APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Olá, amigos, em todo Brasil, eu sou Kátia Sartório, e começa agora mais uma edição do “Programa Bom Dia, Ministro”. O programa tem a produção e a coordenação da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, em parceria com a EBC Serviços. Hoje, aqui nos estúdios da EBC Serviços, o Ministro de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Samuel Pinheiro Guimarães, bom-dia, ministro, seja bem-vindo ao programa.MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Bom dia, muito obrigado.APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Na pauta do programa de hoje a apresentação do “Plano Brasil 2022”, que fixa metas a serem atingidas pelo país, até o ano em que comemoramos o bicentenário da nossa independência. O ministro vai explicar as metas que o Brasil quer atingir daqui a 12 anos, como a erradicação do analfabetismo, da pobreza, o crescimento econômico de 20%, e também a ampliação da malha ferroviária e rodoviária. O ministro de Assuntos Estratégicos já está aqui no estúdio, e começa agora a conversar com âncoras de emissoras de rádio de todo país. Ministro, já está na linha a Rádio Capital AM, de São Paulo, Capital, onde está Luis Carlos. Bom-dia, Luis Carlos.REPÓRTER LUIS CARLOS RAMOS (Rádio Capital AM / São Paulo - SP): Bom dia. Bom dia ao Ministro Samuel Guimarães.MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Bom dia, Luis Carlos, é um prazer poder conversar com você.REPÓRTER LUIS CARLOS RAMOS (Rádio Capital AM / São Paulo - SP): Ministro, a minha pergunta diz respeito a esse “Plano Brasil 2022”, tudo indica que é um plano ambicioso, mas factível, e com vistas ao Bicentenário da Independência, que parece estar longe, mas, na verdade, está perto, estamos há 12 anos. O Brasil evoluiu bastante economicamente e também no plano social nos últimos anos. Agora, dentro do seu plano, existe a possibilidade de erradicação da pobreza. Aqui em São Paulo, muitas vezes a gente vê gente pobre, inclusive, em plena Avenida Paulista, e da periferia, o senhor acha que será realmente possível chegar a essa finalidade? MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Eu acredito, Luis Carlos, será perfeitamente possível, nós estamos caminhando nessa direção a passos muito rápidos, é uma questão de ampliar os programas de assistência àqueles mais pobres, não é? Aqueles chamados indigentes são as pessoas em condição de pobreza absoluta, e isso permitirá, eventualmente, erradicar a pobreza. Naturalmente, é um processo que levará 12 anos, mas estamos caminhando muito bem nessa direção. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Você tem outra pergunta, Luis Carlos? REPÓRTER LUIS CARLOS RAMOS (Rádio Capital AM / São Paulo - SP): Sim, eu gostaria de perguntar ao ministro a respeito da questão do crescimento econômico de 7%. O Brasil evoluiu bastante em termos de crescimento econômico, e na última edição o Brasil só perdeu praticamente para China e Índia em termos de evolução econômica. Na sua opinião, independentemente do resultado das eleições de outubro, será possível manter essa meta? MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Eu tenho certeza que essa é uma meta necessária. Na realidade a meta decorre dos investimentos que forem feitos. Na medida em que forem feitos os investimentos na capacidade produtiva, o resultado será o crescimento a essa taxa, não é? E essa é uma taxa necessária, é uma taxa histórica do Brasil, até 1985, mais ou menos, era a média histórica do Brasil de crescimento, mais ou menos por volta de 7%, e é a única taxa que permite reduzir a distância entre o Brasil e os países desenvolvidos. Se nós não reduzirmos essa distância, poderemos estar até crescendo, melhorando a situação social do país, construindo a infraestrutura, mas continuaremos relativamente subdesenvolvidos. Então, essa é uma taxa perfeitamente possível, nós temos toda uma possibilidade de expansão do crédito para a atividade produtiva, todo o esforço que será feito em torno da Copa de 2014, e das Olimpíadas de 2016, quando os investimentos crescerão de forma muito significativa. O aumento dos investimentos chineses no Brasil, por exemplo. E tudo isso faz crer que essa taxa não só é necessária para reduzir a distância que nos separa dos países desenvolvidos, como também ela é necessária para poder resolver, digamos, os problemas de construção da infraestrutura, e da melhoria da distribuição da renda e da riqueza no país. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Esse é o programa Bom Dia, Ministro, eu sou Kátia Sartório, e estamos hoje com o Ministro Samuel Pinheiro Guimarães, de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Ele conversa ao vivo com âncoras de em emissoras de rádio de todo país. Lembrando que a EBC Serviços disponibiliza o sinal dessa entrevista a todas as emissoras de rádio do país via satélite, no mesmo canal da Voz do Brasil. Ministro, vamos agora ao Rio de Janeiro, sua terra não é ministro? MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: É verdade. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Vamos conversar com a Rádio CBN do Rio de Janeiro, Vanessa Mazzari, bom dia. REPÓRTER VANESSA MAZZARI (Rádio CBN / Rio de Janeiro - RJ): Bom dia. Eu queria saber do ministro qual é a meta do plano para a questão de segurança. MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Bom dia, Vanessa, é um prazer falar com você, e falar com todos os meus conterrâneos do Rio de Janeiro. Olha, nós temos uma série de metas na área de segurança. Então, por exemplo, uma das metas seria, está ainda em processo de aprovação, em reduzir pela metade o número de homicídios. Hoje em dia nós temos no Brasil cerca de 40 mil homicídios por ano. Só para ter uma ideia do que significa isso, toda a Guerra do Vietnã, vitimou cerca de 50 mil americanos. Então, nós temos por ano no Brasil uma espécie de Guerra do Vietnã. Então, se reduzimos à metade, naturalmente gostaríamos de eliminar, não é? Mas isso seria uma meta um pouco mais ambiciosa, talvez para 2025. Mas para 2022, reduzir à metade é uma meta bastante satisfatória. Nós temos, por ano, no Brasil, cerca de 30, 40 mil mortes por acidente de trânsito. Essas mortes por acidente de trânsito decorrem de duas situações, principalmente: a primeira delas o excesso de velocidade, o excesso de velocidade superior àquilo que o código de trânsito permite; e, segundo, a ingestão de bebidas alcoólicas, de modo que quando há uma morte no trânsito, é praticamente um homicídio culposo, porque a pessoa que dirige o móvel sabe perfeitamente que não pode beber, e que não pode dirigir em alta velocidade. Então, se conseguíssemos também reduzir à metade as mortes no trânsito, seria extraordinário, não é? Um outro, uma questão um pouco examinada, mas muito importante, é a questão do tratamento digno a todos presidiários no Brasil. Nós sabemos que há dezenas de milhares pessoas que estão presas, e que ainda não foram julgadas, então, não sabe se são culpados ou não, e já estão cumprindo pena na prática. De modo que isso é algo extremamente importante. Naturalmente há todo esforço que vem sendo feito pelo Pronasci (Programa Nacional de Segurança com Cidadania), questão das “Unidades Pacificadoras”, e assim por diante. Outras questões, na área da segurança, ligadas à educação, à questão do consumo de drogas, e assim por diante. Por exemplo, reduzir à metade o consumo de drogas no país, é uma meta ambiciosa, porém é uma meta necessária. Nós temos agora a questão do crack, que não é uma droga nova, propriamente, mas tem efeitos avassaladores, e indo para o interior do país, não é? Isso é alvo de grande preocupação, e ontem, e anteontem mesmo, o presidente esteve na cerimônia de lançamento de mais uma campanha contra o crack, e contra as drogas em geral. E, enfim, há também uma questão que eu considero muito importante, que eu acho que eventualmente deveria ser incluída nesse programa, que é a universalização do horário integral nas escolas. Porque, certamente, sem o horário integral nas escolas será difícil melhorar o nível educacional das crianças, e ao mesmo tempo retirá-las da rua, e retirá-las de uma exposição excessiva à televisão comercial. Sem isso, não haverá tranquilidade para as mães, cada mãe que sai de casa, fora do horário da escola, não sabe o que está acontecendo com os seus filhos. Naturalmente que para aquelas pessoas de classe média ou ricas, eles têm horário integral, tem a escola, e depois tem a aula de inglês, tem a aula de balé, tem a aula de música, às vezes, quem sabe, tem aula até de matemática, quisera Deus. Mas, em geral, são atividades desportivas, lúdicas, mas que ocupam as crianças, essa que é a realidade. Mas os pobres, quando os filhos voltam da escola, eles têm o grande educador, que é a televisão comercial, ou a rua. Ou a internet, não é? Ou o vídeo game, não é? Então, é muito importante, porque isso permitiria reduzir a exposição dos jovens à própria violência. Então, são várias ações, em vários campos, não apenas a segurança estritamente, mas são muito importantes, não é?
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Vanessa, você tem outra pergunta? REPÓRTER VANESSA MAZZARI (Rádio CBN / Rio de Janeiro - RJ): Sim, então o plano fixa meta para várias áreas, além dessa de segurança, economia, esporte. Eu queria saber de que maneira isso é concreto, se o governo explica como ele vai atingir esses objetivos. MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Olha, as metas estão em processo de elaboração, naturalmente, na medida em que elas viessem a ser aprovadas, e eu pretendo sugerir ao Presidente da República que ele submeta esse plano ao Congresso Nacional, para que haja um debate muito amplo, nós já temos as metas no nosso sítio eletrônico, nosso site, mas já mandamos correspondências diretas para mais de 60 mil pessoas. E aguardamos as contribuições, os comentários e as críticas. Vale dizer, Vanessa, o Brasil é um país que tem a possibilidade de ser muito ambicioso nos seus objetivos. Para dar um exemplo muito simples, até cinco anos atrás, se fôssemos fazer um plano para o Brasil, não incluiríamos o pré-sal, que vai tornar o Brasil, talvez, um dos cinco maiores produtores de petróleo do mundo, não é? Então, hoje em dia, uma das metas do plano é completar o levantamento geológico do país. Hoje em dia, fora da Amazônia, somente 30% do território é conhecido do ponto de vista geológico. Então, completar esses levantamentos geológicos fará com que surjam novas fontes de recursos, não é? Além disso, uma política adequada, mais adequada ao processo de envolvimento do caso da dívida pública, liberaria recursos muito significativos para os investimentos. O fato é que nós estamos fazendo investimentos extraordinários já através do PAC. Hoje mesmo, no Jornal Valor, vemos que consultorias estrangeiras dizem que haverá um aumento extraordinário dos investimentos no Brasil, uma notícia de hoje mesmo, não é? De modo que os recursos virão da iniciativa privada e do Estado, porque os investimentos que permitem o aumento do crescimento, não vêm só do Estado, vêm da iniciativa privada devidamente induzida, em que as condições são criadas para que haja os investimentos. A prova disso, os nossos investimentos chineses que acabam de se realizar na área do petróleo, na área de transmissão de energia elétrica, os investimentos alemães na construção de enormes siderúrgicas. No próprio Rio de Janeiro, nosso Estado, talvez você já tenha a oportunidade de ter ido visitar esse local onde será construída essa extraordinária siderúrgica, com produção de cerca de 5 milhões de toneladas por ano. Há anos que não se construía uma siderúrgica nova no Brasil. O presidente, agora, essa semana, esteve no Pará, onde inaugurou também os trabalhos de construção de uma nova siderúrgica próxima a toda área onde está Carajás. Isso também é uma novidade. Quer dizer, processar a matéria-prima próximo ao seu local de extração. Isso é extremamente importante para a redução dos desequilíbrios regionais. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Esse é o programa Bom Dia, Ministro, eu sou Kátia Sartório, estamos hoje entrevistando o Ministro de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães. Ministro, vamos ao Rio Grande do Norte, a Rádio Difusora de Mossoró, já está na linha Jota Nobre, bom dia. REPÓRTER JOTA NOBRE (Rádio Difusora de Mossoró / Mossoró – RN): Bom dia, Kátia, bom dia, ministro. A pergunta que eu faço é em relação justamente à área social. O Presidente Lula, indubitavelmente nos seus dois mandatos ele tem se voltado especialmente para essa área. Por exemplo, programas que tem diminuído pessoas com extrema pobreza no País. Mas eu pergunto, ainda há pessoas que vivem nessa extremidade, que vivem numa condição, realmente, social que praticamente não tem até mesmo como sobreviver. Qual seria, dentro desse projeto que vocês estão implantando, vamos dizer, um programa de impacto, uma ação de impacto para poder diminuir, para poder melhorar o rendimento dessas pessoas que vivem muitas vezes com a situação bastante difícil financeiramente? MINISTRO SAMUEL PINHEIRO: Muito obrigado, Nobre, pela pergunta. Essa é uma questão vital para o desenvolvimento brasileiro. E essa questão da prática da redistribuição de renda nos programas sociais, foi o que permitiu o Brasil passar com êxito por essa crise que estamos ainda o mundo vivendo. O Brasil não está vivendo tanto essa crise, mas o mundo continua vivendo uma crise muito importante, não é? E, na realidade, os programas sociais eles, no caso o “Bolsa Família”, atingem 12 milhões de domicílios, de famílias, isso significa cerca de 50, 60 milhões de pessoas. Mas há outros programas, que não são diretamente ligados, mas que tem tido grande impacto para reduzir a situação real, concreta de viver na pobreza dessas pessoas, como, por exemplo, “Luz Para Todos”, não é? Nós tínhamos cerca de 12 milhões de famílias vivendo nessa situação, e houve uma redução muito significativa. O próprio acesso à luz permitiu que essas pessoas pudessem ter aquilo que para nós é uma coisa normal, por exemplo, uma televisão, rádio, uma lâmpada dentro de casa, para poder ler, sem ter que ler a luz de vela ou de candeeiro. Enfim, os programas de impacto é realmente manter esses programas sociais expandidos, aperfeiçoá-los, ampliar, por exemplo, toda a área da questão do microcrédito, para estimular as pessoas. Aumentar o número de programas de capacitação, ampliar os programas de educação, e assim por diante. E também a questão do saneamento básico, quer dizer, o saneamento básico é essencial para a saúde e para o bem estar das pessoas. Basta a pessoa imaginar, quando quebra na sua casa a privada, é um magno problema. Imagina uma pessoa que não tem estas condições. Então, na medida que for possível implantar o acesso à água potável, esgoto sanitário para 100% dos domicílios brasileiros, isso será um impacto substancial na situação das pessoas mais pobres, são essas pessoas que não tem esse acesso, não é? E assim por diante, de modo que nós temos toda a questão do aumento da produção de alimentos no Brasil, todos os programas da agricultura familiar, todos os programas de merenda escolar para as crianças. Tudo isso tem um impacto sobre a situação de pobreza das pessoas, dos brasileiros que estão assim muito grandes, muito grandes. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Jota Nobre, você tem outra pergunta? REPÓRTER JOTA NOBRE (Rádio Difusora de Mossoró / Mossoró – RN): Sim, só mais uma pergunta. É em relação, vamos dizer, à infraestrutura, estradas, como também ferrovias. Havia uma aqui no Rio Grande do Norte uma que ligava o Estado do Rio Grande à Paraíba, Mossoró-Souza o ramal da Refesa (Rede Ferroviária Federal) . Foi desativado, acredito eu, há aproximadamente 15 anos que esse ramal foi desativado, e isso acabou causando uma preocupação tanto para quem mora no Rio Grande do Norte como na Paraíba. Esse ramal, três vezes por semana, esse trem digo ele fazia esse percurso. Dentro desse projeto, vocês também têm alguma coisa ligada à ferrovia, que possa interligar o Rio Grande do Norte ao estado da Paraíba? MINISTRO SAMUEL PINHEIRO: Olha, Jota Nobre, essa é uma questão extremamente importante, que é a questão da integração do mercado interno brasileiro, não só do ponto de vista de transporte de bens, como do transporte de pessoas. E há uma ênfase muito grande no equilíbrio da matriz de transportes. Então, no caso, as ferrovias, a meta seria aumentar de cerca de 50% a participação das ferrovias na matriz de transporte. Hoje são cerca de 15%, passaria para algo em torno de vinte e poucos, talvez um pouco mais que chegasse a 30% da matriz de transportes, assim também com relação as hidrovias. No caso do Nordeste, o que afeta a questão dos desequilíbrios regionais, está sendo feito um grande esforço, há duas grandes ferrovias sendo construídas, a Oeste-Leste, no estado da Bahia, e a Transnordestina. Ali também, naturalmente, já não é na questão do Nordeste, mas a ferrovia Norte-Sul, que se inicia em Barcarena, no Pará, e vai até o Sul do país. As ferrovias tem uma importância extraordinária. Para que se tenha uma idéia dessa importância, é o de que o custo no transporte de bens por ferrovia é quatro vezes mais barato do que por rodovia. Além do que emite muito menos gases de efeito estufa, então também afeta a questão da poluição em geral, e do meio ambiente, não é? Contribuí, essa ênfase no transporte ferroviário contribuirá para atingir também as metas relativas ao meio ambiente. Naturalmente isso também é muito importante para o transporte de pessoas, além de bens. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Esse é o Programa Bom Dia, Ministro, estamos ao vivo no rádio e na televisão, é um programa multimídia, e o áudio dessa entrevista estará disponível ainda hoje pela manhã na internet, na página da Secretaria de Imprensa da Presidência da República, anote o endereço: www.imprensa.planalto.gov.br. Ministro, vamos agora à Rádio Catedral, de Juiz de Fora, Minas Gerais, a pergunta é de Fabiana Furtado. Bom dia, Fabiana.
REPÓRTER FABIANA FURTADO (Rádio Catedral / Juiz de Fora – MG): Bom dia, Kátia, bom dia, Ministro Samuel Guimarães. Ministro, as metas estabelecidas pelo “Plano Brasil 2022”, vão acontecer durante período eleitorais, uma mudança de gestão coloca o plano em risco? MINISTRO SAMUEL PINHEIRO: Olha, Fabiana, essa é uma questão que volta e meia é levantada, é uma questão importante. Naturalmente o plano de médio e longo prazo ele afeta diferentes períodos governamentais, isso necessariamente, não é? Na medida que ele for maior do que quatro anos, no caso são doze anos. E eu acredito que nós estamos fazendo uma ampla consulta à sociedade, não só através do site da Secretaria de Assuntos Estratégicos, www.sae.gov.br, de modo que qualquer brasileiro possa eventualmente fazer o seu comentário, fazer a sua crítica, suas sugestões, como também consultamos, só para que tenha uma ideia, 20 mil organizações da sociedade civil, sem contar que consultamos, também, todos os ex- ministros de cada pasta de Governo, todos os deputados, todos os senadores, todos os prefeitos de municípios foram comunicados, todas as centrais sindicais, todas as centrais de empresários, todas as federações de indústria, todos os acadêmicos especializados em cada área, de modo que é um processo amplo de consulta. A nossa expectativa é que o plano não seja um plano deste governo, seja um plano de Estado, o plano do Brasil. E por isso eu havia comentado anteriormente, que eu iria sugerir ao Presidente, caso ele considere oportuno, o envio do Plano ao Congresso Nacional, para que haja um debate maior. Eu mesmo já estive no Congresso, pelo menos umas quatro ou cinco vezes para debater o Plano. De modo que o Plano tem que ser feito em algum momento, não é? E algum momento, o momento é esse, não é? E acho que na medida em que as metas sejam razoáveis, sejam objetivas, sejam consensuais, o Plano terá a possibilidade de sobreviver. E ele também, ao estabelecer metas, permite que a própria sociedade cobre dos governos futuros, a sua execução. Acho por exemplo, que dificilmente algum brasileiro poderia ser contrário na ideia de erradicar, por exemplo, erradicar o analfabetismo. É difícil ser contra, acho que essa é uma meta consensual. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Fabiana? Tem outra pergunta. REPÓRTER FABIANA FURTADO (Rádio Catedral / Juiz de Fora – MG): Kátia, eu tenho outra pergunta. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Pois não. REPÓRTER FABIANA FURTADO (Rádio Catedral / Juiz de Fora – MG): Dentre todas as áreas que receberão investimentos para que se alcance o objetivo do plano, em qual delas o senhor acredita estar o maior desafio, ministro? MINISTRO SAMUEL PINHEIRO: Olha, eu acho que o Brasil é um país de natureza continental, não é um país pequenininho, é um país de natureza de dimensões continentais, e sendo um país de dimensões continentais, ele têm desafios de tamanho continental. Mas, talvez, o nosso principal desafio continua em estar em duas áreas, a questão da construção da infraestrutura, onde tem havido um grande esforço, através dos programas de aceleração do crescimento, e dos programas relativos à Copa, e relativos às Olimpíadas, e a questão das disparidades sociais. A estrutura é toda a base da economia, o transporte, o saneamento básico, as comunicações, a energia, é a base de todo sistema de funcionamento da economia. Mas não basta que haja o funcionamento da economia necessária, também, que haja uma inclusão social de um processo de inclusão de todas aquelas populações que tradicionalmente ficaram à margem, não é? Como nós pensamos que 12 milhões de famílias, isto é 50 milhões de brasileiros, isto é 25% da população do Brasil recebe aquela quantia, que é uma quantia pequena, quantia pequena, mas porque vivem em tal condição de pobreza, que é indispensável que recebam, para que possam sobreviver, e naturalmente, o que recebem não é simplesmente um desperdício, porque aquilo resulta numa demanda, ou por alimentos, ou por bens, e isso vai eventualmente estimular o próprio sistema produtivo, porque estimula a demanda. E portanto, ao estimular a demanda, estimula os investimentos, não é? Enfim, eu acho que são dois grandes desafios para responder, para sintetizar a resposta, Fabiana, de um lado a questão da infraestrutura, que inclui energia, comunicações, transportes, toda a parte das cidades, saneamento básico, a questão habitacional, a questão da mobilidade urbana. Hoje de manhã já tive um exemplo da mobilidade urbana, vinha da Base Aérea para cá, e havia um enorme engarrafamento. Isso ocorre em São Paulo, não é? Em outras metrópoles do país, hoje em dia a população urbana do Brasil é cerca de 80, 85% dependendo do critério que se usa. Então essa questão das cidades, da mobilidade urbana, do saneamento básico, e da habitação, são três questões da maior importância, e que fazem parte da questão da infraestrutura, e da disparidade social. E todos programas de apoio às populações mais pobres, mas também da educação, da saúde, o acesso aos medicamentos. Se você teve a oportunidade recentemente de comprar um remédio, Fabiana, espero que você não tenha tido essa necessidade, mas você verá que os preços são preços bastantes elevados. Então programas como o da “Farmácia Popular”, dos Genéricos, a questão da nossa autonomia na produção de farmacos, para que possamos reduzir o preço dos medicamentos, são metas muito importantes, e são metas perfeitamente factíveis. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Esse é o programa Bom Dia, Ministro, eu sou Kátia Sartório, estamos entrevistando hoje o Ministro de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Samuel Pinheiro Guimarães. Ele conversa com âncoras de emissoras de rádio de todo o país. Ministro, vamos agora ao Rio Grande do Sul, Rádio ABC 900 AM de Novo Hamburgo, Jeania Romani bom-dia. REPÓRTER JEANIA ROMANI (Rádio ABC 900 AM / Novo Hamburgo – RS): Bom dia, Kátia, bom-dia ao ministro. Bom, entre as metas que estão nesse “Plano 2022”, são as metas sociais que incluem a erradicação do analfabetismo, e a erradicação da pobreza, quais são os projetos para garantir isso? O que já está sendo pensado, e como garantir isso? MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Muito obrigado, Jeania, pela sua pergunta. Nós estamos trabalhando, estamos num processo de elaboração do plano. O plano ainda não está totalmente pronto. Nós temos, assim, em primeiro lugar, a continuidade dos programas que vêm sendo feito, a sua criação, o seu aperfeiçoamento, e aí que estamos trabalhando, inclusive no aperfeiçoamento dos programas relativos às disparidades sociais. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Sim, a pergunta é sobre as metas sociais. MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Sim, agora o plano não é um orçamento que defina os programas que vão ser executados. Isso será objeto dos orçamentos, dos PPAs, assim por diante, ele estabelece metas, não é verdade? Então, por exemplo, no caso da saúde, reduzir à metade a mortalidade infantil. Hoje em dia a mortalidade infantil é o dobro daquilo que é aceito pela Organização Mundial de Saúde. Nós pretendemos sugerir que no plano haja uma redução pela metade. Isso é de grande importância porque se envolve a execução de programas na área de saúde, implantação de equipes médicas em cada município do Brasil. Hoje em dia, há cerca de 500 municípios no Brasil em que não há nenhum médico, nenhum médico. Então isso é algo que terá um impacto muito grande para as populações desses municípios, não é? E o que eu havia mencionado antes, mas eu queria repetir, nós sabemos que o preço dos remédios é um fator que limita muito a possibilidade das pessoas poderem se tratar, principalmente aqueles mais pobres. Aqueles que têm acesso a programas, a programas privados de médicos, não é? APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Planos de saúde. MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Plano de saúde é esse o termo. Planos de saúde a situação é diferente, mas a maior parte da população brasileira não tem acesso, tem acesso ao SUS, mas mesmo assim, o SUS distribui certos tipos de medicamentos, como é o caso da AIDS, mas não para todas as doenças. E nós sabemos que o preço dos medicamentos, quando comparamos remédios de marca com o genérico, nós vemos a diferença enorme de preços, não é? Então, aumentar a produção de farmacos, ou alcançar a autonomia em farmacos no Brasil, e a produção de medicamentos, é algo de extrema importância, e isso terá, certamente, uma ênfase muito grande na área da saúde. Mas há outras áreas que afetam a situação social. Eu vou dar um exemplo, que é um exemplo importante do ponto de vista das desigualdades de gênero. A grande parte da população feminina ativa, que trabalha, tem trabalho doméstico, 94% dos empregados domésticos são mulheres, em geral, sem carteira tenho de trabalho. Isso significa não ter direito a férias-- APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: FGTS. MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Não ter direito a FGTS, aposentadoria, tudo isso. Então, uma das metas que acredito-- APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Licença médica, nada. MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Licença médica, nada. Não tem carteira de trabalho. Então, seria, por exemplo, fazer com que todo emprego doméstico fosse formalizado, de tal forma que ele obedecesse às regras da legislação social. Isso afeta profundamente as questões das disparidades de gênero, da situação social das mulheres, não é? Enfim, há tantos outros temas e tantos programas que já vêm sendo feitos, já vêm sendo desenvolvidos, que devem prosseguir, e ter metas que se permita verificar se estamos caminhando naquela direção. Isso é extremamente importante. Eu não me lembro, Jeania, se você tinha feito a pergunta. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Jeania, ele respondeu a sua pergunta? REPÓRTER JEANIA ROMANI (Rádio ABC 900 AM / Novo Hamburgo – RS): Sim, eu tenho outra pergunta. O “Plano Brasil 2022”, procura definir o Brasil daqui a 12 anos. Nesse período há o período eleitoral, as metas podem ficar de alguma forma prejudicadas com essa questão? Está se pensando, em relação a isso, alguma forma de se proteger, posso dizer assim, com esse período eleitoral? MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Veja, Jeania, o plano só terá validade se ele realmente reflete um consenso à sociedade. Então, estamos procurando divulgá-lo o mais possível, colher sugestões, comentários de especialistas, de pessoas que ocuparam posições de destaque na administração, dos parlamentares. Por exemplo: encaminhamos a todos os ex-presidentes todos os documentos elaborados. De modo que todos os ex-presidentes têm essa oportunidade, todos os ex- ministros da Fazenda, do Planejamento, de todas as áreas. De modo que vamos tentar construir um consenso, se houver um consenso em relação a essas metas, o plano poderá ter maior viabilidade, maior longevidade, e poderá ser, eventualmente, também ajustado, à medida que as metas são atingidas, e assim por diante, ou corrigidas. Por isso eu tinha mencionado antes, em resposta a uma pergunta anterior, que pretendia sugerir ao Presidente da República que encaminhasse, depois de aprovado, esse plano, encaminhasse o plano ao Congresso Nacional, para que o Congresso fizesse um amplo debate do plano, e transformá-lo em algo mais permanente. Se assim fosse o desejo do Presidente e do Congresso, naturalmente. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Esse é o Programa Bom Dia, Ministro, estamos hoje com o Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Samuel Pinheiro Guimarães. Ele conversa com âncoras de emissoras de rádio de todo país. Lembrando que a NBR, a TV do governo federal, transmite a gravação dessa entrevista ainda hoje à tarde, com reprise também no sábado e no domingo. Ministro, vamos agora ao Tocantins, à Rádio 96 FM de Palmas onde está Eduardo Kopanakis, bom dia, Eduardo. REPÓRTER EDUARDO KOPANAKIS (Rádio 96 FM / Palmas -TO): Bom dia, Kátia, bom dia, Ministro. Bom, saindo um pouquinho desse assunto de metas sociais, entrando no setor de infraestrutura, ministro. Todos nós sabemos que as principais rodovias federais estão sendo recuperadas, a ferrovia já é uma realidade, principalmente aqui no Tocantins. Onde a gente passa a gente vê canteiros de obras gerando emprego e renda para milhares de famílias. Eu gostaria de saber se nesse “Plano Brasil 2022”, as hidrovias estão nesse plano? Já foi inaugurado um trecho aqui no Tocantins aonde há o transporte da produção brasileira para o crescimento econômico do país. Eu queria saber se o plano, se esse projeto da hidrovia está nesse “Plano Brasil 2022”, e quando poderá estar se tornando uma realidade, já que aqui, para o Tocantins, esse programa de hidrovias é de suma importância. MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Obrigado, Eduardo, pela pergunta, é realmente de grande importância esse tema, não é? A ideia, na questão dos transportes, é estabelecer um equilíbrio no que são chamados modais..Modal, rodoviário, ferroviário e hidroviário. Que cada um deles tenha cerca de 30% de participação no total dos transportes. No que diz respeito à hidrovia, a ideia seria dobrar a participação das hidrovias na matriz de transporte. Hoje em dia, elas têm cerca de 15%, mais ou menos, passariam para 30%. Extremamente importante porque eu havia mencionado antes, numa pergunta anterior, que o transporte ferroviário é quatro vezes mais barato do que o transporte rodoviário. Mas o transporte hidroviário é quatro vezes mais barato do que o ferroviário. Então é uma economia extraordinária, e ele é muito menos poluente, no sentido, ele emite muito menos gases de efeito estufa. E isso é de grande importância, porque o Brasil tem uma rede, tem uma, como é que eu diria? Uma malha de rios navegáveis. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Aquaviários. MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Muito importante, inclusive no interior do país. Um tema importante com relação a isso, não só o esforço que já vem sendo feito no sentido de identificar as obras, e tudo, é a questão da construção de eclusas, quando forem construídas barragens. Barragens de hidrelétricas, não é? A construção de eclusas permite a navegabilidade nos rios. Que normalmente, em geral, quando há uma barragem hidroelétrica, há um desnível, quer dizer, ali já havia uma dificuldade de navegação, então a construção de eclusas, com vários níveis, permite a navegação. Mas é preciso prever essa construção de eclusas. Isso é um tema bastante debatido porque afeta a tarifa de energia elétrica, mas por outro lado, não construir as eclusas, afeta a tarifa dos transportes. Se de um lado, construir eclusas torna mais caro o investimento da construção da hidrelétrica e afeta a futura tarifa, não construir a eclusa faz com que não se aproveite o transporte hidroviário, e portanto, torne o custo do transporte mais elevado do que poderia ser. Então, há toda uma discussão em torno disso. Estou vendo aqui, uma eclusa no canal do Panamá, né? (Apresentadora abre a Internet para mostrar a eclusa do Canal do Panamá) APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: E até para explicar o que são eclusas, não é ministro? Uma obra de engenharia que permite os barcos subam ou desçam em lugares que tem desnível, não é? MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Em geral, onde há uma hidrelétrica há um desnível. Então se faz um canal, à margem da barragem, com vários níveis. Então, as embarcações entram num trecho, depois a água baixa, passa por um trecho seguinte, e assim por diante. Até passarem para um nível-- APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Para permitir a navegabilidade. MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: O que permite a navegação. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro, vamos agora ao Ceará, à Rádio Verdes Mares, de Fortaleza, onde está Nilton Sales, bom dia Nilton. REPÓRTER NILTON SALES (Rádio Verdes Mares / Fortaleza - CE): Bom dia. Bom dia, Ministro Guimarães, que não é o nosso ex-ministro, mas é Guimarães também MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Bom-dia, bom-dia Nilton. REPÓRTER NILTON SALES (Rádio Verdes Mares / Fortaleza - CE): Ministro, o governo do Ceará tem muito interesse nessa Ferrovia Transnordestina, que está sendo construída. Eu pergunto ao senhor, o senhor já sabe, mais ou menos, como está a situação da estrada? A construção? MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Olha, eu sei que a construção havia sido iniciada, que há uma grande importância. Opresidente, inclusive, atribui grande importância à construção da Transnordestina. Entendo que tinha havido algumas dificuldades do ponto de vista da alocação de recursos para a obra, não é? Mas eu acredito que agora esteja regularizada. Ou regularizado o ritmo de construção da estrada, não é? A informação que eu tenho é essa. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro, aproveitando, pegando uma carona, inclusive no assunto eclusas, o senhor fala que é uma obra de engenharia, não é isso? MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Certo. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Eu aproveito para perguntar para o senhor sobre a necessidade, porque uma das metas, diz que o Brasil deveria triplicar o número de engenheiros até 2022. Como se consegue aumentar o interesse dos estudantes para essa profissão? Por que a gente precisa, agora, ter agora mais engenheiros, ministro? MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Pelo seguinte, porque naturalmente, o aumento da produção depende do aumento das unidades de produção. Das fábricas, construção de estradas, construção de portos, e assim por diante. Em todas essas obras, a presença de engenheiros é essencial, engenheiros ferroviários, rodoviários, navais, nucleares, e assim por diante, não é? Engenheiros na área da eletricidade, e assim por diante. Olha, há um cálculo, um cálculo feito, de que para cada milhão de dólares de investimento, é necessário um engenheiro. Então se uma obra custa 10 milhões, aquela obra vai necessitar de 10 engenheiros. Como é que se estimula? A engenharia naturalmente é uma atividade ligada à matemática, não é? A matemática é o grande desafio de todos os jovens nas escolas. Então é necessário ter um ensino de matemática adequado. Para ter um ensino de matemática adequado é necessário formar professores de matemática que sejam capazes de transmitir aos jovens. Eu vejo as senhoras sorrindo que, imagino, estão pensando nos seus filhos, com aulas de matemática, deveres. Mas enfim, esse é que é um grande desafio, de se formar um número maior. A informação que eu tenho, é que na realidade, é que está ocorrendo é já existe um número de vagas bastante razoável nas escolas de engenharia, há um grande problema de evasão de estudantes. Porque o curso de engenharia custa cerca de 1500 reais por mês. Então, os alunos começam o curso, e acabam não podendo permanecer, aqueles, digamos, não tão afortunados, como se dizia antigamente, tem que deixar. Então, a evasão é muito grande, já existe as escolas, já existe os professores, é uma questão de quase que um programa de apoio aos estudantes de engenharia, mas ao mesmo tempo é importante. Nesse campo é muito importante a questão da Olimpíada da Matemática no ensino público. Como talvez saiba, tenha tido conhecimento, Nilton, agora vai haver novamente uma nova edição da Olimpíada, e há cerca de 19 milhões de crianças inscritas. Nós falamos assim, com grande facilidade, 19 milhões de crianças inscritas, 19 milhões de crianças é duas vezes a população de Portugal, nosso futuro adversário. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Amanhã. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Amanhã. MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Amanhã não é? Então, Portugal tem cerca de nove milhões de habitantes, na Olimpíada de matemática são 19 milhões de crianças. Dessas 19 milhões de crianças, 300 recebem uma medalha de ouro, depois recebem uma bolsa e tudo. E alguns, com 15 anos de idade são tão, digamos, tem tamanha capacidade natural para a matemática, que já entra no Instituto de Matemática pura e aplicada para fazer o doutorado, devida sua extraordinária capacidade. Imagina ser primeiro em um concurso para 19 milhões, é algo extraordinário não é? APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro, vamos à Mato Grosso à Rádio Gazeta/CBN de Cuiabá, Davi de Paula, bom dia.REPÓRTER DAVI DE PAULA (Rádio Gazeta/CBN / Cuiabá - MT): Bom dia, Kátia Sartório, bom dia, ministro. Brasil, no “Plano Brasil 2022” a gente sabe que o país está crescendo, l tem um crescimento astronômico, não é? E é claro que as obras do crescimento têm, esbarra na questão ambiental, principalmente nós que vivemos na Amazônia Legal. De que forma as metas serão alcançadas até 2022 com a questão do meio ambiente? MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Olha, muito obrigado, Davi. Essa é uma questão muito importante, porque o Brasil está empenhado num processo de desenvolvimento sustentável. É necessário que haja o desenvolvimento, que sejam feitos os investimentos, e ao mesmo tempo tenho não tenhamos prejuízos ambientais importantes.Nós temos tido algumas experiências recentes que revelam essa possibilidade. Por exemplo, a questão de Belo Monte, o projeto inicial, ele previa a inundação de cerca de 1500 km². E devido, justamente, a um exame mais detalhado dos impactos ambientais, essa área foi reduzida para 500 km², o que é uma redução muito significativa em termos de inundação da área.Por outro lado, vão ser investidos cerca de quatro ou cinco bilhões de reais nos projetos ambientais ligados às populações ribeirinhas, e assim por diante, de modo que é perfeitamente possível conjugar os investimentos para a proteção do meio ambiente. E às vezes vemos que há muita, digamos, muita discussão, que depois desaparece. Não sei se você está lembrado, meu caro Davi, dos projetos do Rio Madeira, Jirau e Santo Antônio, houve uma enorme repercussão, polêmica, etc. E hoje em dia as obras estão sendo realizadas, e as polêmicas desapareceram. Então, essas obras são extremamente importantes, porque na economia moderna a energia é essencial. Não há possibilidade, por exemplo, de aumento da produção, sem aumentar o consumo de energia pelas indústrias. Isso é essencial, não há como, não é? E ao mesmo tempo, à medida que a população cresce, é necessário gerar mais empregos, gerar mais empregos significa aumentar a capacidade das indústrias. Aumentar a capacidade das indústrias significa utilizar mais energia. O Brasil, uma das metas do plano, inclusive, na área de energia, é dobrar o consumo de energia elétrica. Dobrar o consumo per capita de energia. Estão me dizendo que eu tenho que dar respostas mais curtas, mas como eu posso dar respostas curtas para problemas compridos? Fica difícil, o problema é comprido, fica difícil dar uma resposta curta, mas eu vou procurar. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: São várias emissoras, ministro. MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Eu vou procurar reduzir, é que às vezes me entusiasmo. Olha , que beleza, agora é Rio Branco. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: É o Acre, é, agora vamos para o Acre. Vamos conversar agora com a Rádio Difusora Acreana de Rio Branco, onde está Leonidas Badaró, bom dia, Leonidas. REPÓRTER LEONIDAS BADARÓ (Rádio Difusora Acreana / Rio Branco - AC): Bom dia, Kátia, bom dia, ministro Samuel, prometo fazer uma pergunta que requeira uma resposta rápida. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Isso Leonidas, por favor. REPÓRTER LEONIDAS BADARÓ (Rádio Difusora Acreana / Rio Branco – AC): Ministro, eu prometo fazer uma pergunta que requeira uma resposta rápida. O “Plano Brasil 2022” prevê uma série de investimentos em várias ações de infraestrutura, alcance social, eu queria a área social. Como é que está sendo pensado nessa questão da área social para a Amazônia, já que aqui requer investimentos diferenciados a populações tradicionais dentro das florestas, que precisam de ações que preservem o meio ambiente, mas que deem condições de desenvolvimento sustentável. Como se pensar nisso na área social para a Amazônia, especificamente? MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Primeiro muito obrigado, Leônidas, estou sempre muito atento ao Acre, porque minha mulher é do Acre, e que você deve conhecer, da família Maia. E de modo que respostas em relação ao Acre têm que ser muito cuidadosas.Além de ela ser uma ambientalista tradicional, de modo que tem que. o seguinte, Leônidas, na questão da Amazônia, e na questão das disparidades regionais, eu acho que o plano deve levar em conta como um dos seus objetivos a redução dessas disparidades. Então nós temos, em primeiro lugar, vamos por partes, a questões do subsolo. Para ter uma ideia, Leônidas, somente 15% do subsolo da região amazônica é conhecido. Então, simplesmente não se sabe o que existe no subsolo da região amazônica, primeiro ponto. Aumentar, dobrar, pelo menos, o conhecimento geológico da região contribui para reduzir a disparidade. Dois, a questão do zoneamento econômico ecológico. Porque o zoneamento econômico ecológico permite definir o tipo de atividade econômica adequado para cada região não é? Três a questão da regularização fundiária. Regularização fundiária nós sabemos que esta é uma questão importante na Amazônia, é essencial até para que se possa ter políticas de crédito, por exemplo. Porque em geral o crédito depende de uma garantia, se a pessoa não é dona da propriedade, ela não pode oferecer uma garantia para o empréstimo. Esse processo de regularização fundiária já está sendo realizado, esperamos que até 2022 tenha sido completado. Depois a questão dos transportes. Na Amazônia os transportes têm uma importância muito grande, porque a região não tem uma rede nem de rodovias, nem de ferrovias adequadas. O transporte é fluvial,principalmente. Nós sabemos da Amazônia, uma grande planície e a sinuosidade dos rios, não é? Às vezes uma cidade pode estar a 14 dias de distância de via fluvial de Manaus, por exemplo. Então é muito importante a questão da aviação regional. Houve uma redução do número de voos das cidades médias e pequenas na Amazônia, por força de regulamentos, extinção de subsídio. Então, uma das metas que nós esperamos que venha a ser incluído no plano, é fazer com que tenhamos serviços aéreos em todos os municípios ou consórcios municipais da Amazônia. Por outro lado, o aperfeiçoamento das hidrovias, o aparelhamento de portos ao longo dos rios navegáveis da Amazônia, também permitirá uma melhor utilização da economia local. Um exemplo recente, também, é a questão da agregação de valor. O presidente acaba de inaugurar as obras de construção de uma grande siderúrgica, se não me engano no Marabá, foi em Marabá anteontem, uma grande siderúrgica. Então, pela primeira vez teremos uma siderúrgica fora dos eixos principais. Isso permitirá gerar empregos, e assim por diante. Atualmente tudo isso tem que ser feito com grande respeito ao meio ambiente, o presidente também esteve agora recentemente em Belo Monte, para a inauguração. Toda a ideia de construção das usinas hidrelétricas nas áreas da Amazônia, utilizando a técnica de plataforma que se usa para a exploração em alto mar de petróleo, não é? Vocês virão que eu não usei a palavra offshore, alto mar, não é? Enfim, que é a técnica de plataforma, se leva os operários para lá, se constrói, e depois não há formação daqueles grandes aglomerados urbanos desorganizados. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro Samuel Guimarães, vamos à Santa Catarina Carina, à Rádio Peperi, de São Miguel do Oeste. Ageu Vieira, bom dia. REPÓRTER AGEU VIEIRA (Rádio Peperi / São Miguel do Oeste – SC): Muito Bom dia, bom dia, ministro. MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Bom dia Ageu. REPÓRTER AGEU VIEIRA (Rádio Peperi / São Miguel do Oeste – SC): Ministro, o governo brasileiro concluiu a implantação do corredor bioceânico ligando os portos de Itajaí, aqui em Santa Catarina, e Antofagasta, no Chile, o trecho que ainda falta, de cerca de 40 quilômetros, está sendo asfaltado pelo governo argentino. Existe um outro projeto, ministro, de implantação de um corredor ferroviário acompanhando a rodovia. O governo argentino, inclusive, essa semana divulgou o pré-traçado prevendo essa ligação. O que o governo brasileiro projeta com relação a esse entroncamento rodoferroviário para o Sul do Brasil, e para o Mercosul, ministro? MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Nós acreditamos que esse plano deve contemplar um esforço muito grande de construção de infraestrutura de toda a América do Sul, não só na área do Mercosul, os países ao sul, mas também digamos, na área amazônica, que é uma questão talvez mais complexa, inclusive onde o número de estradas é muito menor. O plano ainda prevê obras específicas, mas ele prevê a construção, deve prever a construção da interligação ferroviária, rodoviária com os países da América do Sul. Inclusive essa interligação, o corredor ferroviário, até Antofagasta, às vezes os traçados propostos variam, não é? Mas prevê isso certamente, uma questão de grande importância. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro, vamos rapidamente a Alagoas, Rádio Correio e CBN, de Maceió, Gilson Gonçalves, bom dia. REPÓRTER GILSON GONÇALVES (Rádio Correio e CNB / Maceió – AL): Bom dia, ministro. MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Bom dia, Gilson. REPÓRTER GILSON GONÇALVES (Rádio Correio e CBN / Maceió - AL): Ministro, em sete anos e meio, o Governo Federal gastou cinco vezes mais com a reconstrução de assistência para vista de desastres do que com a prevenção deles-- APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Gilson, repete sua pergunta, nós não estamos ouvindo. REPÓRTER GILSON GONÇALVES (Rádio Correio e CBN / Maceió - AL): Ministro. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Pois não. REPÓRTER GILSON GONÇALVES (Rádio Correio e CBN / Maceió - AL): Em sete anos e meio o Governo Federal gastou cinco vezes mais com a reconstrução de assistência para as vítimas de desastres do que com a prevenção deles. De acordo com o texto, entre 2003, e julho deste ano, foram liberados 5,8 bilhões para ações pós-tragédias, e 1,1 bilhão para prevenir enchentes como as que na semana passada destruíram dezenas de cidades em Alagoas e Pernambuco, provocando até agora 45 mortos. Na execução do orçamento deste ano, o ministério desembolsou 70, 6 milhões, o equivalente a 14% do total de recursos disponíveis para aquisição de equipamentos, estabilização de encostas, contenção de erosões, e a realocação de famílias em área de risco. O que fazer, ministro, para diminuir com esses gastos? MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Gilson, muito obrigado pela pergunta. Eu queria fazer um comentário, que é o seguinte. Agora, recentemente, em Alagoas, e no Nordeste, o volume de água que caiu em três dias foi o que deveria cair em um mês. Então é uma, digamos uma irregularidade climática, inundações semelhantes ocorreram há 40 anos atrás, e é uma irregularidade climática. Por outro lado, inclusive, por exemplo, a cidade de Recife não foi atingida devido o número de obras, barragens, reservatórios, que impediu que aquele volume enorme de águas chegasse até o Recife. Nós temos aí duas questões, primeiro é que há toda uma irregularidade climática de precipitação, decorrente talvez um pouco do processo de mudança climática mundial, e que leva a isso, que de repente, um, dois dias, haja precipitação, um volume de água tão grande que não haja como escoá-la. Por outro lado, há pessoas, construções em áreas de risco, construções, naturalmente, de pessoas mais pobres, que são naturalmente, as mais atingidas, como podemos ver na própria televisão, pessoas mais pobres são mais atingidas. Então eu acho que deve haver um esforço significativo de realocação, de identificação dessas áreas de risco maiores, nas encostas principalmente, ao longo de rios, populações ribeirinhas, e acho que deve haver um esforço de regulamentação para proteção dessas áreas. E impedir a construção nessas áreas. É a única forma de se poder, na realidade, reduzir o número de situações desse tipo, que ocorre, eventualmente, por causa dessa irregularidade climática. Mas se as pessoas não estão naquela área de risco, o dano é muito menor. Então toda a regulamentação da ocupação de encostas, a contenção, evitar que as pessoas habitem nessas áreas, naturalmente isso é um problema, inclusive tem a ver com a questão do transporte. As pessoas, às vezes, habitam, no caso do Rio de Janeiro, que eu conheço um pouco melhor, digamos nos morros, chamados normalmente no Rio de favelas, por acaso das dificuldades de transportes, então as pessoas ficam mais próxima do seu local de trabalho. E isso é algo que, digamos, só podemos fazer enfrentando a questão do déficit habitacional e da mobilidade urbana. Na medida em que houver expansão da rede de metrô, da rede de outros, da rede de transportes de superfície, de massa, as pessoas poderão habitar em locais menos perigosos, e isso, então, reduzirá o número de acidentes desse tipo.APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro Samuel Pinheiro Guimarães, muito obrigado por sua participação no programa.MINISTRO SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES: Muito obrigado a você, Kátia, muito obrigado pela oportunidade.APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: E a todos que participaram conosco desta rede, meu muito obrigada e até o próximo programa.