora então todos os cursos, os outros inclusive que tinha um taxa de 6,5% isso passa a valer a partir do ano que vem? MINISTRO: A partir de agora, qualquer contrato que for elaborado agora, qualquer contrato de financiamento vale essa taxa. A redução durante o governo Lula foi de 9% que era a taxa de juros em vigor, quando nós chegamos era 9% a taxa de juros, nós reduzimos para 3,5%, ou seja, abaixo da inflação. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro eu queria conversar com o senhor sobre essas novas mudanças do Enem, quais são os objetivos dessa mudança, porque mudou o Enem? MINISTRO: O Enem tinha dois problemas. Nós gostávamos muito do Enem, tanto é que o Enem bateu o recorde de inscrições a partir do ProUni, não existia o ProUni antes de 2004. O ProUni é um programa do governo do presidente Lula. E nós fizemos questão de aproveitar o Enem como porta de entrada do ProUni. Com as inscrições do Enem que nunca bateram num milhão, seiscentos mil, trezentos mil, oitocentos mil, foi a quatro milhões depois do ProUni, então virou uma marca, uma grife, e não era isso, quadruplicando as inscrições ele virou uma grife nacional. Mas ele tinha dois problemas: o primeiro problema é que ele não cobria o currículo do ensino médio, ele só aferia a competência na área de linguagem e uma redação, então era uma prova muito acanhada. Essa é a razão pela qual as universidades federais em geral não utilizavam o Enem como vestibular, porque ele não confiava na prova, a prova era muito acanhada. A segunda questão é que as notas do Enem não eram comparadas de um ano para o outro, acontecia de ter uma prova fácil num ano, uma prova difícil no ano seguinte, uma prova intermediária no ano seguinte, então não havia padrão, não existia um nível de dificuldade pré-testado. Cada ano era uma prova, agora não. O Enem vai cobrir o currículo do ensino médio com vantagens em relação ao vestibular tradicional que sobrecarregou demais o currículo do ensino médio. Se você tomar o conteúdo do ensino médio hoje ele empilhou os conteúdos dos programas de vestibular. Então é uma loucura pro jovem do ensino médio cobrir todo o conteúdo. É uma tortura, nós vamos enxugar esse conteúdo, vai permitir a professora aprofundar o debate em sala de aula e não ficar com aqueles processos mnemônicos para você saber todas aquelas fórmulas, não tem computador no mundo que decore aquelas fórmulas, e utilize aquelas fórmulas, não é o problema de decorar fórmula é saber o que está por trás da fórmula. O aluno em geral esquece o fenômeno físico que está por trás da fórmula, por quê? A fórmula ficou mais importante do que o fenômeno físico que a fórmula deveria explicar. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Até hoje eu me lembro das tabelas periódicas, tem até uma música que a gente aprendia em sala para poder decorar a tabela periódica. Mas pergunta para mim o que é a tabela periódica? MINISTRO: Você não sabe, mas porque que isso acontece? Não é culpa do professor, o professor ele é obrigado a dar tudo aquele conteúdo, ele tem um X número de aulas, o que ele faz? Ele tem de recorrer a esses expedientes. Quanto você tem um conteúdo mais enxuto o professor começa a explicar o que precisa ser explicado. Vai discutir física, vai discutir biologia, vai discutir química, que são matérias que em geral assustam o estudante quando deveriam estimular o estudante. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: E aplicação de tudo isso na vida do cidadão não é? MINISTRO: É muito gostoso você aprender física num laboratório de mecânica num laboratório de elétrica, que ai você vai discutir o fenômeno físico. Você vai discutir a matemática combinando com outras disciplinas, tudo isso tende a mudar. Agora o Enem cobre um conteúdo maior e menos sobrecarregado ao mesmo tempo, e ele é comparável no tempo. O aluno que faz o Enem esse ano de repente ele pode usar a nota dele para o vestibular em 2010, ou em 2011, que aquela nota tem validade porque ela é comparável com os exames que vão seguir a partir desse. Então muda muita coisa na vida do estudante. Nós estamos na verdade 100 anos atrasados. Você sabe que os Estados Unidos da América acabaram com o vestibular em 1900. As universidades se reuniram e falaram, olha vamos botar um ponto final nesse vestibular e vamos criar um exame nacional que seja comparável e assim por diante, e criaram o chamado S.A.T, que é o Enem americano. Então nós estamos 100 anos atrasados, mas tivemos a coragem, e vamos evoluir muito com o novo Enem. RÁDIO CAICÓ-NATAL (RN)/SUERDA MEDEIROS: Ministro, qual é a importância real, prática para os jovens do Rio Grande do Norte da vinda desses institutos para o nosso estado? MINISTRO: No caso do Rio Grande do Norte, nós tínhamos cinco escolas técnicas no Rio Grande do Norte. Hoje, nós temos 14 unidades instaladas. O que significam as 14 unidades? Significa que nós vamos poder acolher 20 mil estudantes simultaneamente nessas escolas. Imagina você, o Rio Grande do Norte tem um instituto federal com 20 mil alunos fora a universidade do semiárido, fora a universidade federal do Rio Grande do Norte. Então, nós estamos falando de 20 mil alunos que vão poder fazer o ensino médio profissionalizante ou cursos de licenciatura na área de química, física, biologia e matemática. O que o presidente Lula determinou? Que o ensino técnico no Brasil tenha o mesmo status que o ensino superior porque no mundo todo você oferece duas alternativas para o jovem. Ou o jovem faz a educação profissional ou ele faz a educação superior, mas não é colocar uma em contraposição a outra porque as duas são muito importantes. Em nenhum lugar do mundo a educação superior atende 100% dos jovens, mas nós precisamos atender 40 a 50% dos jovens nas nossas universidades e precisamos atender os outros 50% na educação profissional de maneira que todo jovem brasileiro tem que ter direito a uma profissão. Se é de nível médio ou de nível superior é ele quem vai decidir. Quer dizer, de acordo com a sua vocação, de acordo com a sua vontade, de acordo com as suas pretensões, de acordo com a sua condição sócio-econômico, de acordo com várias variáveis que ele controla, mas ele tem que ter direito a uma coisa ou outra. O que não pode acontecer é o que vinha acontecendo, que um jovem entrava no Ensino Médio e não sabia o que estava fazendo ali porque a perspectiva de educação superior era mínima porque não havia expansão nas universidades, não havia ProUni, não havia FIES a juro baixo, não havia universidade aberta do Brasil, não havia acesso a Educação Superior e o Ensino Médio não era integrado a educação profissional. O que acontecia ou o que ainda acontece ao jovem brasileiro? Em geral ele evade, ele não conclui o Ensino Médio. Cinquenta por cento dos brasileiros concluem o Ensino Médio, os outros 50% evadem antes. Por que? Porque não vê sentido no Ensino Médio da forma como ele está organizado ainda. Então essas providências de reestruturar o ensino médio é justamente para fazer com que o jovem veja sentido na sua permanência na escola e conclua o ensino médio com uma profissão ou então tenha acesso à Educação Superior para adquirir essa profissão num nível superior. Esse é o nosso objetivo. RÁDIO CAICÓ-NATAL (RN)/SUERDA MEDEIROS: O que, de fato, mudou na educação brasileira no governo Lula porque a gente ouve muito as pessoas falarem assim: Ah, mas a educação não muda, demora muito as coisas para acontecer nesse país . De fato dentro desses dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva quais foram os maiores ganhos que a educação brasileira teve, ministro Haddad? MINISTRO: Em primeiro lugar a reversão dos indicadores de qualidade. Você sabe que desde que a qualidade da educação é medida, nós começamos a medir a qualidade da educação em 1995. De 95 a 2001 só fez cair os indicadores de qualidade. A medição é exata, precisa, então de 95 a 2001 caiu, caiu, caiu a qualidade do ensino. A partir de 2003 você começou a ter uma reversão desses indicadores, ou seja, a proficiência em matemática e leitura das nossas crianças e jovens começou a reverter favoravelmente. Então, para te citar um exemplo, você já deve ter ouvido falar do IDEB. O IDEB é uma nota, um índice de desenvolvimento da educação básica. Esse indicador em 2001, ele chegou a 3,5, essa era a nota da educação brasileira em 2001. Era de 3,8 caiu para 3,5 em 2001. Aonde nós estamos hoje? Em 4,2. É bom? Eu não diria isso, nós tínhamos que ter uma nota azul para estar numa situação mais confortável, chegar à nota 5 ou, então, melhor ainda a nota 6 que é a nota dos países desenvolvidos no mundo. Mas nós termos saído de 3,5 para 4,2 já é um avanço. Agora, a expansão da educação profissional e da educação superior no Brasil, aí é inédito, o que governo Lula fez. Nenhum governo fez tanto pelo acesso à educação profissional e a educação superior. Eu vou dar um dado para elucidar esse fato. De 1909 a 2002 foram construídas 140 unidades de educação profissional no Brasil. O presidente Lula terá entregue até 2010, 214. Então, o presidente Lula sozinho vai ter feito uma vez e meia o que todos os seus antecessores fizeram pela educação profissional. Isso também vale para a educação superior. O presidente Lula só ele terá feito, terá aberto mais vagas do que todos os seus antecessores nas universidades federais brasileiras. Então, eu acho que do ponto de vista da educação básica nós tivemos avanços expressivos revertendo a queda histórica da qualidade que foi observada entre 95 e 2001 e na educação profissional e na educação superior o acesso foi duplicado. Então, há avanços em todo...para onde se olha na educação há avanços significativos, basta olhar o orçamento do Ministério da Educação. O orçamento do Ministério da Educação que era de R$ 20 bilhões, nós vamos encontrar um orçamento de R$50 bilhões para o sucessor do presidente Lula, quem quer que ele seja. Agora, estamos levando banda larga para as escolas, estamos levando transporte escolar signo, ampliamos a merenda, o FUNDEB vai investir R$ 7 bilhões no nordeste a partir do ano que vem. Esse ano já são R$5,2 bilhões. Aprovamos o piso nacional do magistério, enfim, levamos livro didático para o Ensino Médio. É um conjunto expressivo de realizações que a população vai reconhecer quando o debate se estabelecer no país sobre quem fez mais pela educação na história do Brasil. RÁDIO PAIQUERÊ-LONDRINA(PR)/LINO RAMOS: Ministro, quem já terminou o ensino médio ou já terminou o ensino superior e pretende disputar uma vaga em uma universidade federal, por exemplo, como faz? MINISTRO: Bom, a grande maioria dos jovens do Ensino Médio se escreveram no Enem que é a porta de entrada, não apenas do ProUni - que oferece mais de 50 mil bolsas de estudo ao ano - mas agora passa também a ser a porta de entrada das federais. Algumas federais vão utilizar o Enem como fase única, algumas federais vão utilizar o Enem como primeira fase ou como componente da nota , final, o que significa dizer que o Enem terá um peso para seleção dos estudantes. Então o Enem se transformou numa porta de entrada importante para a rede federal. Aqueles que não fizerem o Enem ou que já estejam matriculados numa universidade tem ainda o acesso ao ProUni, perdão, ao FIES que é o financiamento estudantil que agora foi aprovada a redução dos juros para menos do que a inflação ao ano. A inflação é 4,5%, o FIES vai cobrar juros de apenas de 3,5%, o que significa dizer que é um juro negativo real de 1% ao ano. Então as possibilidades de acesso foram multiplicadas na educação superior. Eu sempre gosto de lembrar, nós dobramos as vagas nas universidades federais fora o que nós estamos fazendo no que diz respeito à oferta de bolsas e oferta de financiamento estudantil. RÁDIO PAIQUERÊ-LONDRINA (PR)/LINO RAMOS: Quem já fez uma universidade, um curso superior neste momento não teria acesso às vagas das universidades federais porque ele não tem acesso à nota do Enem, seria isso? MINISTRO: Não, veja bem. O egresso também pode se inscrever no Enem tranqüilamente. O Enem não é só para concluente do ensino médio, tanto isso é verdade que nós tivemos 4,5 milhões de inscrições no Enem e nós não temos 4,5 milhões de concluintes do Ensino Médio. Em geral 2 milhões de brasileiros concluem o ensino médio ao ano. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Então, não precisa estar ligado a uma escola de nível médio, não precisa estar concluindo o ensino médio, é essa a pergunta. MINISTRO: Não. Quem já concluiu o ensino médio também pode pleitear uma vaga. O chamado egresso do ensino médio, aquele que concluiu em 2008, 2007,em 2000, enfim. Ele também pode fazer o exame e pleitear uma vaga normalmente.... o ensino médio também pode pleitear uma vaga. O chamado egresso do ensino médio. Aquele que concluiu em 2008, 2007, 2000, enfim, ele também pode fazer o exame e pleitear uma vaga normalmente. RÁDIO LIBERDADE-CARURARU (PE)/ELAINE DIAS: A gente sabe que a Universidade Federal de Pernambuco aderiu ao novo Enem aqui em Pernambuco e a gente gostaria de saber qual a avaliação do Ministério da Educação com relação ao número de faculdades que aderiram ao novo Enem e a avaliação também da expectativa para o ano que vem, o ano de 2010. MINISTRO: Nós estipulamos em diálogo com os reitores um prazo de transição de três anos. A ideia é até 2011 acabar com o vestibular tradicional, acabar com a decoreba e permitir ao estudante de ensino médio acesso facilitado à educação superior, como é o caso dos países desenvolvidos: o aluno conclui o ensino médio, faz uma prova e a nota dessa prova dá acesso a toda a rede de universidades instaladas no respectivo país. O que nós queremos é fazer essa migração. Praticamente 40% das universidades federais aderiram, mas nós não queremos só as federais, nós queremos também as estaduais públicas. Nós estamos em contato com a Associação das Universidades Públicas Estaduais e Municipais, para que já em 2010 outras universidades públicas adotem o Enem como forma de seleção de ingresso e nós possamos em 2011 ter todas as vagas oferecidas por essa sistemática. Isso vai ser um ganho enorme para o país, porque muitas vezes o estudante - sobretudo o estudante pobre - não tem condição de fazer um vestibular por instituição. Imagina o quê que é para um estudante pobre sair da sua cidade no Norte do país, no Nordeste do país e fazer um vestibular no Sudeste ou no Sul ou vice-versa. O estudante pobre não tem essas facilidades. Ele não pega avião, ele às vezes não tem dinheiro para a passagem de ônibus e às vezes ele não tem dinheiro para a taxa de inscrição, que é muito cara. O Enem é gratuito. A pessoa de baixa de renda ou o egresso de escola pública, ou o concluinte de escola pública, não paga e quando ele paga, se ele é egresso de escola particular ou tem renda, é R$ 35 e esses R$ 35 valem para o país todo, porque ele faz um exame só. O que nós queremos é facilitar a vida do jovem talentoso, do jovem pobre, que não tem condição de pagar a taxa de inscrição, que não tem condição de se deslocar pelo território nacional, para fazer um sem número de exames, isso vai ficar muito facilitado. O jovem com talento, aquele jovem esforçado, que estudou, que tem méritos, vai conseguir a sua vaga, seja de que região ele for, isso que é importante dizer. Se ele estiver lá no interior da Amazônia, se ele for um bom aluno, ele vai ter o seu acesso garantido, basta que ele tenha uma boa nota no Enem, para ele ter acesso a qualquer universidade pública brasileira. RÁDIO LIBERDADE-CARURARU (PE)/ELAINE DIAS: A rádio Liberdade recebeu algumas ligações com relação aos alunos que estavam estudando para o vestibular tradicional e eles afirmavam que tinham dificuldade e achavam que ia ser diferente. O senhor acredita que vai ter alguma mudança para esses alunos? MINISTRO: Em hipótese nenhuma. O jovem preparado para o vestibular tradicional está mais do que preparado para fazer o novo Enem. Por quê? Porque na verdade, o novo Enem deixa de cobrar aquela memorização de conteúdos que é típica dos vestibulares tradicionais. Memorização de fórmulas, memorização de fatos. O que vai se cobrar é capacidade analítica, capacidade de raciocínio. Aquele aluno do ensino médio que está fazendo o cursinho, que está fazendo o ensino médio em uma escola tradicional, não precisa se preocupar. Ele vai dia 03 e 04 de outubro fazer a sua prova e ele vai se sair muito bem, se ele estiver preparado, porque quem se sai bem no vestibular tradicional também se sai bem no Enem. O contrário é que não era verdadeiro. Muitas pessoas que não tinham uma capacidade de memorização eventualmente poderão se sair bem no Enem se eles tiverem capacidade de análise, capacidade de raciocínio, que é o que nós queremos do jovem, que ele tenha criatividade, que ele tenha capacidade de análise e possa ingressar em um curso superior. RÁDIO CBN- CAMPINAS (SP)/CAROLINA RODRIGUES: Com relação ao Projeto de Lei aprovado no Congresso, que dá aos professos o piso salarial de R$ 950, o senhor acredita que esse valor deve ajudar o professor, que também precisa sempre estar atualizado? MINISTRO: Eu não tenho dúvida de que essa é uma das leis históricas do país. É uma reivindicação histórica dos professores, um piso nacional. Você sabe que havia um conjunto expressivo de professores ganhando salário mínimo no Brasil, o que é impossível para um professor que tem que comprar livros, que tem que se atualizar periodicamente. Nós criamos o piso nacional da categoria. Trinta e sete porcento dos professores brasileiros ganhavam menos do que o piso, até ele ser estabelecido, de maneira que agora o professor sabe que tem uma carreira mais digna pela frente. É evidente que para os grandes centros, o piso não fará grande diferença, mas você imagina no interior do Brasil, no interior do Piauí, no interior do Maranhão, no interior do Ceará, o que que significa um piso de R$ 950. É um piso que dá condição ao professor, mais do que sobreviver, ter uma vida razoavelmente adequada e obviamente, a partir do momento em que se fixa um piso, os governantes vão ser cobrados. Qual vai ser o piso de 2010? Qual vai ser o piso de 2011? A tendência histórica agora é você elevar esse piso a uma situação mais confortável. Eu prevejo que o Movimento dos Trabalhadores em Educação vai exigir dos futuros presidentes o que exigiu do presidente Lula, que respondeu ao apelo do magistério e mudou a Constituição brasileira, não é pouca coisa. Você mudar a Constituição do Brasil para garantir um piso nacional para uma categoria profissional, isso é um feito do presidente Lula que vai ser reconhecido pelos professores e agora a nossa luta é aumentar esse piso. Uma vez fixado, é lutar para que ele chegue a um patamar ainda mais adequado, para que o jovem brasileiro olhe para o piso e se sinta atraído pela carreira. O quê que acontece hoje? O quê que acontecia, principalmente no passado? O jovem falava puxa, eu gostaria tanto de ser professor, eu tenho um talento para ensinar matemática, eu tenho talento para ensinar física, mas como é que vou poder ensinar física por R$ 500, por R$ 400? , que era o salário mínimo da época R$ 415, R$ 460. Eu não tenho condição, com esse volume de recursos, eu não tenho condição de me manter e ter uma biblioteca em casa, ter um computador, ter uma banda larga. Como é que vou ser um bom professor sem acesso aos bens culturais? Então ele se desinteressava pela carreira. A partir do momento que ele vê perspectiva profissional, ele passa a considerar a carreira, se ele tem talento. Se ele está vocacionado para isso, ele evidentemente vai dar aula. Eu sou professor e posso te dizer: é muito gratificante ser professor. Se você tem as condições mínimas garantidas de de vida digna, aquela pessoa que está vocacionada para ser professor, vai ser, porque vai conviver com criança, vai conviver com jovem, vai conviver com seus pares. É uma atividade muito instigante, ela é muito apaixonante. Agora, o Estado brasileiro precisa garantir as condições para que a profissão de professor não esteja em desvantagem em relação às outras profissões. RÁDIO CBN-CAMPINAS (SP)/CAROLINA RODRIGUES: Ministro, com relação por exemplo, à situação que algumas escolas, principalmente em regiões metropolitanas como Campinas, estão vivendo em relação à violência. Os jovens de hoje têm outro tipo de relação com o professor e muitas vezes isso resulta em agressões, em palavras de baixo calão e são situações que deixam o profissional, mesmo ganhando um pouquinho mais, duvidando até da sua atividade e da permanência de algumas escolas que ficam afastadas do centro. Como o senhor acredita que o Governo federal pode auxiliar esses profissionais? MINISTRO: Há duas providências importantes a tomar: primeiro aproximar a família da escola. Isso é essencial. Os pais têm que participar das atividades dos seus filhos, têm que visitar com periodicidade a escola, têm que conhecer o professor, o diretor. Esse diálogo tem ser estabelecido. A educação começa em casa. Se jovem perde o respeito pelo professor, muitas vezes já perdeu o respeito pelo pai e pela mãe. É preciso considerar a aproximação da família da escola. A segunda questão é a seguinte: a escola atuar, expandir a jornada. Nós temos um programa hoje que se chama Mais Educação que está em 4,4 mil escolas do país. A nossa perspectiva para o ano que vem é de atender dez mil escolas. O que faz esse programa? Ele expande a jornada escolar para o segundo turno, oferecendo ao jovem atividades culturais, atividades de lazer, atividades desportivas, para que ele tenha a complementação de sua formação, sobretudo no universo da cultura. Ele aprende português, matemática, ciências, humanidades no primeiro turno e no segundo turno ele joga basquete, ele faz judô, ele joga xadrez, ele toca na banda da escola, ele tem um teclado, onde ele aprende piano, ou aprende sopro, ou faz teatro, ou faz dança. Enfim, esse jovem precisa ser mais bem acolhido pela escola. O Governo federal repassa R$ 200,00 em média por aluno por ano, para contratação de monitores justamente para expandir a jornada. O que nós temos observado é que as escolas que adotaram o Mais Educação tiveram resultados expressivos no ponto de vista de um ambiente mais apropriado para o aprendizado, para a convivência e para a socialização do estudante. Então nós temos que atuar também na linha da cultura, na linha do esporte, para acolher esse jovem de maneira mais adequada, fazendo com que ele se integre à escola de maneira efetiva e para isso, o Mais Educação tem sido um programa do governo federal bastante eficiente. RÁDIO ACRE FM-RIO BRANCO (AC)/ARIF CALAFINA: Bom dia, Ministro. A partir do contato da produção do programa Bom dia, Ministro , procuramos entrar em contato aqui em Rio Branco com os gestores de escolas da rede pública de ensino e temos aqui a pergunta formulada pela diretora da Escola Estadual Nelson Eumáia, Jussara Bonfim. Em relação à realização da Conferência Nacional de Educação em 2010, que tratará da universalização do acesso à educação básica, qual a sua opinião a respeito desse tema e quais as possibilidades de ampliar e consolidar o regime de colaboração entre estados, municípios e União, para que isso seja realmente posto em prática? MINISTRO: O que eu diria à professora Jussara é o seguinte: o governo Lula foi o primeiro governo que convocou uma conferência nacional para tratar da educação. Estão acontecendo as conferências estaduais em todo o país, em todos os estados até o final desse ano, para a grande conferência de abril. Essa conferência de abril tem uma tarefa enorme, que é discutir todas as questões relacionadas à educação e projetar metas para a próxima década. Portanto 2011/2020, nós temos que ter um novo plano nacional de educação e este novo plano tem que avançar ainda mais do que nós pudemos avançar nos últimos dez anos, ampliando o acesso à creche e pré-escola, ampliando o acesso ao ensino médio, ampliando o acesso à universidade, garantindo um ensino fundamental de qualidade, garantindo que o Brasil galgue ainda mais degraus da produção científica mundial. Você sabe que nós já somos o 13° colocado na produção científica no mundo? O Brasil é um grande produtor de ciência, isso muito nos orgulha. Nós saímos da 19º posição para a 13°. Temos toda a condição de estar entre os dez países de maior produção de ciência no mundo. A escola pública vem reagindo, sobretudo quando o governo Lula estabeleceu metas de qualidade para cada escola e para cada rede pública do país, isso também nunca havia sido feito, estabelecer metas de qualidade. Os diretores vêm respondendo adequadamente às ações do Ministério da Educação, seja com o plano de desenvolvimento da escola, seja com dinheiro direto na escola, seja com mais educação. As redes também vêm elaborando os seus planos de ações articuladas, para que não haja descontinuidade de um governo para o outro. O governo Lula termina deixando todo um planejamento feito para o seu sucessor, para que não haja descontinuidade de ações e isso tem sido, na minha opinião, muito bem recebido pelos gestores municipais e estaduais. Eu penso que do ponto de vista de gestão e planejamento, nós demos um salto qualitativo bastante expressivo. E do ponto de vista de financiamento e apoio técnico também. Hoje é difícil um governador e um prefeito não terem recebido recursos do Ministério da Educação, sobretudo aqueles cujos indicadores de qualidade da educação estejam abaixo da média nacional. RÁDIO ACRE FM-RIO BRANCO (AC)/ARIF CALAFINA: A outra pergunta é formulada pelos professores da escola João Aguiar, de Rio Branco. Eles colocam o seguinte: atualmente a escola tem uma grande responsabilidade na formação do aluno. Cabe à escola não só ministrar o ensino, mas também fiscalizar hábitos, comportamentos, se o aluno tem frequentado às aulas e etc. O que deveria ser o papel da família desse estudante, termina ficando sob a tutela da escola, isso porque mesmo como uma série de mal comportamentos e pouca dedicação, o aluno não fica reprovado. Ele tem várias oportunidades de recuperar suas notas. E perguntam ao Ministro: por quê o ensino progressivo é adotado no Brasil? MINISTRO: Nós temos que combater dois males: o primeiro, sem dúvida nenhuma, é a aprovação automática. É ruim a aprovação automática, o aluno que não estuda e que não se dedica ser aprovado. Mas tão ruim quanto a reprovação automática é a repetência crônica em que o Brasil vive. Nós não podemos ter nem a indústria da repetência nem a indústria da aprovação automática. Por isso que nós criamos o Ideb, que é a nota da escola. O Ideb combina a proficiência dos alunos nos exames nacionais, na prova Brasil, com a questão da progressão, do sucesso escolar. A escola tem que garantir sucesso escolar, ou seja, que o aluno seja aprovado, mas ao mesmo tempo tem que garantir a proficiência dos estudantes nos exames nacionais. Eu concordo com os professores, quando se dizem sobrecarregados com tarefas que não são da própria escola, que são da família. Mas nosso país é um país que despertou para a educação muito recentemente e nós precisamos envolver as famílias cada vez mais na escola. Daí porquê a extensão da jornada para um segundo turno com atividades esportivas, culturais, daí o porquê de abrir a escola aos finais de semana, daí porquê a instalação dos conselhos escolares são medidas tão importantes. Se não houver uma aproximação das famílias com a escola, de fato a escola fica muito onerada com tarefas que deveriam ser compartilhadas com a família e não necessariamente são. Nós precisamos encontrar um caminho de fazer essa aproximação dos pais e responsáveis com a escola pública, para que os pais tomem consciência daquilo que eles podem fazer pelos seus filhos, para que eles tenham maior desempenho. Por exemplo, uma atitude simples do pai, da mãe ou do responsável: acompanhar o dever de casa. É uma coisa muito simples de ser feita, não exige grande esforço, saber se o filho está fazendo o dever de casa, cobrar o dever de casa do filho. Às vezes o pai cobra o dever de casa, mas às vezes a criança não tem um ambiente adequado para fazer esse dever de casa, às vezes a casa tem um ambiente só. Então é preciso também respeitar o direito da criança a ter o seu horário tranquilo de concentração para fazer o seu dever de casa, com acompanhamento da mãe, com o acompanhamento do pai, ou do responsável. É preciso uma interação maior e é preciso que o diretor da escola assuma uma liderança maior junto às famílias. Eu sei que é fácil falar e difícil fazer. Eu visito as escolas públicas do Brasil e sei da onda de dificuldades que o diretor tem. Mas nós estamos nesse grau de desenvolvimento e temos que assumir as nossas responsabilidades. Do professor ao presidente da República passando pelo diretor, pelo secretário, pelo ministro, nós temos que nos dirigir às famílias e orientá-las, para que elas deem um suporte à escola. A escola, definitivamente, não consegue fazer tudo. Até porque a criança está fora da escola uma boa parte do dia. A criança está ou quatro ou sete horas na escola por dia. O resto do tempo, ela está fora da escola. Então, se não houver o apoio da família, fica muito difícil. Envolver a família no processo educativo é essencial, família pode fazer muito mais do que pensa pelo sucesso escolar do seu filho e não é apenas cobrando a frequência. É cobrando a frequência, é cobrando o dever de casa, é cobrando o respeito ao professor, é cobrando o respeito aos horários de chegada e saída. É toda uma circunstância que precisa ser melhor orientada e nós temos o papel de liderar esse processo, por mais sobrecarga que tenhamos, nós temos que liderar esse processo e sensibilizar as famílias para que apoiem mais e mais a escola pública. RÁDIO BOA NOVA-GUARULHOS(SP)/JOSÉ DAMIÃO: Ministro, como é que o senhor analisa a pesquisa nacional por amostra de domicílios coordenada pelo IBGE, de que entre cada dez crianças brasileiras com oito ou nove anos de idade, pelo menos uma é analfabeta? E Ministro, na prática, a lei que aprovou o piso salarial de R$ 950,00 reais para os professores está sendo aplicado em todo o Brasil? MINISTRO: Começando pelo fim, nós estamos monitorando essa questão do piso nacional e não temos informação neste momento de um prefeito ou governador que esteja descumprindo o piso. No nosso entendimento, até onde vão as nossas informações, a lei está sendo respeitada no país. Eu lembro que 2009 é um ano de transição, em que o prefeito e o governador estão obrigados por lei a pagar dois terços da diferença entre o que o professor recebia e o piso de R$ 950. E a partir de 2010, terá que ser pago os R$ 950, acrescido da inflação do período. A partir de 2010, o piso nacional deve chegar a R$ 1 mil ou entorno de R$ 1 mil e aí vale nacionalmente, não tem desculpa para não cumprir. Em relação ao analfabetismo de crianças e jovens, o que nós temos hoje é uma situação muito melhor do que no passado. Se nós tomarmos quantos jovens brasileiros chegam ao 15 anos analfabetos, nós vamos verificar que esse indicador é inferior a 2%, o que significa dizer que estamos próximos de fechar a torneira do analfabetismo. A nossa preocupação agora é fechar a torneira mais cedo. É garantir que as crianças cheguem aos oito anos no máximo, plenamente alfabetizadas e para isso, nós criamos um instrumento chamado Provinha Brasil, que permite ao professor a partir dos seis anos aferir as competências de leitura e compreensão das crianças e garantir que as crianças obrigatoriamente tenham que estar no ensino fundamental ao seis anos, cheguem aos oito anos alfabetizadas. Nós estamos monitorando isso no país, para garantir não apenas o fim do analfabetismo aos 15, mas o fim do analfabetismo aos oito. Além do fato de que nós estamos garantindo, por meio do Brasil Alfabetizado, que os jovens e adultos com mais de 15 anos tenham o seu direito à alfabetização assegurado. Nós estamos com 1,5 milhão de jovens e adultos em sala de aula se alfabetizando nesse momento, no maior programa de alfabetização da história do país. RÁDIO ABC 1570 AM-SANTO ANDRÉ (SP)/LEANDRO AMARAL: Ministro, o governo busca com o novo Enem reformular o currículo do Ensino Médio. Quero saber na avaliação do senhor, quais os pontos que devem ser revistos? MINISTRO: Sobretudo a abrangência do conteúdo. Porque é essa abrangência que não permite ao professor aprofundar a discussão sobre ciências, sobre literatura, sobre arte em sala de aula. O quê que virou o currículo do ensino médio? Virou a sobreposição de programas de vestibular, uma somatória de programas de vestibular. Como cada universidade tem o seu vestibular, você soma tudo aquilo e deu o currículo do ensino médio. E não é assim que deve ser. O currículo do ensino médio tem que ter a sua identidade, não pautada pelo vestibular. O que o Enem está fazendo é justamente isso: é criar um programa, adequado ao ensino médio, que permita ao professor dispensar os expedientes clássicos de memorização em virtude do tamanho do programa, é encolher esse programa e dar a ele condições de discutir em sala de aula, física, química, biologia, literatura, com mais profundidade, tornando a aula mais agradável, o ensino médio mais instigante e mais voltado para a capacidade de raciocínio, para a capacidade analítica e para a criatividade do estudante, integrado ou não à questão da educação profissional. Mas é preciso desonerar o Ensino Médio desse conteúdo que eu comparo ao uma piscina muito grande, como uma lâmina d'água enorme, mas uma profundidade de cinco centímetros. Você não nada em uma piscina dessa, apesar de ter muita água, você não consegue dar uma mergulho. O que nós precisamos é ter uma piscina de dimensões menores, mais um pouco mais profunda para que o professor possa mergulhar nas disciplinas e apresentá-las de maneira mais interessante para o aluno. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro Fernando Haddad, eu queria agradecer mais uma vez a sua participação no programa Bom Dia, Ministro. MINISTRO: Eu que agradeço. Obrigado a todos.
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27/08/09 Exame Nacional do Ensino Médio foi um dos temas do Bom Dia, Ministro com Fernando Haddad
O Exame Nacional do Ensino Médio, Enem, e o piso salarial dos professores foram alguns dos temas do programa Bom Dia, Ministro com o ministro da Educação, Fernando Haddad. Além disso, o ministro falou sobre a expansão do ensino técnico, que hoje tem 215 mil alunos matriculados. Segundo o ministro, a meta do governo é chegar no final do ano que vem com 500 mil alunos matriculados.
12/12/2016
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17:57
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