24/11/2011 - O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, foi o entrevistado no programa Bom Dia, Ministro
O Bom Dia Ministro entrevistou o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco. No programa, o ministro falou da importância de políticas públicas para a primeira infância, destinadas a crianças de 0 a 3 anos e 11 meses. Moreia Franco também comentou sobre a nova classe média brasileira.
12/12/2016
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APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: Olá, você, em todo o Brasil. Eu sou o Luciano Seixas. E começa, agora, mais uma edição do programa Bom Dia, Ministro. O programa tem a coordenação e a produção da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, em parceria com a EBC Serviços. Hoje, no programa, o Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco. Bom Dia, Ministro, seja bem-vindo. MINISTRO MOREIRA FRANCO: Bom dia. Bom dia, Luciano. Bom dia, ouvintes. Bom dia, minhas amigas e meus amigos. APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: É um prazer recebê-lo, aqui, no Bom Dia, Ministro. Hoje, o Ministro vai falar sobre a importância das políticas públicas para a primeira infância, destinadas às crianças de 0 a 3 anos e 11 meses. Hoje, são mais de 11 milhões de brasileiros nesta faixa etária. É uma etapa da vida essencial para o desenvolvimento das capacidades cognitiva, motora, emocional e, também, da interação social. Além disso, o Ministro conversa conosco, também, sobre a nova classe média brasileira. São 97 milhões de pessoas nessa faixa de renda, o que corresponde a 52% do total da população. Entre 1999 e 2003, 31 milhões de pessoas deixaram a pobreza. O Ministro Moreira Franco começa, agora, a conversar com âncoras de emissoras de rádio de todo o país. E a primeira participação vem da Rádio Central AM 870, Campinas. Com Milton Paes. Bom dia, Milton. REPÓRTER MILTON PAES (Rádio Central AM 870 / Campinas - SP): Bom dia Luciano. Bom dia, Ministro Moreira Franco. Ministro, sem dúvida nenhuma, não é, essa questão da nova classe média, ela é uma realidade. E eu creio, Ministro, que o grande desafio do governo é, justamente, evitar o retorno dessas pessoas que saíram dos níveis de pobreza, que elas retornem a eles. E eu queria saber quais seriam as ações necessárias, na sua avaliação, para evitar que isso aconteça, Ministro? MINISTRO MOREIRA FRANCO: Bom dia, Milton. É uma alegria muito grande falar com você, com os ouvintes de Rádio Central AM 870, de Campinas. E dizer que, de fato, este é o maior desafio. Nós não podemos permitir que esses brasileiros, nossas irmãs brasileiras, e digo brasileiras em primeiro lugar, não por um problema de gentileza, mas porque a nova classe média, ela abriu, definitivamente, o espaço de comando da família, e, consequentemente, da sociedade, à mulher. O papel da mulher, o crescimento da mulher, a presença da mulher da nova classe média no mercado de trabalho, a sua liderança no processo de poupança, de compra, a sua liderança na família, consequentemente, ela se afirma, e isso é atestado por pesquisas. E nós não podemos deixar que essa nova classe média retorne. Ela é responsável por colocar no mercado brasileiro R$ 1,1 trilhão. É um volume de recursos maior que o PIB de Portugal. Nós precisamos que ela não só se consolide, se torne permanente, como, também, ela continue com a mobilidade que teve, nos últimos anos, para que nós possamos garantir, o Brasil, a quinta economia do mundo. Qualquer país desenvolvido precisa de uma classe média sólida. Nós não podemos mais enfrentar as questões da nova classe média com políticas sociais, exclusivamente. Hoje, pelo protagonismo, pela liderança, pela importância que tem na economia brasileira, a nova classe média, ela, com os problemas dela, as dificuldades dela, tem que ser tratada com medidas de política econômica. Da mesma maneira que as autoridades econômicas do governo, quando tem que enfrentar uma questão nas montadoras, por exemplo, que os pátios estão cheios e buscam medidas de política econômica para evitar esse problema, a nova classe média, ela também tem que merecer o mesmo tipo de atenção, de cuidado, porque é fundamental para a nossa economia. E nós estamos, na SAE, formulando algumas políticas. A política para a primeira infância, por exemplo, é uma política que vai ajudar a nova classe média a educar os seus filhos, o que significa um apoio não só de natureza técnica, mas, sobretudo, de natureza econômica, social, porque é uma despesa que está sendo compartilhada por todos. Da mesma maneira, nós estamos enfrentando a questão da rotatividade do trabalho, dos trabalhadores de até dois salários mínimos, que é uma parte ponderável da nova classe média. Nós precisamos garantir que eles tenham uma boa qualificação profissional no emprego e precisamos garantir uma espécie de ajuda, de bolsa, de recursos, para que a permanência no emprego seja garantida. Além disso, nós estamos com o observatório, vendo os efeitos da questão econômica internacional, para que medidas pontuais sejam tomadas. APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: Alguma outra pergunta, Milton? REPÓRTER MILTON PAES (Rádio Central AM 870 / Campinas - SP): Então, justamente, Ministro, o senhor falou uma questão até bastante interessante, com relação a essa questão econômica. E, recentemente, até, o senhor abordou sobre essa questão, num evento. E, veja bem, essa instabilidade da economia internacional, sem dúvida nenhuma ela é séria, ela é grave. O governo, por exemplo, ele tem aí, um grande desafio. Eu acho que o país deve, não é, creio que tem um projeto para enfrentar esse problema global, Ministro? MINISTRO MOREIRA FRANCO: Olha, essa crise, Milton, a crise é muito grave, ela é muito grave, porque não é só uma crise econômica. E se nós formos observar a situação no mundo, o mundo está muito dividido. Quer dizer, os políticos, as instituições políticas, elas caminham numa direção; os negócios, o mercado financeiro, os homens de negócios andam em outra direção, percorrem outros caminhos; e o povo percorre um caminho completamente diferente dos dois. Se você observar, o povo está na rua nos Estados Unidos, o povo está na rua na Europa inteira, o povo está na rua no Oriente Médio, o povo está na rua, agora, na Índia. Na América Latina, à exceção do Brasil, o povo está na rua na Argentina, no Chile, nos principais países, ou seja, nós não estamos vivendo, efetivamente, um momento de muita tensão, muito desencontro. E isso cria, no mundo globalizado, em que há uma interconexão muito grande, cria efeitos de repique dos problemas, que um problema que ocorre na China, hoje, tem efeitos, tem consequências no mundo todo. Então, nós estamos, sobretudo as autoridades econômicas, lideradas pelo Ministro Guido Mantega, estamos todos acompanhando. A presidenta Dilma está muito atenta para que as medidas sejam tomadas. Nós temos condições básicas, fundamentais, nós temos uma infraestrutura, uma base econômica financeira que nos permite segurar o tranco. Mas temos que ficar olhando com muito cuidado porque são medidas, são problemas muito delicados, do ponto de vista econômico, que exigem ações pontuais para evitar que essa questão se contamine. Eu não tenho a menor dúvida que nós estamos preparados, de um lado, e as autoridades econômicas, repito, lideradas pelo Ministro Guido Mantega, vêm atuando pontualmente, permitindo que esse problema não afete, porque o primeiro a ser afetado, certamente, será a nova classe média. APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: Este é o programa Bom Dia, Ministro. Hoje, recebendo o Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, que conversa com âncoras de emissoras de rádio de todo o país. Agora, a participação da Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, com a Ana Rodrigues. Bom dia, Ana. REPÓRTER ANA RODRIGUES (Rádio Tupi / Rio de Janeiro - RJ): Bom dia, Luciano Seixas. Bom dia, Ministro Moreira Franco. Ministro, o Programa de Desenvolvimento Integral na Primeira Infância, ele prevê várias estratégicas para desenvolvimento da infância. A implantação do ensino integral nas escolas está dentro desse contexto? Como é que vocês vão aplicar esse programa, dentro da educação? MINISTRO MOREIRA FRANCO: Bom dia, Ana. Bom dia, família Tupi. É uma alegria falar com vocês todos. Olha, Ana, a primeira infância é uma faixa que vai de 0 a 3 anos e 11 meses. Tecnicamente, a partir de quatro anos já é uma outra fase da vida do ser humano. Esse programa visa, exatamente, a cuidar da faixa que vai de 0 ano a 3 anos e 11 meses. E é um período em que a criança, ela está com toda a sua capacidade de absorção de influências, de conhecimento, em pleno desenvolvimento. E já está tecnicamente comprovado que é uma faixa em que ela absorve com muita facilidade. E um dado fundamental, um dado indispensável, é que nessa faixa de idade, as crianças não vivem um ambiente de desigualdade social. Elas são iguais. As famílias vivem um ambiente de desigualdade, mas as crianças, não. E, certamente, é a única faixa na vida de um ser humano que a questão da desigualdade não tem influência direta. Por outro lado, nós temos também comprovado, tecnicamente, que todo o conhecimento, toda a influência, todo o ganho de melhoria como ser humano, nessa parte, nessa faixa etária, ela é um ganho não só que tem um reflexo, uma profundidade muito grande, como também ele é permanente, ele vai a vida inteira. E não é só do ponto de vista cognitivo, não é só do ponto de vista da inteligência, mas, sobretudo, da sociabilidade. A criança, ela, desde cedo, percebe a hostilidade ou não do mundo, através, sobretudo, da atitude da mãe. Então, nós precisamos cuidar dessa faixa. No Brasil, nós não temos uma política voltada especificamente para essa faixa. Nós temos uma série de políticas que atendem à criança, à mãe e à gestante, e nós precisamos unir essas políticas todas para que as mães tenham, tenham uma única porta de entrada. Ali, as crianças são avaliadas e são encaminhadas para os programas, de acordo com a necessidade, para que nós possamos acompanhar, através de um mecanismo de acompanhamento, que estamos prontos para aplicar, e já vem sendo aplicado no Brasil, em diversas partes do mundo, Chile, Estados Unidos, por exemplo, e com grande resultados, para que nós possamos, efetivamente, garantir que todas as crianças, nessa faixa etária, tenham o cuidado necessário, com o objetivo de que o limite dela na vida não seja definido, não seja dado aos quatro anos de idade, como está sendo dado, hoje. APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: Alguma outra pergunta, Ana? REPÓRTER ANA RODRIGUES (Rádio Tupi / Rio de Janeiro - RJ): Bem, Luciano, ainda voltando nessa questão das conquistas dessa nova classe média, nós gostaríamos de saber do Ministro Moreira Franco, ainda aprofundando mais a questão do emprego, não é? Essa nova classe média, ela está estudando mais, ela está indo para a universidade. E o mercado de trabalho, ele consegue absorver esse novo profissional que está entrando, esses jovens que estão se formando, já que essa nova classe média tem mais acesso, também, ao ensino universitário? MINISTRO MOREIRA FRANCO: Olha, vem tendo. Nós temos conseguido manter uma criação de emprego suficiente para acompanhar. Na realidade, em várias atividades, nós estamos tendo falta de mão de obra qualificada, de mão de obra especializada. O problema, felizmente, por enquanto, não é de geração de emprego. O nosso problema é que temos apresentado uma rotatividade, no emprego, muito grande. E eu gostaria de acrescentar, aqui, um fato que, normalmente, não é muito bem compreendido por alguns analistas econômicos, que vêem, nessa rotatividade, uma certa cumplicidade entre o empregado e o empregador, no sentido de burlar a legislação, para garantir benefícios de seguro-desemprego. Na realidade, está comprovado que, percentualmente, é um número muito, muito insignificante. O que existe, realmente, é uma cultura, uma cultura que nós precisamos quebrar. Nós entendemos que para que consigamos aumentar a produtividade, nós precisamos fazer com que as pessoas fiquem mais no emprego. Porque o processo de aumento da produtividade é um processo de conhecimento. Então, você precisa ter uma experiência naquele emprego, obter uma qualificação profissional, conhecimento, nesta área, trazer para a sua atividade, para a sua experiência profissional, melhorar, por consequência do conhecimento, a sua experiência profissional, e aí produzir mais. E isso é que significa aumento de produtividade. Isso é bom para a empresa, isso é bom para o trabalhador, isso é bom para o empregador. E vai dar à sociedade brasileira um outro instrumento, extremamente importante de combate à inflação. Nós temos, hoje, praticamente, uma única arma para combater a inflação, que é o aumento dos juros e a consequente diminuição do consumo. Se nós tivermos a cultura do aumento da produtividade, a produtividade é um instrumento mais eficaz do que o aumento dos juros, e com menos dano social do que o aumento do juro, para manter a inflação sob controle. Por isso, nós estamos muito empenhados em criar uma... Fazer uma mudança de cultura, porque, no Brasil, nós temos, ao longo dos últimos anos, desenvolvido possibilidades de qualificação profissional para o desempregado, mas nós não temos a cultura de qualificar o empregado. E é o que nós precisamos. APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: Estamos entrevistando o Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, nosso convidado de hoje, aqui no programa Bom Dia, Ministro, que é transmitido pela EBC Serviços. E, agora, a participação de Manaus, através da Rádio Amazonas FM, com Patrick Motta. Alô, Patrick, bom dia. REPÓRTER PATRICK MOTTA (Rádio Amazonas FM / Manaus - AM): Bom dia, Luciano Seixas, senhoras e senhores ouvintes, e bom dia, Ministro. MINISTRO MOREIRA FRANCO: Bom dia, Patrick. Bom dia, ouvintes da Rádio Amazonas, Manaus. REPÓRTER PATRICK MOTTA (Rádio Amazonas FM / Manaus - AM): Ministro, a implementação de ações direcionadas à primeira infância, nós entendemos que é algo de extrema importância, afinal, os 11 milhões de brasileirinhos nessa faixa etária são mais que a população inteira de muitos países de alguns continentes e até mesmo da parte sul, aqui, da América. Essas iniciativas, Ministro, principalmente na área de educação, contemplam melhorias salariais e estruturais para o profissional que vai lidar diretamente com o futuro do Brasil, ou seja, com as nossas crianças? MINISTRO MOREIRA FRANCO: Olha, a preocupação salarial é uma preocupação permanente em todas as faixas profissionais, não só por parte do governo, mas, sobretudo, por parte do trabalhador. Nós estamos cuidando, nessa primeira etapa, de melhorar a qualidade da política social. Na realidade, o Brasil precisa entrar numa segunda geração de política social. A primeira geração, nós tivemos políticas voltadas para todo mundo, eram políticas universais, que não eram customizadas, eram iguais. Tratava o problema como se todos tivessem o mesmo problema e todos fossem iguais. Mas, na realidade, quando você sai da sobrevivência, da luta pela sobrevivência, você começa a permitir que as pessoas se vejam nas suas diferenças. E nós somos diferentes. As necessidades que as crianças têm não são as mesmas. Nós precisamos, o governo, estadual, municipal e o governo federal, precisa estar preparado para oferecer alternativas diferentes, porque as crianças precisam de cuidados diferentes. E isso é de um lado. De outro lado, nós temos, hoje, já, no Brasil, um conjunto de políticas sociais para a mãe, para a criança, para a gestante, na área da educação, da saúde, no Ministério de Direitos Humanos. Nós temos, por exemplo, 250, 260 mil agentes de saúde pública andando no Brasil. Nós temos quatro mil creches. A presidenta Dilma coloca agora, à disposição da sociedade brasileira, R$ 10 bilhões para aumentar essa rede de creche. Nós temos apoio físico, na área social, para aquelas pessoas que procuram os programas sociais. Então nós precisamos juntar isso tudo para que encontremos uma governança e uma gestão mais eficaz; exatamente como foi feito no Bolsa-Família, em que haviam várias bolsas, se juntou todos os programas em um só, se conseguiu ter uma eficácia maior, se atingir de maneira mais concreta, objetiva, aquele que necessitava, o objeto principal do programa. E o que é importante é: se pode aumentar os recursos à disposição com mais eficiência. E as pessoas, elas se qualificam. O governo, nesses programas e, sobretudo, no Programa da Primeira Infância, terá que fazer um esforço muito grande de qualificação profissional para treinar as pessoas que vão lidar com as nossas crianças. Em alguns municípios, esses programas já estão sendo aplicados, como, por exemplo, Petrolina, como o Rio Grande do Sul... O estado do Rio Grande do Sul aí, pega o estado inteiro, Florianópolis, a cidade do Rio de Janeiro já tem uma experiência nessa área, Recife... Então já... Nós fizemos um seminário e essas experiências foram avaliadas, foram estudadas. Nesse seminário, nós trouxemos, inclusive, um Prêmio Nobel, um economista que ganhou um Prêmio Nobel estudando exatamente programas para essa faixa. Então, o nosso objetivo, nesse primeiro momento, é oferecer à sociedade brasileira, do ponto de vista técnico, um programa que seja consistente, que atenda essa segunda etapa de programas sociais. APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: E agora, no programa Bom Dia, Ministro, a participação da Rádio CBN, de Recife, com Jofre Melo. Alô, Jofre, bom dia. REPÓRTER JOFRE MELO (Rádio CBN / Recife - PE): Bom dia, Luciano Seixas. Bom dia ao Ministro Moreira Franco e aos nossos queridos ouvintes. Ministro, eu queria rapidamente, aí, já para não tomar muito tempo de vocês, falar um pouco sobre essa questão do desenvolvimento do Brasil. Nós saímos, aí, já estamos sendo considerados, no mundo, um país em desenvolvimento. E isso passa, isso se reflete diretamente nesse aumento de números das pessoas que saíram da classe mais pobre e estão atingindo hoje a classe média. Mas o que eu percebo é que nós temos um déficit ainda muito grande com relação à mão-de-obra qualificada. Aqui em Pernambuco, por exemplo, como o senhor sabe, nós temos a refinaria, que está sendo construída, temos a Transnordestina, temos a transposição do rio São Francisco... São grandes obras; a Hemobrás, a própria Fiat, não é, que está sendo instalada aqui, na Zona da Mata, no norte do estado, mas a gente percebe ainda um déficit grande de uma qualificação da mão-de-obra, e eu vejo que o governo vem tratando esse assunto apenas como política social. O senhor, inclusive, falou sobre isso aí agora pouco. Será que não está na hora da gente ter uma política mais séria de formação de mão-de-obra, para que o Brasil possa realmente seguir um rumo de crescimento mais concreto e as pessoas saírem cada vez mais da pobreza e adentrando pela classe média? MINISTRO MOREIRA FRANCO: Bom dia, Jofre. Bom dia aos ouvintes da Rádio CBN, de Recife. Olha, Jofre, você levantou uma questão extremamente importante e dentro de uma perspectiva que eu concordo. Eu creio que quando um país sai de uma faixa de pobreza muito grande, ou seja, em uma configuração social e econômica em que a maioria da população luta pela sobrevivência, vários problemas surgem. É um grande passo, é um grande avanço, e você reconhece que esse passo e esse avanço foi dado. E, nisso, nós... É o grande legado do presidente Lula, é exatamente o fato de ter entendido que é possível você desenvolver o país distribuindo renda, isso incorporou milhões de brasileiros a novas faixas de renda. Agora, isso significa, para continuar a crescer, que você precisa começar a dar mais dignidade à pessoa humana. Dignidade pessoal, dignidade profissional, dignidade cultural, dignidade no campo da cidadania. O que muda, e isso nós temos muita consciência, é a qualidade da política pública, sobretudo da política social. Quando se está num ambiente de pobreza, as políticas sociais, elas são baseadas no direito negativo. Você tem políticas sociais dizendo não à mortalidade infantil, não à violência contra a mulher, não à morte de doenças graves, não à fome. Quando você começa, quando você passa da etapa econômico-social de luta pela sobrevivência, que é o nosso caso, nós começamos a caminhar para as políticas que os países desenvolvidos têm, que são baseadas em direito positivo. Se abrir perspectiva de melhoria da sua qualificação cultural, da sua qualificação profissional, para a criança, por exemplo, aumentar a sua capacidade lúdica, cognitiva, brincar, a busca da felicidade... E é exatamente aonde nós estamos entrando. E aí entra, aí abre a porta para essa questão que você coloca: nós precisamos melhorar a qualificação profissional do brasileiro. E, para isso, é preciso melhorar a qualidade da educação. Não é só colocar todas as nossas crianças e adolescentes na escola, mas é preciso que a qualidade do ensino dado seja capaz de atender a esta reivindicação, a esse sentimento, mais do que reivindicação, que você coloca. A presidenta Dilma, por exemplo, lançou um programa chamado Ciência sem Fronteiras. Esse programa tem como proposta levar às mais importantes universidades do mundo 100 mil brasileiros, nas áreas de ciências, nas áreas de matemática, para que nós possamos começar a melhorar a qualificação, a inovação, a produção de tecnologia. O brasileiro, nós temos, é uma presença, por exemplo, nas publicações internacionais de trabalhos acadêmicos, muito significativa, uma das maiores do mundo. Mas a nossa taxa de patente é muito baixa, ou seja, o tipo de conhecimento que nós estamos... que o brasileiro produz, hoje, é um conhecimento muito mais voltado para as ciências humanas, um conhecimento muito mais voltado para o entendimento da vida do que para inovação, do que para a descoberta de melhorias, de instrumentos, de tecnologias que melhorem a qualidade da nossa vida. E o mundo precisa, para garantir qualidade de vida, precisa cada vez mais melhorar a tecnologia, para que as pessoas vivam melhor e gastando menos. E, para isso, nós precisamos de uma qualificação profissional, como você disse, completamente diferente da que nós vemos, temos tido e vemos produzindo, até então. APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: Você está ouvindo o programa Bom Dia, Ministro, que tem a coordenação e a produção da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, em parceria com a EBC Serviços. E, agora, nós temos a participação da Rádio Excelsior AM, de Salvador, na Bahia, com o Edson Santarini. Alô, Edson. Bom dia. REPÓRTER EDSON SANTARINI (Rádio Excelsior AM / Salvador - BA): Bom dia. Bom dia a todos. Bom dia, Ministro. MINISTRO MOREIRA FRANCO: Bom dia, Edson. REPÓRTER EDSON SANTARINI (Rádio Excelsior AM / Salvador - BA): É um prazer falar com o senhor, Ministro. MINISTRO MOREIRA FRANCO: O prazer é meu. REPÓRTER ÉDSON SANTARINI (Rádio Excelsior AM / Salvador - BA): Bom, a minha pergunta, eu vou utilizar de uma metáfora, eu vou fazer uma comparação para facilitar a compreensão. Pelo que eu estou entendendo, essa nova, vamos dizer, classe média, eu vou utilizar, eu diria, o modelo do futebol brasileiro. Quem está na D quer ir para a C, quem está na C quer ir para a B, quem está na B quer ir para A. Então, é uma briga desenfreada, ano após ano, para se manter na primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Então, eu vou utilizar, justamente, desse modelo, não é, do campeonato, para poder fazer a minha pergunta. Ministro, o que é mais difícil: chegar à Série A ou se manter na Série A? Deu para entender? MINISTRO MOREIRA FRANCO: Deu, claro. Até porque... Bem, eu, felizmente, o meu time... Os dois times, que eu... Eu encontrei uma solução muito agradável, porque eu sempre tenho uma alternativa de não ser perdedor. Eu tenho, no Rio de Janeiro, o Botafogo e, em São Paulo, o Corinthians. Então, eu fico ali com alguma satisfação. Às vezes... Mas os dois estão sempre na A, então isso já facilita. Agora, do ponto de vista social, do ponto de vista econômico, você fazer um movimento como foi feito no Brasil é uma epopeia, porque não é o esforço de uma pessoa, é o esforço de uma sociedade inteira. O que nós vimos foi um negócio fantástico, porque, por exemplo, as Metas do Milênio, no Plano Social, que tinham um prazo de 25 anos para serem alcançadas, nós alcançamos várias delas e estamos alcançando em cinco, dez anos, porque os resultados da política social nos têm garantido isso. As pesquisas que nós temos mostram, no Brasil, uma coisa extremamente curiosa: os ricos, eles não se consideram ricos. As pessoas ricas, ou seja, aquelas que ganham acima de R$ 5.000,00... E, no Brasil, salário de R$ 10.000,00, de R$ 15.000,00, renda familiar de R$ 15.000,00, R$ 10.000,00, é rico. Mas as pessoas dizem: “Não, não, eu não sou rico, eu sou classe média. Rico é o Eike Batista, por exemplo”. Mas, na realidade, pessoas com a fortuna do Eike Batista é 0,01 da população. E o mundo também tem esses multimilionários, é 0,001 da população mundial, mas, como nós somos sete bilhões de pessoas, é muita gente. Mas o grosso da sociedade, ela... No Brasil, a classe média vai ter uma renda familiar de R$ 1.200,00 a quatro mil e poucos reais. Isso é a classe média brasileira. E você garantir a mobilidade com esse... É preciso uma economia pujante, uma economia que gere renda, gere emprego, gere atividade comercial. É preciso que você tenha um ambiente institucional de muito estímulo à capacidade empreendedora, para que as pessoas comecem a ter os seus negócios. É preciso que você tenha um ambiente de crédito, que as pessoas tenham acesso ao crédito, não só para comprar, como também para organizar a sua atividade profissional. É preciso que você tenha instrumentos de qualificação. Hoje, no mundo de hoje, o avanço da tecnologia é muito rápido, muito rápido. Então, as pessoas têm que, permanentemente, estar se qualificando, melhorando os seus conhecimentos para ter um desempenho, no próprio trabalho que faz, que lhe permita garantir e melhorar a sua situação profissional. Então, é uma tarefa dura, doutor. É uma tarefa para o Bahia, por exemplo. APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: Você está ouvindo o programa Bom Dia, Ministro, que tem a participação, agora, da Rádio Bandeirantes, de São Paulo, com Ana Neri. Alô, Ana. Bom dia. REPÓRTER ANA NERI (Rádio Bandeirantes / São Paulo - SP): Alô, bom dia. Bom dia, também, ao Ministro Moreira Franco. Olha, Ministro, a nossa pergunta é a seguinte: quais são os pontos principais desta política de desenvolvimento integral na primeira infância? Quando e de que forma ela deve ser implementada no país? MINISTRO MOREIRA FRANCO: Olha, o ponto principal é você unir todas as políticas de tal maneira que a mãe tenha uma única porta de entrada. Hoje, a mãe fica, inclusive, um pouco confusa, porque são muitas as alternativas. E as mães não têm qualificação técnica para saber, exatamente, o que a sua criança está precisando naquele momento. Nós temos que unir todos, todos esses programas, ter uma única porta de entrada. Nós temos que ter um protocolo em que defina os procedimentos essenciais, fundamentais, que todas as crianças devem ter. Evidente que, em alguns municípios, as crianças poderão ter coisas melhores, pessoas com mais dinheiro podem oferecer aos seus filhos acesso a programas, a estímulos melhores, de qualidade melhor, mas o básico tem que ser garantido a todas as crianças. Porque o que ocorre no Brasil, hoje, é que, como você não tem esse tipo de compromisso, você, já nessa faixa etária, você começa a constituir diferenças que, aos quatro anos, a criança já está com o seu limite definido. Elas já desenvolveram a base da sua capacidade cognitiva, da inteligência, da sua capacidade motora, da sua capacidade de sociabilidade, e elas já estão mais ou menos fadadas a ir até um determinado ponto. As crianças que têm recursos, filhos de pais com recursos, que cuidaram delas, elas têm um mundo com muito mais oportunidades do que as que não tiveram. Então, o que nós queremos dar é igualdade de oportunidades às nossas crianças. Então, são 11 milhões de brasileiros que poderão vir a ter um ambiente completamente diferente do ambiente que se tem hoje, e isso faz com que nós tenhamos a obrigação de ter definido um sistema de acompanhamento para dar uma assistência, dar um atendimento à criança, dar um atendimento à mãe, dar um atendimento à família. A presença do agente público no acompanhamento, na casa da mãe, assistindo, orientando a mãe, para que nós possamos, efetivamente, garantir a todos o mesmo acesso a esses impulsos, a esse apoio de qualificação e formação pessoal. APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: Você está ouvindo o programa Bom Dia, Ministro. A EBC Serviços disponibiliza o sinal desta entrevista para todas as emissoras de rádio do país, via satélite, no mesmo canal da Voz do Brasil. O áudio e a transcrição dessa entrevista também são disponibilizados, hoje, ainda pela manhã, na página da EBC Serviços, na internet. O endereço é: www.ebcservicos.ebc.com.br. E, agora, temos a participação da Rádio 730 AM, de Goiânia, com o Frederico JB. Alô, JB. Bom dia. APRESENTADOR FREDERICO JB (Rádio 730 AM / Goiânia - GO): Bom dia, Luciano. Bom dia, Ministro. Bom dia, ouvintes aí da EBC. Ministro, uma declaração do senhor, hoje, no portal do G1, fala sobre a nova classe média, que desembolsará mais de R$ 100 bilhões, neste ano, em pagamento de juros. Esse dado retratada um pouco do endividamento dessa nova classe média. Como o governo e o que o governo tem se preocupado para que essa classe média não se torne um risco preocupante em caso de crise venha a ocorrer? Porque é cíclico, não é, a gente estuda, sobre economia, muito isso. O que o governo federal tem feito, ou pode fazer, para evitar que essa classe venha a sofrer, e todo o país, em caso de crise? MINISTRO MOREIRA FRANCO: Olha, bom dia, JB. Bom dia, ouvintes da Rádio 730 AM, de Goiânia. O governo vem acompanhando. O Banco Central vem acompanhando, com muito cuidado, com lupa muito larga, muito potente, mas, felizmente, nós temos um sistema bancário muito sólido e, sobretudo, com um cuidado muito grande na análise de risco. Nós... A nossa crise bancária já se deu na década de 90, e, a partir de lá, o sistema bancário, por pressão do Banco Central, ele cumpre os acordos de Basiléia 1, Acordo de Basiléia 2. Há um permanente acompanhamento na análise de risco dos bancos, ou seja, na qualidade dos créditos que os bancos dão. E a percentagem de endividamento, hoje, no Brasil, em relação ao padrão internacional, ainda é muito baixa, ela ainda está em torno de quarenta e tantos por cento. Então, não é uma coisa significativa. O que esse número mostra, JB, é uma coisa que me parece muito mais grave. Isso aí, a questão do excesso de endividamento, está sendo acompanhado e está sob controle, e o objetivo do governo é não deixar isso sair do controle, porque, como você disse, pode causar uma bolha, uma grande confusão. Mas o que esse número mostra, e esse número é um número oficial, esse número foi... Surgiu, exatamente, há dois, três dias atrás, em um seminário organizado no Banco Central para discutir exatamente isso, esse problema da nova classe média e do acesso ao crédito, é que a percepção que a nova classe média tem do volume de juros que paga é uma percepção totalmente equivocada, e gravemente equivocada. Porque ela, na realidade, paga R$ 100 bilhões, mas ela declara ao IBGE que paga três, ou seja, ela acha que paga três. E por que é que isso ocorre? Porque não há transparência, por parte da estrutura comercial brasileira, dos juros que é cobrado. Normalmente, o mercado coloca o preço do produto e, lá no preço, o juro já está embutido. Então, a pessoa está pagando juros e não sabe que está pagando juros. Ela acha que está comprando e está fazendo uma boa compra. E isso não só é ruim porque as pessoas não têm noção de como o seu dinheiro está sendo gasto, como também impede que a pessoa se organize melhor para ter ganhos, compre, efetivamente, de uma maneira mais barata, o mesmo produto. E, finalmente, isso aí evita a poupança, porque se você gasta... Paga, de juros, R$ 100 bilhões e acha que paga três, na realidade, você acha que está fazendo uma compra excepcional. Só que não está fazendo uma compra boa. Você, se soubesse quanto de juros você ia pagar, você ia fazer uma avaliação, você ia cuidar mais de saber quanto você ia gastar, etc., etc., etc., e até poderia poupar para comprar, à vista, a um preço melhor. Mas é preciso que essas informações sejam postas. Então, nós todos temos que fazer um esforço no sentido de que o sistema financeiro, ele, juntamente com o comércio, trabalhe de maneira mais transparente, para que o cidadão saiba quanto custa aquele produto, quanto está pagando de juros e quanto está pagando de imposto. APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: E, agora, no programa Bom Dia, Ministro, a participação da Rádio América, de Belo Horizonte, com o Kátia Gontijo. Alô, Kátia. Bom dia. REPÓRTER KÁTIA GONTIJO (Rádio América / Belo Horizonte - MG): Bom dia. Bom dia, Ministro Moreira Franco. Aqui é Kátia Gontijo, da Rádio América AM 750, de Belo Horizonte. Ministro, ao abrir a Segunda Conferência de Desenvolvimento, que acontece em Brasília, o senhor afirmou que a situação econômica do mundo está extremamente complicada. Então, eu pergunto: a situação econômica mundial pode afetar as políticas públicas para a primeira infância, que é um desafio, inclusive, para os municípios? MINISTRO MOREIRA FRANCO: Olha, Kátia, bom dia. Bom dia, ouvintes da Rádio América, de Belo Horizonte. Eu acho que a situação é muito delicada e nós temos que ficar muito atentos a esta situação. Nós temos que acompanhar, com muito cuidado, isso, porque nós, evidentemente, não estamos em uma ilha, nós não estamos isolados. Hoje, o mundo, ele está conectado, e está conectado não só pela internet. Aqui mesmo, nesse estúdio, eu e o Luciano estamos diante de uma parafernália que a pessoa ouve ao mesmo tempo que vê, ao mesmo tempo que é decodificado o que está se falando, já é transmitido de maneira escrita, enfim, o mundo está todo... Está tudo junto, tudo se dando ao mesmo tempo. E é claro que há uma possibilidade de contaminação. A Europa está toda ela contaminada. Você veja, o Oriente Médio está em polvorosa; os Estados Unidos, complicado. Então, isso aí pode chegar aqui. Nós temos, felizmente, um senso de responsabilidade muito grande, da presidenta Dilma, no sentido de acompanhar com rigor e com muita coragem, com muita determinação, para evitar excessos. Ela tem tomado medidas que repercutem, inclusive, mal no Congresso, criando muita irritação de alguns parlamentares, etc., exatamente para ter controle do gasto público, para evitar que nós nos tornemos fragilizados e, consequentemente, com as nossas seguranças fragilizadas e passíveis da crise contaminar. Porque se a crise vier e nos contaminar de maneira grave, não vai só criar dificuldades para os programas sociais, para a primeira infância, não, vai se criar dificuldade geral, para todo mundo, para a economia e para todos os programas. Mas, felizmente, eu repito, nós estamos em uma situação de segurança macroeconômica muito boa, que nos permite ter energia para olhar a crise e ficar brigando com ela, e evitando que ela afete a vida do brasileiro, a sua vida, de quem está agora, por exemplo, me ouvindo em Belo Horizonte. APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: Você está ouvindo o programa Bom Dia, Ministro. A NBR, a TV do governo federal, está transmitindo, ao vivo, este programa e reapresenta a gravação desta entrevista hoje à tarde e em horários alternativos, no sábado pela manhã e no domingo à tarde. Agora, a participação da FM Cultura, de Porto Alegre, com o José Fernando. Alô, José Fernando. Bom dia. REPÓRTER JOSÉ FERNANDO (Rádio FM Cultura / Porto Alegre - RS): Bom dia. Bom dia, Ministro. Então, a minha pergunta é sobre a questão, aí, da nova classe média. A gente sabe que, hoje, nas relações comerciais, um dos temas que aparece bastante é a questão do superendividamento dos brasileiros, especialmente a Classe C, que passou a ter acesso a bens e serviços que antes não tinha. Eu gostaria de perguntar ao Ministro que espécie de políticas públicas estão sendo desenvolvidas para que esse consumidor, que até pouco não tinha acesso algum a bens e serviços, consuma conscientemente, ele não tenha problemas de superendividamento? MINISTRO MOREIRA FRANCO: Olha, bom dia, José Fernando. Bom dia, ouvintes da FM Cultura, de Porto Alegre. Não há esse ambiente de superendividamento. Quer dizer, os números indicam que nós aumentamos bastante o endividamento brasileiro, do brasileiro, mas os números ainda são números que nos colocam em uma situação muito confortável do ponto de vista internacional. Então... E o Banco Central vem acompanhando, cuidando com muito rigor, e o próprio sistema bancário brasileiro, como eu já disse aqui, ele tem instrumentos de análise de risco e estão aprimorando essas análises para evitar esse superendividamento. O que ocorreu... Não é que a mesma pessoa está se endividando, o crescimento da percentagem de endividamento é que a base aumentou. O número de pessoas, de brasileiros, que teve acesso ao crédito tem aumentado e isso faz com que o percentual de endividamento aumente, mas não... Esse aumento não é porque as mesmas pessoas estão tomando empréstimos e aumentando o seu endividamento, mas porque mais pessoas estão se endividando. APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: E, agora, a participação da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, com Luiz Augusto Gollo. Alô, bom dia. REPÓRTER LUIZ AUGUSTO GOLLO (Rádio Nacional AM / Rio De Janeiro - RJ): Bom dia, Luciano. Bom dia, Ministro Moreira Franco. Eu gostaria de saber, Ministro, aproveitando esse contexto sobre essa nova classe média brasileira, em particular, aqui, a população do Rio de Janeiro. O senhor conhece de perto essa realidade, o senhor é daqui, foi governador, e eu gostaria de saber a expectativa da sua Secretaria com relação à consolidação dessa nova classe média, em função, principalmente, dos eventos que estão programados, eventos internacionais tão importantes, não só na cidade como no estado do Rio de Janeiro também. MINISTRO MOREIRA FRANCO: Bom dia, Luiz. Bom dia, ouvintes da Rádio Nacional, do Rio de Janeiro. Olha, a expectativa nossa, na Sae, é a de evitar que a nova classe média... Que esses brasileiros voltem a uma situação de pobreza e, sobretudo, de garantir a mobilidade, a possibilidade desse crescimento se dar, e se dar no Brasil inteiro. É fundamental, para a economia brasileira, que nós tenhamos uma classe média permanente e sólida, porque se nós tivermos uma classe média sólida, permanente, nós não só vamos garantir o nosso acesso ao mundo desenvolvido como também nós vamos ter resultados fantásticos. E no Rio de Janeiro, por exemplo, que nós vivemos combatendo a violência, e hoje é um fato que ocorre no país inteiro, uma das razões desse excesso de violência, da manifestação dura dela, é, exatamente, porque nós não temos uma classe média. Nós temos um ambiente de desigualdade social, de má distribuição de renda, muito grande, no país, e faz com que as pessoas percam alternativas, percam esperanças de melhorar a sua vida e aí partam para soluções no campo do ilícito, da criminalidade. Então, nós estamos muito confiantes de que não só esses eventos no Rio de Janeiro, mas todo o esforço de política econômica que o governo faz, o governo federal vem fazendo no Brasil inteiro, permita que possamos alcançar o objetivo de garantir os ganhos da nova classe média. APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: Ministro Moreira Franco, muito obrigado por sua presença em mais essa edição do programa Bom Dia, Ministro. MINISTRO MOREIRA FRANCO: Muito obrigado, Luciano. Muito obrigado a todos vocês que me perguntaram, aos ouvintes, às pessoas que estão me ouvindo. E eu queria, Luciano, dizer que nós podemos ter muita confiança, muita esperança, porque, mesmo com essas dificuldades todas, nós temos uma base muito sólida para enfrentar essas dificuldades. Muito obrigado. APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: Nós estamos encerrando, neste momento, o programa Bom Dia, Ministro, que tem a coordenação e a produção da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, em parceria com a EBC Serviços. Eu sou Luciano Seixas, e nós voltamos em uma próxima oportunidade. Até lá.