26/04/2012 - Marco Antonio Raupp fala sobre o Ciência sem Fronteiras, a Olimpíada da Matemática e o programa espacial brasileiro
No Bom dia, Ministro , o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, falou sobre a 8ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, que registrou este ano número recorde de escolas inscritas. Além disso, Raupp abordou sobre o Ciência sem Fronteiras, o programa espacial e satélite de telecomunicações brasileiro.
12/12/2016
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APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Olá, amigos em todo o Brasil. Eu sou Kátia Sartório e começa agora mais uma edição do programa Bom Dia, Ministro. O programa tem a coordenação e a produção da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, em parceria com a EBC Serviços. Hoje, aqui, nos estúdios da EBC Serviços, o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp. Bom dia, Ministro. Seja bem-vindo. MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Bom dia, Kátia. É um grande prazer estar aqui na rede do programa Bom Dia, Ministro. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Na pauta do programa de hoje, a 8ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, o Ciência sem Fronteiras e, também, o Programa Espacial e Satélite de Comunicações Brasileiro. O Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, já está aqui no estúdio, pronto para conversar com âncoras de emissoras de rádio de todo o país, que estão com a gente nessa rede que faz o Bom Dia, Ministro, um programa multimídia - estamos ao vivo no rádio e na televisão. Ministro, vamos agora a Bom Jesus, no Rio Grande do Sul, conversar com a Rádio Aparados da Serra AM, onde está Nilson Spagnoli. Bom dia, Nilson. REPÓRTER NILSON SPAGNOLI (Rádio Aparados da Serra AM / Bom Jesus - RS): Bom dia, Kátia. Bom dia, Ministro. Olha, é uma satisfação participar mais uma vez do Bom Dia, Ministro. Ministro Marco, em relação à questão das Olimpíadas de Matemática, eu gostaria de destacar inicialmente que Bom Jesus são aproximadamente 480 alunos que participam, tanto da rede estadual como municipal. Foi criado com que objetivo? E ele está alcançando o seu objetivo, essas Olimpíadas, Ministro? MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Bom dia, Nilson. É um grande prazer falar com você e com todos os ouvintes e telespectadores de toda a rede, mas em especial aí com o pessoal de Bom Jesus. Eu queria dizer o seguinte: esse programa certamente é um instrumento para promover a educação em Matemática, estimular os jovens a estudar Matemática no nosso Brasil. Você sabe que, às vezes, o ensino de Matemática... Eu sou um matemático, sabe, Nilson, e sou muito preocupado com o ensino da Matemática. Já dei aulas de Matemática até em escolas médias. Então eu sei bem que nós, professores de Matemática, muitas vezes, a gente não tem não... não estimula, não faz todo o esforço que tem que ser feito para estimular os estudantes a gostarem da matéria e, portanto, estudarem mais. Existem dificuldades aí, porque é uma matéria um pouco... É difícil, árdua, comparada com outras, e também, se você não tiver uma boa motivação, ela fica assim... Às vezes, os alunos encaram que ela é muito estéril. Então, é muito importante esse programa, porque ele visa exatamente mostrar, estimular professores na preparação desses estudantes para participar das Olimpíadas, mostrar quão interessante, quão importante é a Matemática para a vida diária das pessoas. Então, essa Olimpíada visa isso. Eu acho que ela tem conseguido bastantes resultados. Por quê? A Olimpíada, na verdade, não é um evento em que se simplesmente escolhem os vencedores, premia esses vencedores com medalhas, etc., medalha de ouro, medalha de prata, medalha de bronze, mas eles recebem também... Os vencedores recebem estímulo, através de bolsas de estudo, uma bolsa do Programa de Iniciação Científica do CNPq e da Capes. CNPq é o Conselho Nacional de Pesquisas do Ministério da Ciência e Tecnologia, que dá bolsa para os estudantes. E a Capes é o órgão do Ministério da Educação que promove esse evento. Então, esses estudantes que são escolhidos, eles passam a ter oportunidade de estudar mais Matemática. Isso significa o seguinte: que é um mecanismo de se identificar talentos e promover esses talentos. Isso vai ter grande impacto no futuro, vamos dizer assim, do ensino da Matemática no país, porque os professores, também, que preparam esses estudantes, eles são também... São estimulados, têm... através de programas do CNPq e da Capes, a aprofundarem o treinamento desses estudantes. Então, você veja que não é só um evento para premiar, não é só uma competição; é um mecanismo de se estimular o interesse pela Matemática, tanto dos professores, de aprofundarem na Matemática, quanto dos alunos, dentro desse objetivo de estimular e fazer com que a Matemática se desenvolva mais no país. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Nilson Spagnoli, da Rádio Aparados da Serra AM, de Bom Jesus, no Rio Grande do Sul, você tem outra pergunta? REPÓRTER NILSON SPAGNOLI (Rádio Aparados da Serra AM / Bom Jesus - RS): Sim, Kátia. Ministro, em relação ao Ciência sem Fronteiras, a quem se destinam essas bolsas efetivamente? O senhor poderia nos falar um pouquinho mais sobre esse programa? MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Sim, Nilson. Esse Ciência sem Fronteiras é um outro mecanismo de estímulo, esse não... não direcionado somente à Matemática. A Matemática está entre os seus objetivos também. Mas o Ciência sem Fronteiras se volta para as áreas de Engenharia, das ciências da Engenharia em geral, e das ciências naturais. Ciências naturais quem são? Física, Química, Biologia. Então, Matemática e computação estão envolvidos aí também, mas ele, então, é um programa muito mais amplo e ele se destina a estudantes dos cursos de graduação nessas áreas até cursos de pós-graduação. Então, ele se volta para estimular estudantes nessas áreas, incrementar o número de engenheiros, cientistas, nessas áreas, que são formados no Brasil, e com uma qualificação maior. Por isso que eles são direcionados às melhores universidades do mundo. Esse programa articula, vamos dizer assim, a oportunidade de jovens brasileiros e jovens cientistas, jovens engenheiros, a estudarem nas melhores universidades do mundo. Então, também é outro grande instrumento para promover essas áreas específicas. Eu quero só salientar, Nilson, que tanto essa Olimpíada de Matemática, o estímulo ao ensino da Matemática, a formação matemática nos estudantes brasileiros, quanto o Ciência sem Fronteiras são instrumentos que se voltam para o desenvolvimento econômico e social do país. Nós estamos... O governo, a política do governo federal, já de algum tempo, desde o governo Lula e prossegue nesse governo, é de estimular a capacitação do país para a retomada do desenvolvimento. Então, esses programas estão nessa linha. Nós encaramos que a Ciência e Tecnologia e o raciocínio científico, onde Matemática e toda essa... as ciências da Engenharia são fundamentais, eles são cruciais para o... o país realmente se engajar num desenvolvimento econômico sustentado. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Este é o programa Bom Dia, Ministro. Estamos, hoje, com o Ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp. Ele conversa com âncoras de emissoras de rádio de todo o país. Lembrando às emissoras que o sinal dessa entrevista está no satélite, no mesmo canal de “A Voz do Brasil”. Ministro, vamos agora a Uberaba, em Minas Gerais, falar com a Rádio Sete Colinas AM. Elvia Moraes, bom dia. REPÓRTER ELVIA MORAES (Rádio Sete Colinas AM / Uberaba - MG): Bom dia, Isabel (sic). Bom dia ao Ministro Marco Antonio Raupp. É um prazer participar dessa entrevista. Eu gostaria de perguntar ao Ministro o seguinte, a respeito do Programa Espacial e Satélite de Telecomunicações. O país reconhece ainda que a participação brasileira é um pouco tímida em relação a outros mercados e que o Brasil tem uma certa situação de dependência de satélites estrangeiros. Ministro, o que o país, no âmbito do Ministério, está fazendo para livrar o Brasil, o país, dessa situação de dependência de satélites estrangeiros? MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Bom dia, Elvia. Muito prazer em falar com você, com todos os seus ouvintes, aí, da Rádio Sete Colinas, nesse grande município, aí, de Uberaba, em Minas Gerais. Eu imagino que a sua rádio atinja aí toda a região. Então, o Triângulo Mineiro é uma região muito importante do país, e eu saúdo, então, todos os seus ouvintes. A minha consideração sobre o que está acontecendo na área espacial é a seguinte... Eu, inclusive, antes de ser... de vir para o Ministério da Ciência e Tecnologia, eu fui responsável pela gestão do Programa Espacial Brasileiro, que está sob a coordenação da Agência Espacial Brasileira. No ano passado, eu fui presidente, exerci o cargo de presidente da Agência Espacial Brasileira. E já fui também diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que é um dos grandes agentes na execução dessa política. Então, a visão nossa, que eu estou... Eu sou uma pessoa, então, da área, vamos dizer assim. Ao fazer a pergunta, você está me permitindo aqui que eu até faça uma consideração maior sobre essa área. O Programa Espacial Brasileiro já é antigo e ele sempre se propôs... O objetivo básico é que o Brasil tenha autonomia de construir satélite e de lançar esses satélites e operar esses satélites. Como você sabe, satélites têm aplicação... as mais variadas possíveis. Você tem desde satélites, por exemplo, para usar nas telecomunicações, não é? Eles estão equipados com instrumentos que permitem fazer conexões de telecomunicações a distâncias enormes, tá certo? São usados, também, satélites, de uma forma muito objetiva, em atividades humanas claras, como, por exemplo, monitoramento ambiental, a previsão de safras agrícolas, monitoramento ambiental... O monitoramento da Amazônia, por exemplo, nessa questão de desflorestamento e de ocupação do território pelo homem, não é, é todo feito por via satélite. A observação no mar também. Hoje, você sabe que nós estamos investindo bastante no mar. Essa exploração do petróleo está tendo grandes atividades lá. Então, monitorar essas regiões para efeitos de acompanhar o que está acontecendo... essas transformações que estão acontecendo lá, visando a conservação do ambiente, a não destruição do ambiente, é fundamental e é feita por satélites. Os satélites que fazem isso são os satélites chamados de observação da terra, e eles têm vários tipos de satélites. Também existem satélites com outras... outros objetivos. Por exemplo, satélite para a identificação de posições na superfície terrestre, para a indicação de... para indicar... Todos esses sistemas GPS, que são muitos divulgados no país, de você... que tem no carro, tem nos aviões, tem em tudo isso, eles servem para localização. Se não tivessem satélites, isso aí não seria possível. Você, por exemplo... Vamos supor o seguinte: você queira ir à praia no final de semana. Aí, de Uberaba, você vai até, aí, o litoral paulista, por exemplo, que eu imagino que seja as praias oceânicas mais perto daí. Você faz um planejamento da sua viagem. Você vai, primeiro, saber se, no fim de semana que você escolheu, se não vai chover. Para saber disso, você estará usando intensamente satélites. São os satélites que fazem a previsão... São usados para fazer a previsão meteorológica. Aí você vai planejar a sua viagem de carro, por exemplo. Você vai com o seu GPS, ele vai... É um localizador que vai dizer qual é o melhor caminho para você, e você vai ver em termos de distância, como também em termos de estradas. Ele vai te dar essa informação toda. Esses são satélites de... Sistemas de localização que também são usados por satélite. Então, eu estou mostrando para você quão importante é o satélite na vida das pessoas. Às vezes, a pessoa nem se dá conta disso, mas eles são fundamentais. Esses serviços, alguns desses serviços, nós já conseguimos ter autonomia aqui no Brasil. Por exemplo, esses satélites de observação da terra. O Brasil, desde os anos 80, estabeleceu um programa de cooperação com a China, de desenvolver esses satélites de observação para uso no monitoramento ambiental. Nós temos pleno sucesso nesse programa. Já lançamos três satélites e, agora, em novembro, nós estaremos lançando mais um e, em 2014, mais outro. Então, nós temos toda uma previsão de sistemas de observação da terra construídos por nós, em parceria com a China... Essas parcerias são importantes também - viu, Elvia? - porque são projetos muito caros, e, quando você tem esses projetos tecnológicos caros, é muito importante você buscar parceria para dividir os custos, não é? Então, nessa área de satélite, nós estamos parcialmente... Temos sucessos parciais, vamos dizer assim. E o grande evento... O grande resultado que a gente conseguiu é termos essa capacidade, por exemplo, de termos esses satélites de monitoramento. Nos últimos anos, todo monitoramento na Amazônia tem sido através desses satélites sino-brasileiro. É chamado Satélite Sino-Brasileiro para Recursos Terrestres. Então, o Brasil tem sucessos intermediários aí. Mas eles têm grande... Nós temos grande interesse em ampliar isso. Por exemplo, esse ano, a presidenta Dilma Rousseff já aprovou um satélite de comunicações para ser usado em apoio ao Programa Nacional de Banda Larga, que é a internet social, a internet banda larga para todo o cidadão brasileiro. Esse satélite vai apoiar esse programa, fazer com que... Evidentemente que os instrumentos normais para se expandir esse sistema de banda larga aos cidadãos brasileiros são esses ‘backbones’, essas conexões na superfície terrestre, mas tem grandes partes do território brasileiro, quase 2 mil municípios, que não são atingidos por esses ‘backbones’. É a área amazônica, por exemplo, que está muito fora disso. Então, é preciso satélite - está entendendo? -, com essa capacidade de serem os conectores para a banda larga, para que a banda larga atinja todo o cidadão brasileiro. Isso é um projeto aprovado agora, que nós estamos iniciando. É uma parceria do Ministério das Comunicações... É responsabilidade do Ministério das Comunicações esse programa de banda larga, mas é uma parceria também com o Ministério da Ciência e Tecnologia e com o Ministério da Defesa. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Este é o programa Bom Dia, Ministro. Eu sou Kátia Sartório e estamos hoje com o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp. Ele conversa com âncoras de emissoras de rádio de todo o país. Ministro, vamos a Sorocaba, em São Paulo, conversar com a Rádio Cacique, de Sorocaba, onde está Oliveira Júnior. Bom dia, Oliveira. REPÓRTER OLIVEIRA JÚNIOR (Rádio Cacique / Sorocaba - SP): Bom dia, Rita (sic). Bom dia, Ministro. MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Bom dia, Oliveira Júnior. REPÓRTER OLIVEIRA JÚNIOR (Rádio Cacique / Sorocaba - SP): A minha pergunta, ela vai direto à questão, aqui, do Ciência sem Fronteiras. Essa semana mesmo, eu conversei com um estudante que, através de um programa municipal, em parceria com o Rotary Internacional, encontra-se no México. E a gente sabe das limitações ainda nesse sentido. Eu queria que o senhor explicasse para a gente qual o mecanismo para o estudante ter acesso, aí, a essas 20 mil bolsas concedidas pelo governo, através do Ciência sem Fronteiras e como funciona. MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: É só acessar... Oliveira, não tem dificuldade nenhuma. O estudante que queira se qualificar e que tenha condições de disputar... Veja bem, são considerados para... e aprovados nesse programa de bolsa aqueles estudantes que tiveram nota maior do que um certo... Seiscentos é o ‘scoring’ dele no Enem, tá certo? Então, para esses estudantes, é só se dirigir, se comunicar com o site ou da Capes, ou do MCTI, ou do Conselho Nacional, do CNPq, no MCTI, que lá terão todas as informações. Você pode fazer a inscrição on-line, está entendendo? Não há dificuldade nenhuma. A dificuldade é na competição que vem depois. Depois da inscrição, vem a competição. Já estou dizendo para você que o corte básico, ali, para selecionar as pessoas é uma nota mínima, aí, no Enem. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Você tem outra pergunta, Oliveira Júnior? Oliveira Júnior? REPÓRTER OLIVEIRA JÚNIOR (Rádio Cacique / Sorocaba - SP): A minha outra pergunta... APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Nós não estamos escutando você, Oliveira Júnior, da Rádio Cacique, de Sorocaba. REPÓRTER OLIVEIRA JÚNIOR (Rádio Cacique / Sorocaba - SP): A minha pergunta é no seguinte sentido, só para fechar aqui: o que o governo espera, a partir da formação desses estudantes no exterior, aqui no mercado interno? MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Nós esperamos que eles, tendo essa alta qualificação científica e profissional, eles deem uma grande contribuição às empresas brasileiras que precisam inovar, precisam fazer pesquisa e desenvolvimento, deem contribuição aos institutos governamentais de pesquisa ou às próprias universidades. Inclusive, eu devo dizer o seguinte: para termos o máximo de aproveitamento, que esses estudantes realmente voltem para o país e sejam alocados no nosso mercado de trabalho, não é, o MCTI está... organiza um sistema de alocação desses recursos humanos, um sistema de busca de fazer com que quem precisa desse emprego esteja... saiba qual é a oferta que existe desses estudantes oriundos do Ciência sem Fronteiras. É um trabalho de intermediação, de colocação desses estudantes no mercado de trabalho brasileiro. Nós seremos pró-ativos, para que não haja possibilidade de a gente estar enviando estudantes para o exterior e depois não termos como... Por uma razão de desencontros, não é, não aproveitarmos ele aqui no mercado de trabalho. Então, nós não deixaremos simplesmente a coisa ocorrer em função de oportunidades de mercados naturais, não é? Nós vamos buscar a colocação desses... Indicar para as empresas, para os institutos, não é, para o governo, as posições do governo, as oportunidades em relação a esses estudantes formados pelo Ciência sem Fronteiras. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Este é o programa Bom Dia, Ministro. Eu sou Kátia Sartório. Estamos, hoje, com o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp. Ele responde a perguntas de âncoras de emissoras de rádio de todo o país, neste programa que é multimídia – estamos no rádio e na televisão. Ministro, vamos a Santarém, no Pará, conversar com a Rádio Guarany 100,3 FM. Alba Araújo, bom dia. REPÓRTER ALBA ARAÚJO (Rádio Guarany 1003, FM / Santarém - PA): Bom dia. Bom dia, Kátia Sartório. Bom dia, ouvintes. Bom dia, Ministro Marco Antonio Raupp. MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Bom dia, Alba. REPÓRTER ALBA ARAÚJO (Rádio Guarany 1003, FM / Santarém - PA): Ministro, a minha pergunta refere-se ao programa espacial do satélite de telecomunicações, em construção, que vai ser feito para beneficiar todo o Brasil, não é? E a minha primeira pergunta para o senhor, Ministro Marco Antonio Raupp, com a construção do satélite geoestacionário brasileiro, o governo pretende reverter a situação de dependência de satélites estrangeiros. Esse investimento tem reversão, ou seja, o governo investe, agora, para economizar no futuro? MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Sim. Agora, deixa eu lhe explicar o seguinte. Esses satélites de comunicação, eles... Os satélites de comunicação são serviços que são prestados por empresas privadas. A maioria dessas empresas, realmente, são empresas internacionais, mas eles estão prestando esse serviço, aqui, no Brasil. Existem vários satélites desses colocados à disposição do mercado brasileiro, vamos dizer assim. O que esse satélite... O que diferencia esse satélite que o governo está lançando - e para ser operacional em 2014 - é que ele tem uma noção estratégica, não é? Que ele vai atender setores que são considerados estratégicos. Não é, exatamente, um setor em que o mercado privado entra, porque ele não tem uma retribuição direta, um pagamento direto pelo serviço. Então, são investimentos de longo prazo. Esses satélites, ele vai cuidar de duas... Vai ter duas funcionalidades. A primeira é, exatamente, ser usado como base para o programa de banda larga, para atingir áreas do Brasil, como a região amazônica, onde você está, está entendendo, que tem o alcance dela, por esses ‘backbones’ comerciais, esses serviços comerciais de conexão, internet, eles são precários, ainda. Aí, no Pará, não é tanto. Até que existem aí boas conexões. Mas quando você entra para a Amazônia ocidental, lá para o Amazonas e outros estados, a coisa piora significativamente, a questão de comunicação por internet. O governo lançou esse programa de banda larga. Quer dizer, dá uma capacidade de internet veloz para todo cidadão brasileiro, independente de onde ele está localizado. Então, nós tínhamos esse déficit, na região amazônica, por exemplo, que não era atingido. É difícil esse programa de banda larga ser estabelecido lá, baseado nos ‘backbones’ comercial. Por isso que está sendo lançado esse satélite, está sendo construído e lançado esse satélite, para que nós atinjamos toda a região amazônica, por exemplo. Beneficiar, fazer com que esse preceito do programa – que é a internet de alta velocidade para toda a população, para todo cidadão brasileiro – tenha alcance a esse serviço, está entendendo, e num preço razoável. O governo, então, está tomando a iniciativa. Então, tem uma visão estratégica aí. Essa é a primeira missão desse satélite. A outra missão é a questão da comunicação estratégica de governo, das Forças Armadas, por exemplo. Aí, as Forças Armadas têm uma estrutura de monitoramento aí, na fronteira, em toda a Calha Norte, na fronteira amazônica, de observação dos movimentos aí, de todo o tipo que ocorrem nessa fronteira, para controlar isso. E esse satélite vai servir, também, às comunicações militares. Então, vamos dizer assim, é o governo dando condições para que serviços que o governo vai prestar sejam da maior eficiência, tanto os serviços aí, de observação de fronteira e controle das fronteiras quanto os serviços, esse de colocar banda larga à disposição da cidadania. Então, vamos dizer assim, não é um programa comercial propriamente dito; é um programa que tem uma visão estratégica dessa questão da comunicação no Brasil. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Você tem outra pergunta, Alba Araújo? REPÓRTER ALBA ARAÚJO (Rádio Guarany 1003, FM / Santarém - PA): Sim, Kátia. Ministro, então, vamos ver se a gente entendeu direito. O resultado do satélite é que haverá a massificação do acesso à internet, no âmbito do Programa Nacional de Banda Larga. E aí, vamos dizer, o atendimento ao beneficiário do INSS, de uma cidade como Santarém, vai melhorar? MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Ah, com certeza. Todos os serviços do governo que vão usar esses sistemas de comunicação vão ter outra performance. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Este é o programa Bom Dia, Ministro. Estamos, hoje, com o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp. Lembrando aos âncoras de emissoras de rádio de todo o país que o nosso sinal, o sinal dessa entrevista, está no satélite, no mesmo canal de a Voz do Brasil. Ministro, vamos, agora, à Bahia, Barreiras, na Bahia, conversar com a Rádio Barreiras AM, onde está Lukas Villas-Boas. Bom dia, Lukas. REPÓRTER LUKAS VILLAS-BOAS (Rádio Barreiras AM / Barreiras - BA): Bom dia, Kátia Sartório. Bom dia, Ministro Marco Antonio Raupp. MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Bom dia, Lukas. Como vai você? REPÓRTER LUKAS VILLAS-BOAS (Rádio Barreiras AM / Barreiras - BA): Muito bem, Ministro. Olha, gostaria, ainda, de continuar falando programa nacional de satélites em telecomunicações. Em 29 de julho de 1998, dentro do programa de abertura neoliberal da economia brasileira, o governo federal privatizou a Embratel, que apesar de ser reconhecidamente lucrativa e eficiente com todos os seus satélites. Todo esse patrimônio foi transferido à empresa Star One, que lançou só mais um satélite, o Brasilsat B4, em 2000. Os especialistas do setor apontaram que o país cometeu um erro histórico com a privatização da Embratel. Com esse programa, o governo federal pretende retomar o controle do Programa Espacial Brasileiro, através do próprio Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação ou de uma nova estatal? MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Sim, senhor. Esse é exatamente... Você... Eu vejo que você conhece bem a situação. Isso é que justifica nós termos um satélite. Não tem cabimento, por exemplo, o que aconteceu após a privatização da Embratel, que as comunicações militares nossas, por exemplo, ficassem dependentes de ser operadas num equipamento, no caso, um satélite, controlado, por exemplo, por empresas internacionais, que é o caso que você está mencionando, aqui, na Embratel, a Star One, não é? O que talvez deveria ter sido feito, na ocasião, era separar a Star One da Embratel, e não ter privatizado a Star One, vamos dizer assim. Isso seria uma solução mais adequada, porque preservaria essas comunicações estratégicas, do governo, de estarem dependentes de empresas internacionais. E isso não aconteceu. E essa é uma das principais razões, a razão estratégica, essa que eu estou falando de nós fazermos uma satélite de comunicações que seja operado por uma empresa estatal, que vai ser a Telebras. Esse programa... Isso, vamos dizer assim, é o objetivo final. Quer dizer, a importância estratégica de termos uma empresa brasileira controlando esse fluxo de comunicações aí, que são muito importantes e estrategicamente importantes para o país. Mas nós não devemos esquecer, também, Lukas, que quando você, vamos dizer assim, desenvolve, no país, um programa de construção, de industrialização de um satélite como esse, e, depois, a operação, você atribui a empresas nacionais e a organizações governamentais nacionais uma capacidade tecnológica muito maior, que vai empregar, inclusive, mão de obra qualificada. Quer dizer, ao invés de você deixar isso ser fabricado e operado por empresas internacionais, e nós, as nossas empresas, não tenhamos, no Brasil, empresas com capacitação tecnológica para fazer isso, nós estamos adotando o caminho de capacitarmos a nossa indústria, para fazer esse tipo de equipamento. Isso tem muitos benefícios, além de ter esse controle estratégico do sistema de comunicações, que você está mencionando aí. A questão tecnológica, a autonomia tecnológica é fundamental. E não existe país que tenha se desenvolvido sem ter essa capacidade, incrementar grandemente a capacidade tecnológica nos seus institutos, nas suas organizações governamentais e, também, nas indústrias, nas empresas privadas desse país. No caso, por exemplo, do satélite, esse satélite de telecomunicações, que nós estamos considerando, a empresa brasileira que está escolhida para fazer todo... Gerir todo o processo industrial e ser responsável pela construção completa e, também, pelo lançamento, eles que vão contratar... O lançamento tem que ser contratado no exterior, porque nós não teríamos capacidade de lançar um satélite com essa complexidade, ainda, aqui, com veículos nossos. Mas o fato de ter uma empresa brasileira, no caso, a Embraer, uma parceria da Embraer com a Telebras no comando dessa operação é muito importante. Tem um valor estratégico importante, também, para o país. Porque vai incorporar tecnologia, nós vamos ter um ganho importante aí, em termos de empregos qualificados para o país. Hoje, não tendo isso, a mão de obra, por exemplo, qualificada, que queira, que tenha condições de se dedicar a isso, se nós não tivermos essa atividade no Brasil, o que vai acontecer? Eles vão trabalhar para empresas internacionais, vão trabalhar fora do Brasil. Então, tem... Por todos os lados que você observar isso, tem valores importantes que têm que ser considerados. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Este é o programa Bom Dia, Ministro. Eu sou Kátia Sartório, e o nosso convidado de hoje, o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp. Lembrando o que áudio e a transcrição dessa entrevista vão estar disponíveis, ainda hoje,pela manhã, na página da EBC Serviços, na internet. Anote o endereço: www.ebcservicos.ebc.com.br. Ministro, vamos, agora, a Florianópolis, Santa Catarina, conversar com a Rádio Udesc FM, onde está Salvador dos Santos. Bom dia, Salvador. Salvador? Daqui a pouco, a gente tenta, novamente, o contato com a Rádio Udesc FM, de Florianópolis, Santa Catarina. Vamos, então, à Rádio Cultura FM, de Posse, em Goiás. A pergunta é de Ivon Valente. Bom dia, Ivon. Ivon Valente? Daqui a pouco, a gente tenta, também, o contato. REPÓRTER IVON VALENTE (Rádio Cultura FM / Posse - GO): Bom dia. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ivon? REPÓRTER IVON VALENTE (Rádio Cultura FM / Posse - GO): Bom dia, Kátia. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Bom dia, Ivon. REPÓRTER IVON VALENTE (Rádio Cultura FM / Posse - GO): Bom dia, Ministro. MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Bom dia, Ivon. REPÓRTER IVON VALENTE (Rádio Cultura FM / Posse - GO): Primeiramente, gostaria de parabenizar o Ministro pela indicação, pelo perfil técnico, dando um exemplo aí para a meninada que estuda, que também pode chegar a ser Ministro, não é? É o seguinte: Sr. Ministro, existe uma grande celeuma aí, a respeito do novo Código Florestal. Os ruralistas querem desmatar tudo, não é? E ambientalistas reagem. Não está na hora do governo federal destinar mais recursos aí, como o senhor colocou, que está buscando aí, junto com a frente parlamentar, recursos do pré-sal e outras fontes, para a gente verticalizar a produção agropecuária com pesquisa, ciência e tecnologia, em vez de causar danos ao meio ambiente? MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Bom dia, Ivon, tudo bem? REPÓRTER IVON VALENTE (Rádio Cultura FM / Posse - GO): Tudo bom. MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Olha aqui, eu acho o seguinte: um dos grandes exemplos de sucesso na tecnologia, em relação à atividade produtiva, aqui, no nosso país, é exatamente a pesquisa agropecuária embasando todo o desenvolvimento agrícola do país. Isso está nas mãos da Embrapa, que é um órgão governamental. A Embrapa é um exemplo de sucesso, em que o conhecimento desenvolvido em toda uma rede de universidades associadas, e uma rede, também, de centros da Embrapa em todo o país, estimulou grandemente a agropecuária no Brasil. Eu devo dizer que a Embrapa está capacitada, também, e tem núcleos que se dedicam, exclusivamente, a essa questão ambiental, de desenvolver práticas, vamos dizer assim, conservacionistas que, ao mesmo tempo que estimulem a agricultura, mas, ao mesmo tempo, sejam conservacionistas. Porque na minha visão, Ivon, a ciência, o conhecimento científico é que é crucial para a questão de você produzir respeitando o meio ambiente. Para fazer essa compatibilização. Você vê que nós temos grandes possibilidades aí. A Embrapa é um caminho, e tem tido bastante sucesso nisso, e trilha essa vertente aí. Ela persegue esse caminho de compatibilizar a conservação do meio ambiente com a produção. Isso é muito importante, porque a sociedade... Nós temos grandes desafios, por exemplo, na sociedade brasileira, desafios sociais, a questão alimentar, segurança alimentar é fundamental, nós temos que ter essa capacidade de produzir. Mas, evidentemente, não podemos destruir o ambiente que é o patrimônio nosso. Ninguém progride destruindo o seu próprio patrimônio. Então, aí que entra a ciência, a boa ciência, e a Embrapa tem sido um belo exemplo disso daí. Você tem razão, mas a única coisa que eu discordo de você, você está dizendo que a gente deveria promover essa pesquisa nessa linha. Nós já temos, já estamos promovendo essa pesquisa. A Embrapa está aí, há muito tempo. Aliás, ontem, foi a comemoração dos 35 anos, se eu não me engano, da Embrapa, e nós devemos saudar isso. Isso já está em desenvolvimento, no nosso país... APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Trinta e nove, Ministro. MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Trinta e nove anos. A Kátia, aqui, está me corrigindo, me ajudando. Então, devemos saudar que isso já está sendo feito aqui no país e, cada vez, se desenvolvendo mais. Sobre a questão do Código Florestal, isso é uma questão de responsabilidade aí do... Porque o Parlamento também faz parte do governo do país, das instituições responsáveis pela nossa sociedade, não é? Então, eu não sei ainda o que aconteceu lá, eu não posso opinar sobre isso, nesse momento. Mas eu declaro, aqui, que o entendimento nosso de governo e de todos é que a maneira de você produzir conservando o ambiente, o que é fundamental para que você possa produzir sempre, porque, se você destruir o ambiente, vai haver uma degeneração, você não vai conseguir... Degenerações nas terras, no valor das terras, tudo isso. No valor, que eu quero dizer, é o valor de capacidade de produção. Primeiro, que você não vai ter condições de ter uma agricultura sustentável, não é? E a questão da sustentabilidade, tento ambiental como social, é fundamental para o desenvolvimento econômico. Então, isso aí está tudo em linha com essa ideia que nós temos que ter muita pesquisa, inclusive nessa área, em todos os setores, mas muito nessa área aí de produção de alimentos e fibras e etc. E energia também. Tem uma questão da energia que é fundamental aí e que interage com o meio ambiente. Nós temos que produzir energia limpa para que o desenvolvimento seja sustentável. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro Antonio Raupp, vamos, agora, mais uma vez, tentar conversar com a Rádio Udesc FM, de Florianópolis, em Santa Catarina. Salvador dos Santos, bom dia. Está nos ouvindo? REPÓRTER SALVADOR DOS SANTOS (Rádio Udesc FM / Florianópolis - SC): Bom dia. Eu estou aqui. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Que bom. REPÓRTER SALVADOR DOS SANTOS (Rádio Udesc FM / Florianópolis - SC): Bom dia. Bom dia, Kátia. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Bom dia. REPÓRTER SALVADOR DOS SANTOS (Rádio Udesc FM / Florianópolis - SC): Bom dia, Ministro Marco Antonio. MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Bom dia, Salvador. REPÓRTER SALVADOR DOS SANTOS (Rádio Udesc FM / Florianópolis - SC): Bom dia. Ministro, vamos, então, à primeira questão. As universidades públicas brasileiras têm feito muita pesquisa, mas, segundo os próprios pesquisadores, tem resultado em poucas patentes. E esta, talvez, este programa, agora, de Ciência sem Fronteiras será uma grande oportunidade de aperfeiçoamento, não é, para que esses estudantes possam aprender muito mais e aplicar depois. Agora, estas áreas, elas são escolhidas só pelo estudante ou há um controle, pelo governo, para que não vá muita gente para a mesma área e haja uma diversificação nas escolhas? MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Não, Salvador. O Ciência sem Fronteiras, ele já escolheu as áreas onde ele quer atuar. O governo escolheu dentro de um ponto de vista de uma política, de uma estratégia a ser implementada para, exatamente, ajudar essa questão que você está falando aí. É que as empresas e, vamos dizer assim, o setor produtivo, de um modo geral, invista mais e tenha mais capacidade de inovar, de desenvolver novos produtos, novos serviços, etc. Então, esse é o foco do Programa Ciência sem Fronteiras. É por isso que ele está focando nas ciências da engenharia e nas ciências naturais e nas ciências matemáticas e computacionais. As ciências naturais são as clássicas física, química e biologia, não é? Ele concentra nisso, então... E, mais, ele estimula que estudantes e beneficiários desse programa, eles se destinem a universidades que tenham essa abordagem, abordagem de inovação, abordagem de... No currículo, no currículo escolar desses estudantes, tenha muita ênfase no aprendizado prático, no aprendizado laboratorial, na questão desses estudantes fazerem estágios em empresas, não é, para terem, já, uma familiaridade com o chão de fábrica. Então, o Ciência sem Fronteiras busca isso. E ele busca afetar essa questão, essa deficiência que você apresentou aí, que a nossa ciência, todo o esforço científico, foi muito na direção, na linha acadêmica. Isso foi importante, viu, Salvador, porque sem ter essa base científica acadêmica a gente também não tem como ter as outras iniciativas na linha de levar a pesquisa científica para dentro das empresas. A base científica, as atividades científicas, as atividades de inovação são duas faces da mesma moeda, elas se intercambiam permanentemente, uma coisa ajuda a outra. O ambiente científico de pesquisa acadêmica, ele gera um ambiente cultural para que esse tipo de desenvolvimento nas aplicações, das tecnologias e tudo isso, ou seja, finalmente, na inovação dentro do setor privado, o setor empresarial, que ele se desenvolva. Porque a mão de obra, por exemplo, vem da atividade acadêmica, a atividade acadêmica é que prepara o pessoal para ir trabalhar essa atividade de inovação nas empresas. Então, essas coisas têm que andar juntas, é fundamental. Mas, como nós já temos um belo sistema de ciência e tecnologia, de formação, de pós-graduação nesse país, o Ciência sem Fronteiras está focando áreas em que ainda existe alguma deficiência. E é sabido, por exemplo, que, nas áreas de engenharia, existe deficiências nesse país. Então, o Ciência sem Fronteiras, ele está... É um programa que está destinado à superação de dificuldades que existem no nosso sistema atual. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Você tem outra pergunta, Salvador dos Santos? REPÓRTER SALVADOR DOS SANTOS (Rádio Udesc FM / Florianópolis - SC): Eu gostaria de falar sobre a questão da internet banda larga. Já que havia... Alguém falou e o Ministro respondeu e falou sobre a questão lá da região Norte, que há muita deficiência, ainda, na região Amazônica, mas eu gostaria só de comentar, rapidamente, que, aqui no Sul, também há problema. E a banda larga, a internet, para nós, eu acho que é muito cara, o atendimento das empresas não é eficiente como deveria, e ela está insegura. Ontem, por exemplo, aqui na região Sul do Brasil, houve uma queda, ficou todo mundo sem internet, algumas empresas, outros com a questão do telefone celular, saiu do ar a tarde inteira. Isso traz insegurança. O que fazer, Ministro, para que isso não ocorra? Porque há uma dependência total, hoje, da banda larga. MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Olha, exatamente, esse programa aí, o Programa Nacional de Banda Larga, ele visa, vamos dizer assim, ser um fator de equilíbrio no mercado global, aí, de oferta, aí, de comunicação e internet para todos os brasileiros, não é? Em dois sentidos. Um primeiro sentido é esse que eu estava mencionando para a rádio lá do Pará, não é, que é que a gente possa atingir todas as regiões do país. O sistema satelitário para ser usado na comunicação por internet, ele, vamos dizer assim, tem dois aspectos. Você tem o aspecto de que nós podemos atingir todos os pontos do território nacional, inclusive, e esse é o ponto que você está se referindo aí, no que se refere à última milha, porque, às vezes, os backbones vão aí para o Rio Grande do Sul, mas ficam em Porto Alegre, por exemplo. Você é de Santa Catarina. Fica em Florianópolis, Joinville, e não vai até lugares mais distantes, não é, que é a chamada... O problema, aí, da última milha. O satélite atinge todos os pontos e dá condições igualitárias para todos, inclusive tanto no interior, aí, lugares desprovidos dessa tecnologia aí no Sul do país, como também qualquer município do Amazonas. Então, isso por um lado. Agora, por outro lado, se empresas do governo começam a ofertar serviços a um preço... E, vamos dizer assim, tem capacidade, subvencionando, por exemplo, ofertar serviços... Esses serviços para a população, ele pode ser um equilíbrio. Aí entra o outro aspecto que justifica a intervenção, do governo ter, também, estrutura para entrar nessa questão, aí, da infraestrutura satelitária para o... É o equilíbrio do mercado, aí. As empresas vão ter que se desenvolver melhor, porque existem outras opções. São esses dois lados, aí, que o programa vai ajudar a comunicação internet no país. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Este é o Programa Bom Dia, Ministro. Eu sou Kátia Sartório, e estamos, hoje, com o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, que conversa com âncoras de emissoras de rádio de todo o país. Lembrando que a NBR, a TV do governo federal, reapresenta a gravação dessa entrevista, ainda hoje à tarde, e também no domingo, às sete horas da manhã. Ministro, vamos, agora, a Fortaleza, no Ceará, falar com a Rádio FM Dom Bosco, onde está Jocasta Pimentel. Bom dia, Jocasta. REPÓRTER JOCASTA PIMENTEL (Rádio FM Dom Bosco / Fortaleza - CE): Bom dia, Kátia. Bom dia, Ministro Marco Antonio. MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Bom dia, Jocasta. REPÓRTER JOCASTA PIMENTEL (Rádio FM Dom Bosco / Fortaleza - CE): Ministro, que parcerias estão sendo desenvolvidas para oportunizar a inserção dos estudantes no mercado de trabalho dentro do Programa Ciência sem Fronteiras? MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Olha, atualmente, o grande esforço nosso, Jocasta, é o seguinte, é de colocar esses estudantes, que são candidatos e são aprovados, são selecionados... A seleção é bastante rigorosa, viu, o que mostra que o programa tem bastante qualidade. É só uma observação, viu, Jocasta? Por exemplo, no último edital, de 36 mil pessoas, só cinco mil foram aceitas. Então, nós estamos escolhendo estudantes realmente determinados a desenvolver todos os estudos para conseguirem... Todos os esforços para conseguirem terminar esses estudos. Então, o primeiro esforço nosso, Jocasta, é de alocar essas pessoas, esses estudantes, nas melhores universidades do mundo. Nós temos... Nós, que eu quero dizer, é o CNPq e a Capes, que são agentes do governo que operam esse sistema. Eles têm entrado em contato com muitas universidades, com associações, nesses países, que os ajudam a organizar esse sistema. Porque você, simplesmente... Os estudantes saírem por eles próprios a encontrar vaga nessas universidades é muito problemático. Em primeiro lugar, não se destinariam, não escolheriam, talvez, porque eles não conhecem, não é culpa deles, eles não se destinariam aos melhores destinos, aos destinos de mais competência, onde eles podem obter o melhor ensino. Em segundo lugar, eles não teriam condições de se apresentar... Em se apresentando através do programa, eles têm mais chance de serem escolhidos nessas universidades, pelo valor acadêmico, mas também pela sustentação econômica que o programa dá a eles, porque eles têm que pagar taxas escolares. A maioria dessas universidades são universidades privadas no mundo todo. Então, esse é o nosso esforço, nesse momento, é a alocação dessas pessoas nas melhores universidades. Agora, depois, a partir do primeiro ano, começa a ter um outro problema, que também nós estamos investindo: nos organizarmos para que a gente coloque esses estudantes que começam a voltar em empregos adequados no país. Nós vamos tratar de direcionar esses estudantes para... Nós vamos fazer um levantamento de oportunidades de emprego de valor tecnológico, para aproveitar plenamente o aprendizado que eles estão tendo no exterior. Então, são dois esforços, nas duas pontas: no início, para colocá-los lá nas melhores universidades; depois, no retorno deles, aqui, para que eles realmente retornem e ocupem posições onde tenham condições de desempenhar plenamente, em função daqueles estudos que eles fizeram no exterior. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro Antonio Raupp, vamos, agora, a Manaus, no Amazonas, conversar com a Rádio CBN de Manaus. Charles Fernandes, bom dia. REPÓRTER CHARLES FERNANDES (Rádio CBN de Manaus / Manaus - AM): Bom dia, Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp. Bom dia, Kátia Sartório. Bom dia, ouvintes. Ministro, o site da Fapeam, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas, informa que o Programa Ciência sem Fronteiras selecionou seis estudantes amazonenses, em 2012, para estudar fora do país. Segundo o site da Fapeam, entre os selecionados, estão cinco estudantes da UEA, a Universidade do Estado do Amazonas, dos cursos de engenharia. A meta do governo é conceder, até o fim deste ano, 20 mil bolsas. Nós estamos, Ministro, em um local muito visado pela comunidade internacional, um local onde ainda é muito pouco o número de doutores. A minha pergunta é a seguinte, Ministro: ainda é pequena a participação de estudantes do Norte do país no Programa Ciência sem Fronteiras? E, se for, ao que se deve isso e o que deve ser feito para que mais bolsas cheguem ao Amazonas e ao Norte do país? MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Bom dia, Charles Fernandes, da nossa Rádio CBN aí de Manaus. Olha, nós temos feito grandes esforços para a integração na linha das atividades de ciência e tecnologia do Norte com as atividades no resto do Brasil. Superando um ‘gap’ muito grande que sempre existiu. Nos últimos anos, nós melhoramos significativamente. Nós, que eu quero dizer, é o sistema federal de pós-graduação e de pesquisa, não é? Melhoramos significativamente a participação da região Norte no... Vamos dizer assim, nas atividades, como um todo, no Brasil. Por exemplo, a questão dos institutos nacionais de ciência e tecnologia, a participação do Amazonas era muita pouca. Hoje, nós temos 11 institutos federais aí de ciência... Aliás, 11 é na região Norte como um todo, mas seis aí no Amazonas. Isso foi um grande progresso. Então, com relação ao Ciência sem Fronteiras, a atitude nossa é a mesma. Nós queremos que muitos estudantes daí se candidatem. E, ainda essa semana, eu tive um encontro com o presidente... O secretário de Ciência e Tecnologia do governo do estado do Amazonas, e nós, exatamente, discutimos a possibilidade de parcerias com a Capes e com o CNPq, desses órgãos estaduais, para estimular o aumento das candidaturas de jovens do estado do Amazonas no Ciência sem Fronteiras. Então, nós vamos fazer isso, temos que estimular e temos que ter o auxílio, aí, de organizações regionais, como a Fapeam e a própria Secretaria de Ciência e Tecnologia. Estamos contemplando isso e o nosso objetivo é aumentar, o máximo possível, a participação aí do Amazonas no Ciência sem Fronteiras, pela razão de que a Amazônia é um grande desafio para o conhecimento, para a ciência e tecnologia, para a inovação de produtos da biodiversidade amazônica; transformá-los, por exemplo, em produtos com valor econômico e dando sustentação às atividades ribeirinhas da região amazônica, não é, de uma maneira sustentável, conservando o ambiente, conservando o patrimônio, sem destruir o patrimônio. Então, é fundamental nós desenvolvermos ciência e tecnologia no Amazonas. Então, uma maior participação no Ciência sem Fronteiras é claríssimo, e nós estamos começando a nos articular, porque, considere bem, o Ciência sem Fronteiras começou no segundo semestre do ano passado, então a coisa ainda está, vamos dizer assim, começando. Mas estaremos considerando isso e já temos conversado isso com autoridades da região para termos... Incrementarmos, aí, essa participação. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro, vamos a Várzea Grande, em Mato Grosso, conversar com a Rádio Comunitária Estação VG FM 105,9. A pergunta é de Dino Pontes. Bom dia, Dino. REPÓRTER DINO PONTES (Rádio Comunitária Estação VG FM 105,9 / Várzea Grande - MT): Bom dia, Ministro. O senhor fala com Dino Pontes, aqui de Várzea Grande, no Mato Grosso. Ministro, nós vamos receber a Copa do Mundo, em 2014, em Cuiabá, cidade vizinha nossa, de Várzea Grande, que será subsede. O que está sendo feito para um avanço nos estudos tecnológicos na rede de telefonia, até porque vai vir gente do mundo inteiro para a nossa região. Tem feito alguma coisa nos avanços da telefonia para Mato Grosso, de um modo geral, Ministro? MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Olha, nós temos, aí, parceria com o Ministério dos Esportes. Quem comanda isso aí, desse setor, é o Ministério dos Esportes. Criar, estimular a criação de infraestrutura para atender a esses grandes eventos, aí e em muitas outras cidades do Brasil. Nós temos um acordo e estamos... Damos apoio a atividades do Ministério dos Esportes. A nossa atividade aí é apoiar e dar capacitação, vamos dizer assim, ao Ministério, que ele possa negociar essas soluções com empresas, aí, especializadas nesse setor, nos vários setores, em especial nessa questão de telefonia, que você está fazendo. Mas a iniciativa não é nossa. Eu não teria como comentar isso, agora, com maior profundidade, viu, Dino? APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Este é o Programa Bom Dia, Ministro, e estamos, hoje, com o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, que conversa com âncoras de emissoras de rádio de todo o país, que compõem essa rede do Programa Bom Dia, Ministro, estamos no rádio e na televisão. Ministro, vamos, agora, a São João de Meriti, no Rio de Janeiro, falar com a Rádio Escola 101, na 100,9 FM. Adilson Flávio, bom dia. REPÓRTER ADILSON FLÁVIO (Rádio Escola 101 100,9 FM / São João do Meriti - RJ): Bom dia, Kátia. Bom dia, Ministro. Agradeço a participação da rádio. A primeira pergunta é o seguinte. Em julho de 2011, o governo federal estabeleceu metas que pretendia atingir valores a serem gastos com o desenvolvimento e a aquisição de satélites no período de 2012 a 2016. Até o fim de agosto a proposta seria encaminhada ao Congresso Nacional, o projeto de lei do Plano Plurianual que o governo elaborou. Como anda este projeto? MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Você diz do programa... O financiamento do Programa Plurianual do governo? Isso é financiado, e eu já tenho a lei que define essa programação plurianual e, depois, revisada a cada ano, não é, que é o orçamento anual. E essa lei está em pleno vigor. Nós estamos executando isso. Está tudo decidido e está em andamento. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: É isso que você perguntou, Adilson? REPÓRTER ADILSON FLÁVIO (Rádio Escola 101 100,9 FM / São João do Meriti - RJ): Correto. Isso mesmo. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Você tem outra pergunta? REPÓRTER ADILSON FLÁVIO (Rádio Escola 101 100,9 FM / São João do Meriti - RJ): Sim, tenho mais uma pergunta. Por que são baixos os recursos quando comparados... APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Você pode aumentar o seu retorno para a gente, Adilson, por favor? REPÓRTER ADÍLSON FLÁVIO (Rádio Escola 101 100,9 FM / São João do Meriti - RJ): Ok. Por que são baixos os recursos, quando comparados com os demais países que detêm o domínio tecnológico das atividades espaciais como China, Rússia e Índia? Não estaria, o país, desprovido de uma estratégia nacional que devidamente considerasse seus programas e projetos estratégicos de forma a protegê-los? MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Olha, você tem razão no que se refere a que nós não temos um investimento continuado nessa área. Por quê? Porque as visões dos vários governos variam. Então, por exemplo, no programa espacial, ele foi estabelecido nos anos 80. E, nos anos 80, basicamente no governo Figueiredo e no governo Sarney. Os investimentos foram bastante grandes. Atingimos um patamar muito bom de investimentos no programa espacial, e o programa espacial deslanchou. Depois, nós tivemos um período de baixa, durante uns dez anos, aí, nos anos 90, está certo, em que os investimentos foram descontinuados. Era altos e baixos, mais baixos do que altos. Isso desestimulou muito o prosseguimento e, vamos dizer assim, a incrementação, e menos ainda a incrementação dessas atividades. Agora, no governo Lula, a partir de 2004, por aí, nós começamos a ter, novamente, investimentos do mesmo patamar daquele investimento inicial. Então, veja, esses altos e baixos prejudicam um desenvolvimento continuado. Esses exemplos que você está dando aí, como China e Índia, eles nunca tiveram essas descontinuidades, eles sempre tiveram o mesmo nível de investimentos no programa. Isso dá uma estabilidade no desenvolvimento do programa que a gente não tem. Infelizmente, aconteceu isso. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro Antonio Raupp, da Ciência, Tecnologia e Inovação, infelizmente, acabou o nosso tempo, mas a gente rodou o Brasil inteiro, o senhor conversou com bastante gente, não foi isso? MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Sem dúvida nenhuma. Eu fiquei até bastante impressionado, aqui, com o alcance do Amazonas ao Chuí. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Exatamente. Obrigada, então... MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Do Oiapoque ao Chuí, a extensão do seu programa, Kátia. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Nós agradecemos muito a sua participação, Ministro. MINISTRO MARCO ANTONIO RAUPP: Eu é que agradeço a participação de vir aqui e conversar com a sociedade brasileira, com o povo brasileiro. Por quê? Porque ciência e tecnologia, nós encaramos que tem um papel muito importante a desempenhar para o desenvolvimento e a modernização da sociedade brasileira, em todos os sentidos. Mas nós precisamos... Quem tem que entender assim é a sociedade brasileira, que a ciência é importante para ela. E nós temos, então, esse papel, também, às vezes, missionário, de mostrar, à sociedade brasileira, a importância dessas nossas atividades. E, aqui, você nos propicia um canal importante para a gente desenvolver essa atividade. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Obrigada, Ministro. E a todos que participaram conosco dessa rede, meu muito obrigada e até a próximo programa.